Inglaterra

Extrema direita inglesa ataca imigrantes e incendeia o país

Em Liverpool, fascistas e esquerdistas enfrentaram-se em uma verdadeira batalha de rua. Em Londres, a manifestação da extrema direita culminou em mais de 100 pessoas presas

O Reino Unido vive uma convulsão desde o assassinato de três crianças, esfaqueadas até à morte em Southport, no litoral noroeste da Inglaterra (30km de Liverpool), em um ataque que deixou ainda oito feridos num ataque com faca perpetrado por Axel Rudakubana, jovem autista de 17 anos e filho de pais ruandeses. Ocorrido no último dia 29, o caso foi usado pela extrema direita britânica para impulsionar uma onda de mobilizações radicalizadas contra imigrantes e muçulmanos, com protestos acontecendo em dezenas de cidades do país. Até a manhã do último dia 5, mais de 400 pessoas já haviam sido presas em decorrência dos protestos.

A polícia informou que o ataque não está relacionado ao terrorismo e que Rudakubana nasceu no Reino Unido. Enfrentando acusações de três homicídios, 10 tentativas de homicídio e uma de posse de arma branca, Rudakubana permanecerá em custódia até uma nova audiência marcada para outubro. Isso, no entanto, não impediu o fascismo do país imperialista de agir.

Um dia após o atentado (30), poucas horas após uma vigília em homenagem às vítimas, a extrema direita já realizava seu primeiro protesto, culminando em confrontos violentos ocorridos nas imediações de uma mesquita em Southport. Cerca de 50 policiais ficaram feridos já no primeiro protesto.

A Polícia de Merseyside atribuiu a violência ao grupo Liga pela Defesa da Inglaterra (EDL, na sigla em inglês), chamado”bandidos” pelas forças da repressão. Tijolos foram usados como arma pelos manifestantes, que também incendiaram uma van da polícia.

Já em campanha pela censura na internet, o portal do imperialismo britânico BBC, que na matéria intitulada A onda de violência em protestos na Inglaterra após morte de crianças em ataque a faca (1/8/2024) destacou:

As autoridades locais acreditam que os agressores vieram de fora da cidade, incitados por postagens nas redes sociais [grifo nosso] que incorretamente sugeriram uma ligação islamista com os esfaqueamentos que mataram as crianças.”

A matéria informa ainda como se deu a primeira manifestação, já exibindo padrões típicos da direita ucraniana: 

“O responsável pela mesquita de Southport, Ibrahim Hussein, afirmou que ele e colegas foram ao local para proteger o edifício, mas tiveram que ser levados para um lugar seguro pela polícia. ‘Eles começaram a queimar as cercas e jogar coisas em chamas nas janelas. Quebraram todas as janelas e destruíram as cercas. A raiva foi avassaladora para todos nós’”, disse Hussein à BBC Radio Merseyside.

O superintendente da polícia Neil Holyoak disse considerar “compreensível” que o povo tivesse “sentimentos fortes” sobre o “incidente chocante” em Southport na segunda-feira. Mas ele disse que a “desordem violenta e ilegal subsequente que se desenrolou (em Southport) foi completamente inaceitável e motivada por desinformação“, disse, em nova indicação que a campanha pela censura vai se intensificar no país.

A EDL foi identificada como responsável por convocar os protestos violentos ocorridos em Southport e que logo se espalharam pelo país. Os protestos ocorreram em cidades como Hull, Liverpool, Bristol, Manchester, Stoke-on-Trent, Blackpool e Belfast, com relatos de pedras lançadas nos ataques a policiais, com confrontos recorrentes entre manifestantes e as forças da repressão, além de diversos saques a lojas. Em Liverpool, cerca de mil manifestantes imigração, alguns gritando insultos aos muçulmanos, enfrentaram contra-manifestantes e a polícia.

Nessa cidade portuária, a manifestação fascista ocorreu no dia 28 de julho, reunindo membros do EDL e do partido de extrema direita Britain First. A manifestação começou de forma pacífica, com discursos inflamados contra a imigração e a presença de imigrantes no país imperialista.

Milhares de policiais foram mobilizados para acompanhar a manifestação, que se manteve relativamente pacífica até que, ao final da tarde, a situação se deteriorou rapidamente. A violência eclodiu depois de um grupo que participava num comício antirracismo no exterior do edifício St. George’s Hall (sede dos tribunais da cidade) ter se encontrado com a manifestação anti-imigração no Pier Head. 

Manifestantes da extrema-direita começaram a atacar os contra-manifestantes e a polícia. Pedras, garrafas e outros objetos foram usados pelos fascistas. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e cassetetes. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo manifestantes e policiais, alguns, inclusive, levados às pressas para hospitais, segundo a imprensa britânica. Mais de 50 manifestantes foram detidos por envolvimento em distúrbios e violência na verdadeira batalha de rua em Liverpool.

A polícia descreveu o episódio como uma “desordem grave”, acrescentando que dois tinham sido levados para o hospital – um com o nariz partido e outro com o maxilar partido. Alex Goss, chefe-adjunto da polícia, declarou que “o impacto da desordem será devastador para a população de Walton, mas prometo que estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para prender os envolvidos e levá-los à justiça“.

Na capital britânica, Londres, a manifestação da extrema direita culminou em mais de 100 pessoas presas, após atos igualmente radicalizados. Nessa cidade, os fascistas atacaram com sinalizadores a residência oficial do primeiro-ministro (Downing Street 10) e à estátua de Winston Churchill, enquanto cantavam slogans como “parem os barcos” (em alusão a migrantes indocumentados que chegam ao Reino Unido em barcos) e “salvem nossas crianças”.

Novamente em Liverpool, no sábado, uma biblioteca foi incendiada pelos fascistas britânicos, que voltaram a se confrontar com a polícia nos arredores de uma mesquita. No domingo, os manifestantes incendiaram hotéis utilizados para acolher imigrantes requerentes de asilo no norte de Inglaterra. Um dos hotéis, localizado em Tamworth, já fora criticado por um político local por alojar imigrantes, enquanto o outro fica na cidade de Rotherham.

Em resposta, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu total apoio do governo às forças policiais para combater “extremistas” que tentam “semear o ódio”. Outros protestos menores em diferentes locais não resultaram em violência, porém, com menos de um mês, o premiê trabalhista já enfrenta a maior rebelião social desde 2011 no país.

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