Nos últimos dias foi corriqueiro encontrar na imprensa de esquerda pequeno burguesa e os monopólios de comunicação dos capitalistas certa surpresa com relação ao crescimento da extrema direita no parlamento português.
Com relação à esquerda pequeno-burguesa isso se dá por causa de sua incapacidade de compreender a realidade tal qual como ela é por uma questão de classe e de método de análise, por sua ótica de observar o mundo verificar fielmente possibilidade de saída dessa situação de ascensão da extrema direita na sua vinculação com a burguesia neoliberal. Essa esquerda pequeno burguesa compra o discurso falacioso da possibilidade de fuga dos extremos, como se pudesse reverter artificialmente esse quadro de polarização em que nos encontramos.
Já em se tratando dos veículos de comunicação da burguesia, isso se dá por mera demagogia. Por um lado a própria burguesia a nível mundial está se deslocando para extrema direita e por outro o próprio programa neoliberal e imperialista implementado por essa burguesia provoca um deslocamento de frações da sociedade para outro segmento social comandado também pela burguesia, ou seja, para a extrema direita.
Os resultados das eleições para a Assembleia da República em Portugal foram as seguintes: o partido de extrema direita Chega, que obteve 7% dos votos e 12 parlamentares nas últimas eleições em 2022, saltou para 18,7% esse ano e 48 deputados em 2024.
O Partido Socialista saiu de 117 deputados, com 41,37% dos votos em 2022, para 70 parlamentares e obtendo 28,6% dos votos, perdendo a posição de maior força política no parlamento para a AD.
AD nas eleições de 2022 obteve 27,67% dos votos e teve 72 parlamentares. Esse ano conseguiu 79 cadeiras e tirou 29,49% dos votos, tornando-se a maior força no parlamento.
Queda no número de abstenções, que foi em 2022 de 48,54%, para 33,77% em 2024. O que significa que as pessoas saíram para ir às urnas para dar seu apoio a extrema-direita.
A linha política do Partido Socialista em Portugal é a tradicional linha da esquerda pequeno burguesa acoplada ao imperialismo e aos neoliberais. Apoio a retirada de direito dos trabalhadores em nome da estabilidade política dos regimes políticos dos países europeus, favorável as aventuras belicistas do imperialismo como nos casos da Ucrânia contra os russos e de Israel contra os palestinos, etc.
Muito provavelmente veremos a formação de uma coalizão de governo em Portugal constituída pela direita neoliberal e a extrema-direita, esta última se tornando em uma força crucial para constituição do governo no parlamento, assim como tem acontecido em diversos países e em muitos casos importantes (como Itália, Holanda, Hungria, etc.), assumido a dianteira dos governos.
A situação europeia vem demonstrando dia após dia o processo de deterioração do sistema capitalista. É preciso acompanhar esse processo cada vez de forma mais próxima, para retirar as orientações políticas corretas que permitam uma constituir uma alternativa que desagregue os setores populares que se acoplam à extrema-direita e enterrar de uma vez por todas a direita neoliberal.