As arbitrariedades cometidas contra o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) escancaram, uma vez mais, a realidade que a esquerda brasileira se recusa a enxergar: o Brasil vive sob uma ditadura.
Na última sexta-feira (20), Braga foi preso por participar de uma manifestação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Já é criminoso, em si, prender alguém por participar de ma manifestação. Mais criminoso ainda é o fato de que um deputado federal não poderia ser preso sob essas condições – a única forma de prisão prevista para um parlamentar é aquela em que há caso flagrante de cometimento de um crime.
Os direitos democráticos foram completamente para o saco. Se ninguém mais pode protestar quando uma medida impopular como o corte de bolsas é implementada, então seria mais honesto se o Estado falasse abertamente: o regime é uma ditadura e seus governantes não governam para o povo. Se um deputado federal pode ser preso por qualquer motivo, vale o mesmo recado: na “democracia” brasileira, só pode exercer suas atividades os deputados que são amigos dos poderosos.
Não é a primeira arbitrariedade cometida contra Glauber Braga. O deputado hoje é vítima de um processo que poderá levar à sua cassação na Câmara dos Deputados. O motivo? “Quebra de decoro” por ter dado uns pontapés em um provocador da extrema direita.
O senhor Arthur Lira (PP-AL) e seus colegas ignoram – o mais correto seria dizer que não ligam – o fato de que a atividade parlamentar deve ser livre, para que o povo possa ser de fato representado.
Qualquer pessoa, ao ver a situação brasileira, diria o óbvio: o Estado está sendo utilizado para perseguir pessoas que estão em contradição com os interesses dos políticos que controlam o Estado. Glauber Braga, por exemplo, se posicionou ao lado dos estudantes da UERJ – e justamente por isso foi preso. Ele tem protagonizado alguns embates, ainda que secundários, com o presidente da Câmara – e por isso corre risco de ser cassado.
Essa situação, no entanto, não é nova. Ela já foi estabelecida com o golpe de Estado de 2016 e vem se fortalecendo, na medida em que ganha apoio da grande imprensa e da esquerda pequeno-burguesa. Para a esquerda brasileira, enquanto o Estado cometia arbitrariedades contra a extrema direita, não havia problema algum. Por isso, apoiou barbaridades como a prisão de deputados, como Daniel Silveira (PTB), preso por gravar um vídeo ofendendo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, apoiou barbaridades como a criação de crimes de. opinião, como a “Lei da homofobia”.
Os casos contra Glauber Braga deve servir uma vez mais de alerta de que a esquerda segue o caminho errado. A censura “do bem” não está servindo para frear a extrema direita. Pelo contrário, está apenas permitindo não só a censura, como a repressão de conjunto à esquerda.