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Ricardo Rabelo

Ricardo Rabelo é economista e militante pelo socialismo. Graduado em Ciência Econômicas pela UFMG (1975), também possui especialização em Informática na Educação pela PUC – MINAS (1996). Além disso, possui mestrado em sociologia pela FAFICH UFMG (1983) e doutorado em Comunicação pela UFRJ (2002). Entre 1986 e 2019, foi professor titular de Economia da PUC – MINAS. Foi membro de Corpo Editorial da Revista Economia & Gestão PUC – MINAS.

Coluna

Eleições na Venezuela: os desafios da revolução bolivariana

"As eleições venezuelanas que serão realizadas em julho sofrem pesada pressão do imperialismo norte-americano e europeu"

As eleições venezuelanas que serão realizadas em julho sofrem pesada pressão do imperialismo norte-americano e europeu. Tradicionalmente, desde que patrocinou um golpe militar contra o Governo de Chaves em abril de 2002, os Estados Unidos, com fidelidade canina dos europeus, tentam desestabilizar o governo anti-imperialista venezuelano. Ao contrário do restante da América Latina, o regime bolivariano depurou totalmente as reacionárias forças armadas venezuelanas e organizou e armou o povo para enfrentar as intentonas tramadas pelo imperialismo com apoio furioso e fascista da burguesia “compradora” venezuelana. 

Com a morte de Chaves e a eleição do governo Maduro, os Estados Unidos dispararam uma artilharia de sanções comerciais, militares e políticas contra a Venezuela e tentaram duas intentonas fracassadas. A primeira, uma mobilização de rua em 2019, que utilizou de métodos truculentos que incluía queimar vivos membros do Partido Socialista Unificado da Venezuela e a segunda patrocinada pelo governo Trump, a imposição de um autonomeado presidente Juan Guaidó, que roubou as reservas Venezuelanas no exterior e por contra própria tentou duas invasões externas da Venezuela, uma com apoio de países latino-americanos que incluía o Brasil, e outra com ajuda de mercenários e apoio da CIA. 

A oposição de direita, após a derrota de Capriles em abril de 2013, nunca conseguiu ter uma estratégia eleitoral unificada para tentar derrotar Maduro. Agora, em 2024, esta oposição, diante de um novo processo eleitoral, ficou ainda mais fragmentada, tendo lançado 12 candidatos com posições politicas diferenciadas. Os Estados Unidos elegeram Marina Corina Machado, que tem origem na corrupta burguesia venezuelana e com uma trajetória de extrema-direita golpista, como candidata “popular”. Com vários crimes contra o país e uma total subserviência aos Estados Unidos, ela foi vetada pelo Conselho Eleitoral venezuelano. Espertamente, lançou para substituí-la uma homônima – Corina Yoris, de mais de 80 anos. A divulgação de que ela também teria sido vetada não é verdade, pois era possível a inscrição por vias administrativas, que não consta que foi tentada. Há relatos também que dão conta de um possível golpe do UNT, que inscreveu a candidatura de Manuel González, mas que fazia parte da Plataforma Unitária Democrática, que havia escolhido Corina Yoris. 

 Há uma discussão tensa sobre uma candidatura unitária e até mesmo o caminho a ser tomado pela oposição. Os períodos previstos pelo calendário eleitoral passaram sem que a oposição consiga chegar a um acordo. Os partidos do chavismo estão unidos em torno da candidatura de Nicolás Maduro. Os Estados Unidos estabeleceram a exigência de que Corina fosse indicada até 30 de janeiro. Como o prazo imperial não foi cumprido, voltaram a sancionar o país. O chavismo é a principal força política do país e o PSUV é a maior organização política do país. Se a unidade oposicionista se confirmar, o partido e a coalizão que o apoia terão que fortalecer sua campanha e diluir ainda mais o descontentamento existente com base na sua plataforma eleitoral denominada de Sete Transformações. São transformações que reafirmam o ideário da revolução bolivariana. São elas: 

  1. Soberania Econômica: Enfatiza a necessidade de fortalecer a economia venezuelana, reduzindo a dependência de importações e promovendo a produção nacional, buscando alcançar maior autonomia econômica para o país.
  2. Desenvolvimento Tecnológico: Propõe investir em pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico. O avanço tecnológico é crucial para o progresso da Venezuela em áreas como saúde, educação e indústria.
  3. Justiça Social: Defende políticas que visam reduzir as desigualdades sociais. Promete expandir programas sociais, melhorar o acesso à saúde, educação e habitação, e garantir que os benefícios alcancem todos os estratos da sociedade.
  4. Proteção Ambiental: Compromisso com a preservação do meio ambiente. Propõe medidas para enfrentar questões como mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais.
  5. Democratização Participativa: Busca fortalecer a participação cidadã na tomada de decisões. Promete promover consultas populares, assembleias comunitárias e outras formas de envolvimento direto dos cidadãos na política.
  6. Segurança e Paz: Enfatiza a necessidade de combater a violência e o crime organizado. Propõe estratégias para melhorar a segurança pública, proteger os cidadãos e promover a paz no país.
  7. Independência Nacional: Reafirma a importância da independência e soberania da Venezuela. Busca fortalecer as relações internacionais do país com base no respeito mútuo e na não ingerência nos assuntos internos

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A ampliação da “frente unida” internacional contra a Venezuela

Não se sabe ainda como o imperialismo reagirá à inviabilização sua candidata Maria Corina Machado, além denuncia da violação do Acordo de Barbados e implementação de novas “sanções”. O Partido Republicano exige o retorno à política de pressão máxima contra a Venezuela. A questão é certamente fará parte da campanha eleitoral americana. Na região, em sintonia com a Casa Branca, entre outros, os governos do Paraguai, Uruguai e Argentina se manifestaram firmemente. O papel do Brasil neste imbróglio foi muito negativo. O governo Lula interveio criticando a não inscrição de Corina Yoris, sem tomar do conhecimento do que realmente ocorreu. Certamente que a ABIN, agência nacional de “inteligência”, mostrou novamente sua burrice. China e Nicarágua muito inteligentemente exigiram o fim da interferência do imperialismo na Venezuela. 

De qualquer forma, tudo isso fortaleceu a posição do imperialismo no solapamento da legitimidade do processo eleitoral venezuelano. É provável que Corina seja transformada em uma nova Guaidó com a Casa Branca empreendendo um cerco diplomático contra a Venezuela como um passo preliminar para outras ações. A participação popular e o tratamento correto das contradições do campo revolucionário serão vitais tanto para a defesa dos resultados eleitorais quanto para a preservação da soberania nacional.

A desestabilização em Marcha 

O Estado venezuelano está investigando vários planos de desestabilização e ações destinadas a derrubar o governo bolivariano. Já em dezembro, o Comando Sul realizou exercícios militares com a Força de Defesa da Guiana em território da Guiana. Em fevereiro de 2024, o Chefe da Força Aérea do Comando Sul dos EUA, General de Brigada Evan L. Pettus, visitou a Guiana para discutir questões operacionais da aliança militar entre esses países. Além disso, em flagrante violação do Acordo de Argyle, o presidente Irfan Ali reconheceu a formação de uma coalizão militar para enfrentar a Venezuela. Da mesma forma, nos últimos dias, o Governo da Guiana adquiriu aeronaves militares Dornier 228, o que reafirma que o país continua seus preparativos militares. É irrefutável que a Venezuela enfrenta sérias ameaças político-militares. 

Recentemente o governo venezuelano denunciou a prisão de duas pessoas armadas em um evento em que estava presente o Presidente Maduro. Os presos eram integrantes do partido de Corina Machado e mostra que outras vias podem ser tentadas pela oposição. Por outro lado, as guerras no Leste Europeu e na Ásia Ocidental têm enorme impacto na geopolítica, no mercado mundial de petróleo e, consequentemente, condicionam as decisões da Casa Branca em relação à Venezuela. É um ano eleitoral para os EUA, e o Partido Democrata entende a importância do tema por causa de seu impacto na economia dos EUA. No contexto atual, os acordos de comercialização de hidrocarbonetos com a Venezuela são de extrema importância para as potências ocidentais e, especialmente, para o planejamento energético dos EUA. No entanto, no cenário de um eventual triunfo de Donald Trump, aumentam as chances de um retorno à política de pressão máxima contra a Venezuela.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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