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EUA

Uma política que serve apenas à CIA

Críticas reacionárias mascaram falta de compromisso de ditos "comunistas" com a luta contra o imperialismo, que por meio de críticas tolas, defendem a ditadura mundial

O órgão do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, o sítio Em Defesa do Comunismo, publicou o texto Sobre o chamado “Partido Comunista Americano” (ACP) (30/7/2024), criticando a Declaração do Partido Comunista Americano (ACP, na sigla em inglês), apresentado pelo sítio brasileiro como “uma agremiação totalmente pequeno-burguesa, liderada por streamers do pequeno empresariado, oportunistas políticos e ex-funcionários do Estado, incorporando algumas das tendências mais perturbadoras e prejudiciais que obstruem a reconstituição do partido comunista nos EUA”. A matéria do PCBR não entra nos detalhes, mas dá um interessante indício do motivo que os leva a apresentar o ACP desta forma: o compromisso da luta anti-imperialista da agremiação norte-americana.

“Esse novo ‘partido’ é uma agremiação totalmente pequeno-burguesa, liderada por streamers do pequeno empresariado, oportunistas políticos e ex-funcionários do Estado, incorporando algumas das tendências mais perturbadoras e prejudiciais que obstruem a reconstituição do partido comunista nos EUA — carreirismo, individualismo, dependência excessiva de formas online de recrutamento e organização, condescendência com as tendências mais retrógradas da sociedade, promoção e aceitação de posições reacionárias e alienantes (por exemplo, ‘socialismo patriótico’ e ‘comunismo MAGA [‘Make America Great Again’]’) e apoio a líderes anticomunistas como Nicolás Maduro e Vladimir Putin [grifo nosso]”.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, tem sido um dos principais organizadores da resistência contra a ditadura imperialista na América Latina, enfrentando, nesse momento, a mais contundente e organizada tentativa de golpe orquestrada pelos Estados Unidos contra seu país desde 2002. Para uma organização que leva a luta de classes a sério, a mera constatação dos envolvidos na disputa, EUA e Maduro, não deixam a menor margem para dúvidas sobre quem os trabalhadores devem apoiar e, em se tratando do governo norte-americano, com a máxima energia. O fato de o PCBR unir-se ao imperialismo norte-americano e criticar uma organização que apoia quem luta contra a ditadura dos monopólios é, em si, uma demonstração eloquente do quanto o partido brasileiro de comunista, só tem o nome.

A que o PCBR faz do imperialismo, finalmente, leva a agremiação a outro ato grotesco, traduzido no ataque ao líder russo, Vladimir Putin. O presidente da Rússia enfrenta uma guerra aberta contra a OTAN, o braço militar do imperialismo, responsável por arrasar a Ucrânia, mas, para o partido brasileiro, a postura louvável do governo Putin, de enfrentar de armas na mão a aliança bélica imperialista, não apenas é indigna de admiração, como é criticável.

Com o presidente Putin, a Rússia tem se posicionado como dos mais importantes opositores da ditadura mundial, ao mesmo tempo, enfrentando militarmente as potências imperialistas, expondo sua debilidade crescente e ainda, articulando a luta internacional em outras frentes capazes de acentuar a crise dos governos europeus e norte-americano. Enaltecê-lo pela luta contra o pior inimigo do proletariado é o mínimo a ser feito por uma organização que se pretenda comunista, atenta aos ensinamentos de Marx e Engels e que tenha a luta de classes como base para se orientar. Atacar Putin no momento em que uma luta dessa envergadura se trava, é fechar os olhos para a luta contra o imperialismo e adotar uma postura que, na prática, favorece os interesses dos dominadores.

Não contentes com seu festival de direitismo, a nota de Em Defesa do Comunismo prossegue:

“O ACP junta-se à profundamente anticomunista e oportunista Plataforma Mundial Anti-Imperialista (PMAI) como outro grupo fundamentalmente reformista que defende a teoria da multipolaridade. Em vez de lutar pela revolução, seu verdadeiro objetivo é subjugar os trabalhadores e o povo deste país a setores da burguesia nos EUA que supostamente estão interessados na retomada da produção nacional e à burguesia de outros países. Para esse fim, esses charlatões cooptam a retórica de Donald Trump, de ‘trazer empregos de volta para a América’, e o disfarce ideológico do bloco imperialista eurasiático para a ‘defesa dos valores tradicionais’. Sua máscara de ‘socialismo patriótico’ é projetada para atrair a base do Partido Republicano nos EUA como um suposto baluarte da classe trabalhadora, remontando aos dias de Browder e da Frente Popular, e recorrendo a símbolos e tradições modernas e históricas dos EUA com slogans como ‘O Comunismo é o Americanismo do Século 20 (21)’. O Midwestern Marx Institute, agora convergindo com as vozes do ‘comunismo MAGA’, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento desse quadro político-ideológico, utilizando da obra de Georgi Dimitrov, tentando dar ‘conteúdo socialista a uma forma nacional’, um ‘socialismo com características americanas’. Essa abordagem repete erros do passado enquanto obscurece sistematicamente os motivos da burguesia e distorce a realidade, apresentando o conservadorismo e a virada reacionária do capital como progresso. No entanto, também se mostrou eficaz em influenciar os jovens, que muitas vezes carecem de conhecimento histórico e experiência de classe.”

A crítica apresentada pelo PCBR nos parágrafos citados revela uma posição profundamente pró-imperialista, atacando líderes que têm se destacado pela sua resistência ao imperialismo global. As acusações de que a Plataforma Mundial Anti-Imperialista (PMAI) é “reformista” e “oportunista” é outra crítica sectária, que se apega a divergências insignificantes e despreza a grandeza da luta, o que revela o deslocamento acentuado à direita, colocando o artigo em uma posição mais direitista do que as organizações apontadas como “fascistas”, notadamente, “Aleksandr Dugin, James Porrazzo (American Front, Nova Resistência) e Raphael Machado (Nova Resistência Brasil)”, e o Coletivo Infrared, entre outros seguidores da “Terceira/Quarta Teoria Política”.

A PMAI é um fórum que apoia as lutas contra o inimigo mais importante dos trabalhadores: o imperialismo. Ao criticar a PMAI por “condescendência com tendências retrógradas” e associá-la erroneamente com ideologias reacionárias, o PCB-RR demonstra um profundo desconhecimento ou uma deliberada má fé.

O PCBR acusa o ACP e a PMAI de reformismo e oportunismo, mas demonstra, em sua crítica, um alinhamento com o imperialismo que fazem o partido ir além em ambos os casos. A verdadeira luta contra o imperialismo exige reconhecer e apoiar aqueles que efetivamente, estão na linha de frente contra a opressão global.

A posição do PCBR é reacionária e favorável ao imperialismo, mascarando sua falta de compromisso com a luta de classes verdadeira, contra o imperialismo, por meio de críticas tolas a líderes e movimentos que desafiam a ditadura imperialista. Defender Maduro e Putin não é apoiar reacionarismos, mas ao contrário, é apoiar a polarização e o enfrentamento contra o inimigo fundamental. A luta anti-imperialista não pode ser conduzida por elementos que, de maneira velada, apoiam o pior adversário dos trabalhadores, exatamente o que o PCB-RR faz.

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