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Ministério Público Federal

Condenar BB por ‘tráfico negreiro’ é uma política do imperialismo

Os opressores sempre se utilizam de métodos de defesa de alguma questão que sensibiliza a opinião pública para atingir os seus reais objetivos.

O Ministério Público Federal (MPF), não satisfeito com o pedido de desculpas feita pela direção do Banco do Brasil, no que se refere à acusação de que o banco teria se beneficiado, no século XIX, com o tráfico negreiro, resolve que não basta o pedido de desculpa, e quer impor maiores retaliações ao maior banco público do País. 

Os procuradores federais, em novo despacho, defendem o aprofundamento da reflexão sobre a “tarefa imprescindível de reparar”, e consideram que as iniciativas do banco ainda não atendem ao propósito da reparação, pois são limitadas no tempo e não enfrentam problemas estruturais.

Essa determinação é um verdadeiro absurdo e, o pior de tudo, é que a esquerda cai nesse conto do vigário, de que tal determinação se trata de uma política de defesa dos Direitos Humanos, de reparação, etc. 

A ação contra o BB nada mais é que uma política defendida pelo imperialismo, principalmente o norte-americano, ou seja, a chamada “cultura woke“, mais conhecida no Brasil como identitarismo, que visa a atacar a cultura nacional, o seu patrimônio e a história nacional. 

O Banco do Brasil tem uma história bicentenária, foi uma alavanca fundamental para o desenvolvimento do País, e  sobreviveu a vários solavancos da economia desde o Brasil colônia, exercendo nos dias de hoje exerce um papel social fundamental na política nacional. 

Agora: para quem serve essa política de desmoralizar esse gigantesco patrimônio nacional!?

Todo mundo sabe que os opressores sempre se utilizam de métodos de defesa de alguma questão que sensibiliza a opinião pública para atingir os seus reais objetivos. O exemplo mais recente é o que está acontecendo hoje na Faixa de Gaza, onde o imperialismo, para manter a sua dominação no Oriente Médio através do genocídio do Povo Palestino, justifica-se através da “luta” contra o “terrorismo” da resistência do Hamas, ou mesmo com a justificativa de defesa da “democracia”, pela qual o imperialismo matou mais de 1 milhão de afegãos com a invasão norte-americana no Afeganistão. Poderíamos elencar milhares de exemplos, mas a questão do Banco do Brasil é uma forma em miniatura dessa mesma questão.

Na tentativa de liquidar com um patrimônio nacional, nada melhor que utilizar a questão da “opressão” do povo negro. E, para isso, se utilizam de pseudos historiadores para tentar desmoralizar a história da colonização no Brasil e, nesse sentido, habitualmente caracterizam que a chegada das embarcações portuguesas, capitaneadas por Pedro Álvares Cabral, como sem importância ou de menor relevância, sendo que tal fato é um processo de importância colossal para a história da humanidade. Vomitam asneiras, em coro com a esquerda pequeno burguesa nacional, de que a história nacional é a história de mais de 500 anos de opressão, exploração, espoliação nacional, etc. Consideram que a história nacional resume-se a apontar que são 500 anos de sofrimento do povo negro, do índio etc. – dando a impressão de que melhor teria sido que o País sequer existisse – ocultam, detrás de denúncias demagógicas, qualquer interpretação revolucionária da história do País. 

Querem fazer com o Banco do Brasil o mesmo que fazem em relação ao papel dos bandeirantes na história nacional, sendo que, no que concerne à opressão à população brasileira, a sua participação mais agressiva durou algumas décadas, período em que eles escravizaram centenas de milhares de indígenas a mando dos senhores de terra, que foram os reais responsáveis pelo ataque à população nativa, ou seja, indo no mesmo caminho, a instituição Banco do Brasil, na época imperial, não foi o responsável pelo papel dos seus acionistas majoritários, proprietários de escravos que realizavam o tráfico negreiro. Porque será que, ao invés de criminalizar o BB, esses inquisidores não busquem culpar os herdeiros da família imperial Orléans e Bragança que, inclusive, residem no Brasil até hoje. 

Uma das coisas que chama a atenção é que, ao mesmo tempo em que condenam o BB por uma obra dos “opressores cruéis”, são incapazes de defender para o Brasil atual um salário mínimo que permita ao povo viver como seres humanos.

A justificativa desses pseudo historiadores em relação ao papel do BB no processo da colonização brasileira é uma compreensão às avessas da história, nacional e de toda a humanidade.

Reduzir o processo histórico a um mero processo de violência e espoliação constitui uma notável barbárie intelectual que nada tem de revolucionário, menos ainda de original. Em o Capital, Marx fez a descrição da violência com que a burguesia construiu o seu domínio sobre o globo. O fez para demonstrar que os mitos burgueses da igualdade de oportunidades, do enriquecimento pelo mérito e as teorias racistas sobre a superioridade moral dos europeus ocultavam apenas uma baixeza sem precedentes no esmagamento das indefesas populações coloniais. A história não é boa nem má. Também não é como nas fábulas de Esopo e La Fontaine, uma narrativa com substrato moralizante. A constituição de uma nova civilização na América foi, neste sentido, mesmo tendo sangue e violência em sua história, um dos fatos mais revolucionários da história da humanidade. A integração do mundo em um único mercado mundial pelo capitalismo estabeleceu as condições para integração posterior de toda a humanidade em um planeta sem fronteiras, que será o socialismo.

A história do Brasil é composta de mais de 500 anos de uma das mais revolucionárias histórias de todos os países do mundo. Mais do que oprimidos e explorados, os brasileiros marcaram a sua existência como oprimidos e explorados que reagiram – literalmente em milhares de oportunidades – à opressão e à exploração com métodos revolucionários. Este Brasil, “vermelho até no nome”, conforme assinalava corretamente, o hino dos revolucionários de 35, é, mais do que o Brasil de uns colonizadores, o Brasil dos explorados que tomaram em suas mãos o seu destino para se levantar em armas contra o opressor de todas as nacionalidades, mas invariavelmente das classes capitalistas. Será conveniente lembrar a bravura de um Zumbi contra a ordem escravagista ou a audácia de um João Cândido, que se liderou a revolta de marinheiros negros a ponto de ditar os termos de rendição do presidente Hermes da Fonseca e do Congresso Nacional sob a mira do canhão?

Essa política de reparação e condenação ao Banco do Brasil é uma cortina de fumaça aos olhos dos trabalhadores e da população brasileira, com a finalidade de encobrir a realidade dos fatos atuais.  

É bom lembrar que esses setores da esquerda, que defendem a política de reparação, é o mesmo que defende a política de conciliação com a direita e, indiretamente, até mesmo com a extrema direita, setores políticos estes que defendem o salário mínimo de fome, e clamam pela prisão de uma das lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) quando este afirma que, se as coisas continuarem como estão no campo, as ocupações de terra irão escalar.

Essa política de ataque ao Banco do Brasil não vem por acaso. Ela é parte dessa política imperialista identitária que, no fundo, tem o objetivo de impedir a verdadeira luta real do povo negro no Brasil. Nesse sentido, até mesmo a própria luta sindical estará ameaçada.

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