Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Cinema e Política

Calcutá, de Louis Malle, retrata o sofrimento no capitalismo

Filme é documento sobre o sofrimento humano no capitalismo

Em 1969, o cineasta francês Louis Malle visitou a cidade de Calcutá, no estado de Bengala, na Índia, para retratar a vida local.

A visita deu origem a um documentário que mostra de maneira crua a vida subumana da maioria dos habitantes da cidade naquele momento.

Calcutá tinha oito milhões de habitantes e uma economia precária, baseada no extrativismo e na agricultura. Ela surgiu em 1690 como um entreposto comercial durante uma das colonizações mais brutais que o império britânico impôs e que só terminou em 1947.

Em 1943, durante a II Guerra Mundial, o estado de Bengala viveu um dos períodos mais duros de sua história: a fome matou cerca de cinco milhões de pessoas. A causa foi o imperialismo britânico: para garantir o arroz necessário para suas tropas no front, Churchill não hesitou em matar milhões de indianos de fome. Algo que pouco se discute nos dias de hoje.

Com a independência, as coisas não melhoraram. A exploração capitalista continuou a parasitar os indianos terrivelmente. Uma civilização com história de quatro mil anos foi subjugada e expropriada de seu futuro e de sua dignidade. Os humanos ali vivendo foram tratados como descartáveis.

O filme mostra como a cultura popular resiste a esse estado de coisas. O estranhamento está no choque entre as práticas religiosas e culturais em um ambiente urbano que se impõe por imitar o moderno ocidental. 

Ainda em 1968, havia muita fome e racionamento. O filme vasculha as favelas, os campos de leprosos, os banhos nos rios, os crematórios, a precarização do trabalho, os cortiços absolutamente insalubres, a falta completa de condição minimamente humana de existência em pleno século XX.

Em certos momentos, a câmera de Malle parece que testemunha pessoas presas em campos de concentração nazistas. As imagens parecem as mesmas. Seu olhar é europeu e seu filme é feito para esse público. 

É importante lembrar que o movimento pseudo esquerdista na Europa e nos EUA dos anos 1960 que dá origem aos hippies, o paz e amor, partia de uma idealização da cultura indiana, do haxixe, do hinduísmo e do budismo. Os Beatles visitaram gurus naquele país.

No meio dessa tragédia, o mundo vivia uma convulsão muito parecida com a que está escalando hoje em dia. O filme deixa a câmera como a testemunha do horror vivido pela população de Calcutá.

Hoje, não dá mais para ler essa tragédia indiana como um aspecto de seu subdesenvolvimento. Nem as tragédias semelhantes que assolaram e assolam o mundo todo. Os termos terceiro mundo, mundo em desenvolvimento, países subdesenvolvidos apenas jogam nas costas dos explorados o custo de sua exploração.

É uma espécie de classificação identitária que estabelece um destino mítico aos povos não europeus associando características culturais e étnicas ao seu fracasso. Esconde o fato de que o subdesenvolvimento é um projeto político imperialista, fartamente documentado e posto em prática pela ajuda absolutamente necessária dos nazistas, pelegos e hippies locais.

Isso também aconteceu e ainda acontece no Brasil. Segundo o governo, mais de 25 milhões de pessoas começaram a comer alguma coisa do ano passado para cá. Do ano passado para cá.

Qualquer posição política que relativiza o imperialismo contribui com a destruição de populações, fomenta as guerras, a fome e o subdesenvolvimento.

O filme pode ser assistido no YouTube.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.