Alguns grupos nacionalistas como a Nova Resistência têm propagado uma análise incorreta acerca do ditador salvadorenho, Nayib Bukele. O principal argumento deles seria a questão de sua relação com o imperialismo. Acreditando que Bukele seria alguém o qual o imperialismo vê com maus olhos,
Nayib Bukele é mais um dos ditadores apoiados pelo imperialismo norte-americano e mundial para tomarem conta dos países latino-americanos, enquanto outras regiões geográficas, como o Oriente Médio e a Rússia, estão criando problema para essa dominação imperialista.
Isso se revela também nas ações tomadas pelo ditador no que diz respeito aos direitos democráticos da população salvadorenha e as finalidades de suas ações. A própria fraude eleitoral promovida por Bukele já é um demonstrativo do caráter golpista de seu regime.
Sobre a vitória eleitoral de Bukele, muitos enxergaram os números altos de sua votação como uma confirmação de sua popularidade. No entanto, nenhum desses números é confiável. A ditadura fascista instalada por Bukele em El Salvador promoveu a prisão de milhares de pessoas, principalmente jovens, sob o pretexto da luta contra o crime organizado. No entanto, o que se tem de fato no país é um Estado de Sítio, desde o ano de 2022. Essa é a verdadeira razão de sua aprovação aparecer inflada nas pesquisas da burguesia: todos os opositores de Bukele estão encarcerados e seu governo é, efetivamente, uma ditadura que não permite discordância.
No que diz respeito ao problema dos encarceramentos em massa, eles se justificam por uma suposta diminuição no uso de drogas em El Salvador, o que é absurdo. Se fosse fato que colocar todos na cadeia tem algum efeito sobre a guerra às drogas, países como Estados Unidos e Brasil, que lideram o número de encarcerados por tráfico e porte de drogas no planeta, não teriam nas suas ruas nenhum drogado. No entanto, qualquer pessoa que tenha algum conhecimento da situação de ambos os países sabe que a realidade está muito longe disso. Com relação a El Salvador, não se pode dizer com certeza. Em uma ditadura como a de Bukele, as estatísticas divulgadas não são confiáveis e, mesmo que sejam, a repressão, prisão, perseguição e assassinato de toda uma população para a diminuição do uso de drogas é um preço inaceitável a se pagar.
A questão do uso de drogas não é um problema policial, mas sim social. Em um país em que a maior parte da população vive uma vida de miséria (como é o caso de El Salvador), o uso de drogas tende a se generalizar e é um problema gigantesco entre a população mais pobre. A solução, no entanto, não passa por perseguir a população e encarcerá-los, mas sim por melhorar as suas condições de vida para que o povo não mais se sinta esmagado pelas contradições do capitalismo e veja nas drogas uma saída para sua miséria. Na realidade, a solução final para o problema das drogas é apenas a revolução proletária.
No que diz respeito aos direitos democráticos da população, no entanto, é necessário defender a legalização de todas as drogas e a soltura imediata de todos os presos por crimes relacionados com esse tema. Trata-se de um crime meramente moral e que sequer deveria existir. A melhor forma de coibir a formação de grupos criminosos e impedindo o seu financiamento e a legalização das drogas é a única ação que vai nesse sentido.
O discurso de “perseguição ao crime organizado” é apenas uma desculpa usada por Bukele e impulsionada pelo imperialismo para transformar o regime de seu país em uma ditadura que persegue e aterroriza a população.
Nesse sentido, é preciso desmistificar, também, a ideia de que Bukele seria perseguido ou caluniado pela imprensa capitalista mundial. O fato é que, observando as matérias escritas pelos jornais da burguesia nacional e internacional, é possível ver que a vitória de Bukele foi celebrada por todos eles. A única ressalva colocada por esses órgãos é de que Bukele teria que ser contido para não escapar ao seu controle. Para o imperialismo mundial, seria melhor se essa ditadura pudesse ser administrada por membros da direita tradicional, mas, sendo necessária a mão firme de um líder fascista, eles apoiarão na medida de sua conveniência.
É preciso, portanto, ter clara a caracterização de que a reeleição fraudulenta de Bukele é apenas mais uma etapa do aprofundamento da ditadura mundial que o imperialismo coloca sobre os países latino-americanos. Na maior parte dos países da América Central e da América do Sul, há países governados por ditadores golpistas ou há golpes em andamento, levados adiante pelos EUA e associados. A próxima etapa promete ser de um endurecimento do regime em todos esses países.
