Na última terça-feira (6), a meia dúzia de delinquentes políticos que decidem a política monetária do Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgou a ata de sua reunião, ocorrida nos dias 30 e 31 de junho. Nela, consta que todos os integrantes da instituição concordam em aumentar os juros, caso seja “necessário”, diante dos “riscos” inflacionários. Em tom alarmista, o uso da palavra “risco” passou de seis, na ata da reunião do Copom de junho, para 11, na de julho.
Risco para quem? Necessidade para quem? A preocupação do Banco Central, como se sabe, não é com a inflação que corrói o poder de compra dos trabalhadores, mas sim com a manutenção dos privilégios e dos lucros exorbitantes dos grandes bancos. É por isso que o Banco Central se tornou “independente”: para que se tornasse completamente independente dos poderes estabelecidos pelo voto popular e que, portanto, se tornasse um instrumento direto do grande capital sobre a economia brasileira. Ao invés de promover políticas que incentivem o crescimento econômico e a geração de empregos, o Banco Central tem como maior missão manter os juros nas alturas, sufocando a economia e penalizando ainda mais os trabalhadores.
Os analistas do mercado financeiro, sempre prontos para defender os interesses do capital, já começam a pedir um aumento da Selic em setembro. O cenário descrito pelo economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, e por Mario Mesquita, do Itaú Unibanco, é claro: se o dólar continuar valorizado e a inflação não der sinais de recuo, Campos Neto e seus asseclas estarão prontos para agir, elevando ainda mais os juros.
A política de juros altos adotada pelo Banco Central sob a gestão de Campos Neto é uma política de terra arrasada. Não há justificativa econômica plausível para manter a taxa de juros em patamares tão elevados, a não ser a perpetuação do controle dos banqueiros sobre a economia. Nada disso é novo. O que merece atenção, no entanto, é o fato de a burguesia, depois de meses sem aumentar a pornográfica taxa de juros, está agora preparando o terreno para um novo aumento.
A primeira coisa que salta à vista é a fragilidade do governo Lula. Até pouco tempo, pairava um otimismo sobre as fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT), que acreditavam que, no final do ano, Lula indicaria um presidente do Banco Central que fosse favorável à queda da taxa de juros. Agora, fica claro que os capitalistas não irão permitir isso com facilidade. Não irão permitir uma queda abrupta da taxa de juros, nem mesmo que Lula indique um presidente que seja realmente de sua confiança.
A política de fazer concessões à burguesia para conseguir aplicar o seu programa político se mostrou um fracasso. Nos 18 meses à frente de seu terceiro mandato, Lula cedeu muito, mas muito espaço a seus inimigos políticos. Recuou no âmbito da política internacional, recuou no âmbito das privatizações, recuou no âmbito dos impostos. E o que recebeu em troca? Nada. Pelo contrário: de tanto ceder espaço para os seus inimigos, o governo se encontra cada vez mais acuado, de modo que a tendência não é “receber” mais nada – e sim, ser obrigado a novas concessões.
Outra questão importante ao analisar a última reunião do Copom é o fato de que os analistas estão falando que houve uma “piora” no “cenário externo”. Isto é, os banqueiros querem aumentar a taxa de juros no Brasil porque a situação econômica nos Estados Unidos é cada vez pior. Os temores de que a economia norte-americana entre em recessão são o principal indício desse “cenário piorado”.
A relação entre a crise econômica norte-americana e o provável aumento na taxa de juros mostra, portanto, que, quanto mais o imperialismo entrar em crise, mais irá onerar os trabalhadores. E, como a tendência é que a crise só se aprofunde, não há dúvidas: o aumento da taxa de juros é apenas o prenúncio de uma ofensiva ainda mais brutal contra as condições de vida do povo brasileiro.