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Argentina

Banqueiros saúdam devastação realizada por Milei

Risco país cai e bolsa de valores sobe, enquanto os tubarões da especulação financeira aprovam programa que já roubou mais de US$2,35 bilhões da nação vizinha

Com a economia argentina em frangalhos, a Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou alta de 54% em seu volume de negócios desde o começo do mandato do atual presidente do país, o golpista Javier Milei. Segundo o índice S&P Merval, a bolsa argentina atingiu 1.452.002 pontos no último dia 3, contra 941.830 pontos em 7 de dezembro, três dias antes da posse de Milei, ocorrida no dia 10 daquele mês (domingo).

Ao mesmo tempo, e reforçando o otimismo dos banqueiros com o mandatário argentino, o chamado “risco país” da nação vizinha registrou uma queda de 1.739 pontos no mesmo período, de 4.281 pontos em 8 de dezembro para 2.542 pontos também no dia 3. O índice não guarda nenhuma relevância à economia real, mas é usado por especuladores financeiros do mundo inteiro como referencial dado a governos apoiados pelos tubarões do mercado financeiro.

Os resultados ocorrem na esteira da aprovação da chamada “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, uma versão menor da famigerada “Lei Ônibus”, aprovada na Câmara dos Deputados da Argentina noite do último dia 29, por 142 votos favoráveis contra 106.

A lei segue agora para o Senado argentino e, uma vez aprovada em definitivo, ficará decretado no país o Estado de emergência pública em questões econômicas, financeiras, fiscais, previdenciárias, de segurança, de defesa, tarifárias, energéticas, de saúde, administrativas e sociais até o dia 31 de dezembro de 2025, com possibilidade de prorrogação do prazo por mais 2 anos. Com isto, o Executivo ganha “poderes legislativos” na área econômica, o que significa que Milei estará livre para governar como um ditador nas questões mais sensíveis aos interesses do imperialismo.

Embora se trate de uma versão atenuada, a lei prevê a privatização de empresas como a Aerolíneas Argentinas, Arsat (empresa de telecomunicações), AySA (empresa de saneamento e águas), o banco estatal Banco Nación Argentina, o também estatal banco de fomento ao desenvolvimento Banco de Inversión y Comercio Exterior S.A.; a estatal de logística e entregas Correo Argentino; a estatal de petróleo Yacimientos Petrolíferos Fiscales e muitas outras, constituindo um duro programa de privatizações.

Não é surpresa, portanto, que os monopólios estejam tão satisfeitos com os quase cinco meses de Milei à frente do segundo país mais importante da América do Sul. Para as massas trabalhadoras argentinas, no entanto, a realidade é o exato oposto.

Segundo dados do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA), o percentual de argentinos na pobreza ultrapassava 57% da população em janeiro, o pior índice desde a crise de 2001/2002. O consumo desabou no país, levando inclusive à queda de 18,5% no consumo per capita de carnes, praticamente uma instituição cultural argentina e uma de suas principais marcas.

Segundo dados da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), o ano de 2021 registrava a menor média no consumo de carnes até então, desde 1920, com 47,8 quilos por habitante. Entre 1914 e 2021, a média histórica é de 73,4 quilos por habitante.

Além disso, como resultado do duro programa de ataques à economia nacional promovido por Milei, a produção industrial do país caiu 19,1% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2023. “As empresas pesquisadas operaram em março com 70% de sua capacidade instalada, apresentando queda de 0,8 ponto porcentual em relação a fevereiro. Há setores com elevados níveis de estoques que se vêem divididos entre continuar a produzir para não cortar o processo e ter de despedir pessoal ou abrandar”, informa o relatório da Confederação Argentina de Médias Empresas (Came) publicado no último dia 22.

O dado do Came é importante para demonstrar que a longo prazo, um dos resultados da política de Milei é tornar a economia argentina mais propensa a solavancos inflacionários, uma vez que a desindustrialização acelerada do país o torna mais dependente das importações, e, portanto, da variação do dólar. Claro que nada disso interessa ao imperialismo.

Mesmo em meio à devastação sem precedentes da economia do país vizinho, o braço econômico da ditadura mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou como “progresso” a ofensiva de Milei contra o país. “O progresso até agora tem sido impressionante”, disse Julie Kozack, diretora de comunicações do Fundo, destacando o fato de que “janeiro e fevereiro registraram um superávit fiscal pela primeira vez em mais de uma década”.

Em um momento marcado pelo aprofundamento da pobreza, pela destruição do parque industrial argentino e com implicações até mesmo no consumo de comida, o superávit nas contas públicas de US$589 milhões em janeiro, US$1,45 bilhão em fevereiro e US$315,4 milhões em março é a única coisa que importa para o imperialismo, pouco ou nada interessados nas duríssimas implicações desta política para os mais de 26 milhões de argentinos abaixo da pobreza e que hoje compõem quase 60% da população do país.

Nada disso, como se vê, é positivo para o povo argentino. O corte criminoso de despesas apenas tem o pendor de atirar mais trabalhadores à miséria, ao passo que os indicadores do mercado financeiro não cumprem nenhuma função, exceto aferir o apoio à política de Milei pelos responsáveis pela tragédia que assola a Argentina.

É também um recado aos demais povos oprimidos pelo imperialismo das nações atrasadas, entre elas o Brasil. Com a debilidade crescente do capitalismo e a severa crise da economia mundial, os países desenvolvidos adotaram a política de jogar para os países atrasados o custo da crise capitalista. Custe o que custar, como se vê pelo desenvolvimento dramático da situação argentina.

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