No Estado de S. Paulo, nesse dia 4 de fevereiro, foi publicada uma coluna chamada “Como o ataque do Hamas expôs o antissemitismo e as falhas de Israel para evitar o terror”, assinada por Moisés Naim.
A tese do autor é a de que, a partir da ofensiva da resistência palestina em 7 de outubro contra “Israel”, “o antissemitismo é mais comum e internacional do que parecia. Ele sempre existiu, mas depois da 2ª Guerra e do amplo reconhecimento internacional do significado do Holocausto, as expressões e os comportamentos antissemitas costumavam ser repudiados ou, como sabemos agora, escondidos ou disfarçados.”
O cinismo de sempre da imprensa golpista e imperialista, usando a cartada do antissemitismo para acusar quem defende os palestinos. As pessoas deveriam ficar caladas diante do genocídio promovido por Israel, que já resultou na morte de 30 mil palestinos, porque em mais de 70 anos atrás, a população pobre dos judeus europeus sofreram nas mãos do nazismo.
Logicamente que a história não é contada inteiramente. Não se conta, por exemplo, que os sionistas que idealizaram e fundaram o Estado de “Israel” eram admiradores e aliados de Hitler e de Mussolini.
Outro cinismo é a afirmação de que o antissemitismo é comum atualmente. Essa afirmação equivale a dizer que o preconceito contra brancos era muito grande na época do apartheid na África do Sul, “tadinhos dos brancos”.
Não é só pela matança de palestinos promovida por “Israel”. A população árabe e islâmica sofre com o preconceito, em particular nos Estados Unidos e na Europa. São tratados como gente de segunda classe, assim como os africanos e latinos que imigram para os países imperialistas.
Tudo isso é mais do que suficiente para mostrar que não são os judeus que sofrem preconceito. A ideia de que há um antissemitismo hoje é absurda. Mas com uma coisa temos que concordar com o autor quando ele afirma que o “bombardeio de Gaza, com suas imensas perdas humanas e materiais, obviamente contribui para a deterioração da reputação internacional dos militares e do governo de Israel.” Certamente a reputação de “Israel” e do sionismo já acabou há muito tempo.
Acabar com “Israel” e com o sionismo não tem nada a ver com antissemitismo. Mas não seria improvável que as ações criminosas dos sionistas despertassem no futuro uma reação antissemita. Isso, porém, deve ser colocado na conta dos próprios sionistas. Mas isso ainda sequer está colocado.
O autor conclui dizendo que “o velho antissemitismo dissimulado é, portanto, fortalecido pelo terrorismo do Hamas e pelos erros de um governo israelense que vem perdendo seu caráter democrático. E essa, no fundo, é a mais profunda das verdades reveladas pelo terremoto de 7 de outubro: que ao se colocar sob o domínio de um governo que enfraquece as instituições, Israel coloca em risco não apenas sua democracia, mas também sua segurança.”
Como podemos ver, chamar a resistência legítima de um povo oprimido de “terrorismo” não é preconceito, nem “islamofobia”. O autor acredita que “Israel” é um regime democrático, que agora estaria perdendo esse caráter. Aqui, ele tenta jogar a culpa em Netaniahu, mas isso não é fato. O atual primeiro-ministro é um elemento da extrema-direita, mas o Estado de “Israel” sempre foi uma ditadura cruel contra os palestinos. E é contra essa ditadura que luta a resistência liderada pelo Hamas.
E derrubar essa ditadura, ou seja, acabar com o sionismo e com “Israel” não tem nada a ver com antissemitismo, pelo contrário.