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Coluna

Alemanha em desalinho

"Será que veremos novamente a esquerda alemã ser atropelada pela ascensão do (neo)nazismo?"

Os alemães foram mais um fim de semana às ruas para reivindicar a conservação do sistema e rechaçar as propostas de mudança estrutural feitas, principalmente, pela extrema-direita. Embora não desejemos nada parecido com o fascismo/nazismo, é evidente que a democracia liberal vem produzindo graves distorções que confundem até as mentes mais afiadas.

Ao que parece, os partidos políticos e a burguesia alemã estão preocupados com o crescimento atroz da extrema-direita e para combatê-la, estão apoiando e promovendo estas manifestações. Só que o tiro está saindo pela culatra. As pesquisas já apontam o partido Alternativa para Alemanha – AfD – em segundo lugar na preferência dos eleitores.

Embora a nova aliança da esquerda seja uma boa opção à atual coalizão (Ampel), já que defende o investimento público em infraestruturas e a recuperação da indústria alemã, que foi gravemente abalada pela submissão ao Império, a paz com a Rússia e o abandono da Otan, nada garante que o neonazismo seja de algum modo freado entre os eleitores alemães. 

Cresce também o antissemitismo

Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, a mídia alemã tem divulgado incidentes ocorridos em universidades, os quais têm sido considerados antissemitas. Ao que parece, são, na verdade, atos contra a atuação do Estado de Israel na Palestina. A Associação Federal de Pesquisa e Centros de Informação Antissemitismo documentou 994 incidentes antissemitas “relacionados aos massacres do Hamas”, diz a ZDF (mídia pública). Segundo ela, são 29 incidentes por dia, um aumento de 320 por cento em comparação com a média anual de 7 incidentes por dia em 2022. As autoridades de combate ao antissemitismo estão às voltas com o aumento exponencial dos incidentes.

A questão é que as declarações do chanceler Olaf Scholz sobre defender incondicionalmente as ações do Estado de Israel contra os palestinos não foram bem recebidas por uma parte considerável da população. Ele chegou a afirmar que se trata de defender a democracia, o que não convenceu ninguém, já que há poucos meses houve protestos contra as reformas constitucionais promovidas pelo governo israelense, que vinha sendo duramente criticado juntamente com o movimento anti-extrema-direita. 

A repressão não asfixiou o movimento

A repressão policial contra os apoiadores da Palestina, sob o manto de antissemitismo e/ou apologia ao terrorismo, não foi suficiente para conter as manifestações. No fim de semana, uma grande manifestação parou as ruas de Berlim, mas não foi sequer citada pela grande mídia. O nosso programa Plantão Palestina, que vai ao ar de segunda à sexta às 15h (horário de Brasília) divulgou as imagens, que você pode ver aqui.  Mesmo vigiados e reprimidos, um bom número de alemães, independente da origem, têm insistido nas manifestações a favor dos palestinos, embora nem sequer sejam elas divulgadas pela mídia pública.

O Estado Democrático de Direito alemão, em sua exuberante racionalidade, não é capaz de diferenciar sionismo de judaísmo, o povo israelense do Estado de Israel e afirma cinicamente a ilegitimidade de sua existência e sua atuação como se fosse algo válido perante o grande Direito germânico. A lorota não cola e ainda divide as opiniões, criando uma grande confusão conceitual e ideológica. Já não se sabe mais o que é conservadorismo ou progressismo, direita e esquerda confundem as pautas políticas, a desorientação dos eleitores é grande e não há um programa viável sendo proposto como alternativa. E nesse cenário, cresce a Alternativa para Alemanha como única alternativa contra o establishment.

A velha nova esquerda ou a nova esquerda velha

A Aliança Sahra Wagenknecht – Bündnis Sahra Wagenknecht – propõe resgatar a “democracia” e impedir que as ameaças que a ultra direita representa se concretizem. Em seu último livro, ela propõe reverter as políticas neoliberais e recompor o Estado de bem-estar social, bem como os direitos trabalhistas. Nem de longe uma proposta revolucionária, mas uma volta às bases da boa velha social-democracia alemã.

Será que veremos novamente a esquerda alemã ser atropelada pela ascensão do (neo)nazismo?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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