Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Francisco Weiss

Militante do PCO em São Paulo. Juntou-se ao partido em 2018, em meio à campanha da luta contra o golpe e pelo “Fora Bolsonaro”. É membro da coordenação do Grupo por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), além de dirigente do PCO em São Paulo. Apresenta de segunda a sexta o programa Reunião de Pauta na COTV e outros programas do Canal e também da Rádio Causa Operária.

Coluna

A questão do viralatismo

Caso de suposto plágio do Hino Nacional revela o viralatismo brasileiro, impulsionado pelo imperialismo

Recentemente, tomou as redes um vídeo procurando demonstrar que o Hino Nacional brasileiro seria um plágio de um trecho de uma Ária da ópera Don Sanche, de Franz Liszt. Os vídeos demonstram trechos das duas peças que seriam relativamente parecidos e já colocam: “hino nacional brasileiro é um plágio”.

Ambas as peças são contemporâneas, tendo a ópera de Liszt sido lançada em 1825 e a música do Hino sido composta em 1822 ou 1831 (há alguma controvérsia sobre as datas). Ainda que se admita que possa ter sido em 1831, há o fato de que a ópera de Liszt é de sua infância (estreou quando o compositor tinha apenas 14 anos), e foi um fracasso total, tendo apenas quatro apresentações em sua história e nenhuma delas foi no Brasil. A partitura da ópera não foi publicada na época, tendo saído para o público apenas no começo do século XX. Fica claro que não pode ter sido plágio de forma alguma, além de a semelhança sutil entre as peças não ser motivo o suficiente para tal ideia.

O que chama mais atenção nesse debate a respeito do Hino Nacional ser um plágio ou não, não são os fatos e argumentos em si, mas a posição de algumas pessoas, que, embora brasileiras, claramente consideram não ser possível surgir nada de qualidade no país em que elas nasceram. O caso do Hino Nacional é sintomático. Muitos consideram esse é o Hino Nacional mais bonito de todo o planeta, mas uma parcela da população, influenciada por toda a avacalhação promovida pelo imperialismo contra nossa cultura, quer encontrar uma forma de desmerecer a obra.

Os vídeos que apresentaram a tese do plágio do Hino Nacional foram muitos e, em suas caixas de comentários, era possível ver o efeito da campanha: “já achei esse hino o mais bonito do mundo, mas agora estou decepcionado” e outros comentários do tipo. A campanha de que somos inferiores é intensa e tem origem no próprio imperialismo.

É preciso, no entanto, deixar claro: no caso do Hino Nacional se provou que não há plágio nenhum. No entanto, há de se lembrar que a música feita no Brasil é uma das mais copiadas do planeta. Um caso mais recente foi o da super-impulsionada cantora Taylor Swift, que teria roubado uma canção da banda que fez sucesso mundial no começo dos anos 2000, Cansei de Ser Sexy. Outro, que se tornou exemplar, é o plágio reconhecido, inclusive, pela Justiça, de Taj Mahal, de Jorge Bem, por Rod Stewart, em sua música quase idêntica, D’ya think I’m sexy?. O riff de Smoke on the water, do Deep Purple, é muito semelhante à introdução de Maria Moita, de Carlos Lyra.

No entanto, os vira-latas de plantão não se sentem escandalizados com esses casos. Para a maior parte deles, o problema seria o plágio imaginário do Hino Nacional. Isso demonstra o quão corrosiva é a ação do imperialismo na consciência coletiva dos brasileiros. O fenômeno do viralatismo também se manifesta no cancelamento de grandes figuras da nossa cultura, como Monteiro Lobato, ou na falta de defesa de Santos Dumont, o inventor do avião.

A cultura brasileira é muito vasta e repleta de obras e de pessoas de grande capacidade. Nesse momento, defendê-la é uma das principais formas que os artistas brasileiros têm de lutar contra o imperialismo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.