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Luta pela terra

‘A força do governo é uma, a força do movimento é outra’

Para pretensas lideranças dos índios, movimento não passa de palanque eleitoral

O portal Brasil de Fato publicou no domingo (28) uma cobertura da plenária do Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília durante o último final de semana. Diante dos ataques sofridos pelos índios brasileiros durante o governo de Jair Bolsonaro, que deu total anuência à invasão de terras por sua base de latifundiários, o tema passou longe da organização de uma contraofensiva. Sequer tocou, na realidade, em necessidades básicas dos índios, como acesso a água encanada, eletricidade, hospitais, infraestrutura pública básica etc. Estamos em ano de eleições municipais, e as autoproclamadas lideranças do movimento dos índios no Brasil dedicaram suas intervenções para tratar do tema “central”.

Nós entendemos que o principal resultado das eleições não é somente ganhar nas urnas, quando nós concorremos as eleições combatemos o racismo, porque quem vota em indígenas vota na luta dos povos indígenas“, disse Célia Xacriabá (PSOL). Ganhar não é o principal, mas podemos ter certeza que Xacriabá está muito feliz por fazer parte dos cinco deputados índios eleitos em 2022, das 175 candidaturas lançadas.

Está tão feliz e preocupada que já encontrou a fórmula para se fixar no cargo. O principal projeto da deputada, segundo destaque do próprio Brasil de Fato, é “uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que candidaturas indígenas registradas por partidos e federações partidárias contem com distribuição proporcional, nos mesmos moldes estabelecidos às pessoas negras, de recursos financeiros oriundos do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, denominado Fundo Partidário, e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), além de tempo gratuito de rádio e televisão“.

Ou seja, Xacriabá defende a intervenção do TSE, isto é, do Estado, na organização dos partidos políticos, organizações privadas que deveriam ter total autonomia para se organizarem como bem entenderem. Em última instância, além de propiciar sua própria reeleição, o esforço da psolista deve tornar mais frequente episódios folclóricos como o do ex-vice-presidente Hamilton Mourão que, em 2018, declarou-se da raça “indígena” perante o TSE. Ou ela acha que as cotas vão destruir partidos direitistas por dentro com toda essa “representatividade”?

Xacriabá lamentou que é possível que a nova política de cotas não entre em vigor ainda em 2024, mas vê 2026 com esperança. 

“No TSE, nós conseguimos uma vitória importante. Na nossa candidatura, tivemos 10 segundos de tempo de televisão, não tínhamos fundo partidário para a questão indígena, concorremos como candidaturas brancas, tínhamos apenas uma pequena cota porque éramos mulheres. Agora estamos na luta para que seja regulamentado ainda nesta eleição, mas nas eleições de 2026 terá candidatura indígena com condição de chegar no parlamento brasileiro porque terá tempo de TV e rádio, assim como o fundo partidário”, declarou.

É curioso que, mesmo assim, tenha conseguido se eleger, quando todos sabem que, no Brasil, uma candidatura é equivalente a um empreendimento capitalista: não se chega a lugar algum sem dinheiro. Solucionamos esse mistério para o leitor no final de 2022, quando publicamos neste Diário um relatório da bancada do Itaú, do qual Xacriabá faz parte.

Como não podia deixar de ser diferente, estava presente no evento a ministra dos Povos Originários, deputada eleita pelo PSOL de São Paulo, Sônia Guajajara. 

A gente chega não só para ocupar um cargo, para ter uma presença física. A nossa chegada representa também o início da quebra desse racismo estrutural provocado pela ausência das representações indígenas nesses espaços. A nossa falta promove esse racismo institucional e estrutural presente até hoje. E por isso que quando a gente chega, promovemos o diálogo”, disse a ministra. Não chega só para ocupar o cargo, mas o cargo certamente cai bem. Sempre temos muita dificuldade para entender o que querem dizer por “racismo estrutural”, mas podemos provar empiricamente que em nada tem a ver com as condições miseráveis de vida da maioria dos índios brasileiros, porque essas continuam com suas estruturas firmes e fortes.

Até o momento, as grandes “contribuições” de Guajajara para o movimento dos índios foram reuniões com John Kerry, enviado para o meio-ambiente do governo norte-americano, e com outras autoridades norte-americanas para defender o interesse imperialista na Amazônia. Quando os índios de Dourados, no Mato Grosso do Sul, tiveram que enfrentar uma invasão de sua retomada por parte da Polícia Militar, que prendeu dez pessoas na ação, a ministra sequer emitiu um pronunciamento.

A própria ministra nos explica a incoerência: “é muito importante que o movimento indígena siga unido. A força do governo é uma, a força do movimento é outro”. É uma unidade fantástica. O movimento empresta seu prestígio, sua história de luta para candidaturas como as de Guajajara e suas colegas. As representantes no governo, por outro lado, não emprestam nada ao movimento; usam sua posição para assegurar e impulsionar suas carreiras.

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