Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF), peça central no golpe de Estado de 2016, passou a se apresentar como “antibolsonarista” e a fazer uso de um suposto combate ao bolsonarismo para atropelar os direitos democráticos da população, o Partido da Causa Operária (PCO) avisou que, ao contrário do que pensavam os incautos, isso tudo se voltaria contra a esquerda.
Não se tratava de nenhuma invenção do PCO: esse aviso já havia sido dado por ninguém menos que o revolucionário Leon Trótski, o fundador e comandante do Exército Vermelho na Revolução Russa. Em 1939, ao ser questionado sobre a censura das organizações stalinistas e nazistas, o revolucionário afirmou: “Nas condições do regime burguês, toda supressão dos direitos políticos e da liberdade, não importa a quem sejam dirigidas no início, no final inevitavelmente pesa sobre a classe trabalhadora, particularmente seus elementos mais avançados”. E concluiu de maneira marcante: “essa é uma lei da história”.
Não tardou para que a tese fosse comprovada. O próprio PCO foi vítima da ditadura do STF. E, hoje, até mesmo dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) que saíram em defesa do povo palestino estão sendo reprimidos pelo Judiciário.
Essa experiência recente tem servido pra que muita gente abra o olho em relação ao STF. Para outros setores, no entanto, nada mudou.
Durante toda a luta que o PCO vem travando pelos direitos democráticos, um setor que se diz de esquerda nunca se comoveu com o argumento de que o Judiciário se voltaria inevitavelmente contra a esquerda, porque, na verdade, é a favor da repressão da esquerda.
Isto ficou claro no ato de 8 de março em São Paulo. Representantes da esquerda pequeno-burguesa, como militantes do PSTU e do PCdoB chamaram a Polícia Militar para reprimir o PCO. A UP, por seu turno, aplaudiu a ação da PM.
Quem chama a polícia para reprimir uma organização de esquerda já não pode ser considerado de esquerda. Afinal, são apologistas dos inimigos dos trabalhadores, são amigos dos opressores.
A defesa das arbitrariedades do STF, por parte desses setores, não pode mais ser encarada como mera confusão. É uma posição de classe, de quem acha que pertence à classe dos opressores.