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Política

A esquerda deve defender a ‘democracia’ ou não?

Lula afirmou que a "democracia" corre risco no mundo inteiro. Mas o que é essa tal "democracia"? A esquerda deveria defendê-la?

Na última sexta (15), em evento realizado em Porto Alegre (RS) para anunciar investimentos do governo federal, Lula tocou em temas decisivos para a luta política em curso. Entre outras coisas, afirmou que, antes, era a esquerda e os setores progressistas quem criticavam o “sistema”, mas que hoje é a extrema-direita quem desempenha esse papel. Este Diário analisou essa consideração de Lula.

Na mesma ocasião, o presidente também pontuou que “o que corre risco no mundo é a democracia”. “E [a democracia] corre risco pelo fascismo, corre risco pelo nazismo, pela extrema-direita raivosa, ignorante, bruta, que ofende as pessoas, que não acredita nas pessoas”, complementou.

Embora com certa dose de ambiguidade, as opiniões do presidente petista tendem a sugerir que o que caberia à esquerda seria a defesa do “sistema” e da “democracia”, ambos sob ataque da extrema-direita nos dias de hoje, segundo o mesmo presidente.

Esse tema é absolutamente decisivo para a luta política nacional e internacional. Afinal, a extrema-direita cresce internacionalmente, enquanto a esquerda, de maneira geral, patina também em escala internacional.

O que Lula entende por “democracia” parece ser justamente o “sistema”, contra o qual a extrema-direita (de maneira demagógica, diga-se) se levanta. E em que consiste esse “sistema”? 

Consiste precisamente no regime político e social que condena dezenas de milhões de brasileiros a uma vida vegetativa, na melhor das hipóteses, quando não, à morte por inanição. É o regime que joga sessenta milhões de pessoas no Bolsa Família, porque o sistema produtivo capitalista não conseguiu absorver a totalidade dos escravos assalariados disponíveis. A maioria da população recebe menos de um salário mínimo, e vive uma vida de miséria. Uma minoria ganha rios de dinheiro, ao passo que o restante dos demais mortais, a massacrante maioria do povo, vivem no limiar de condições indignas para um ser humano. O sistema educacional está caindo aos pedaços, o sistema de saúde também. As cidades brasileiras estão em ruínas, já que se encontram abandonadas há décadas e décadas. É o regime que garante a existência da polícia brasileira, uma instituição especializada em chacinas contra o povo pobre e negro, uma verdadeira pena de morte ambulante. É o regime que mantém encarcerados cerca de um milhão de cidadãos, vivendo em situação indignas até para animais. É o regime que abriga um Congresso Nacional que vota pela entrega das riquezas a um bando de parasitas internacionais. É o regime, em suma, que submete a vida da população, na sua maioria, a um inferno.

Como é possível estar a favor desse “sistema”? As massas populares, por acaso, morrem de amores por ele, estão dispostas a defendê-lo? É claro que não.
A extrema-direita se aproveita dessa situação de amplo e generalizado descontentamento popular e se apresenta como “antissistema”. Trata-se de pura demagogia, uma vez que essa força política não tem interesse nem pode combater efetivamente esse “sistema”. A extrema-direita continua sendo uma força política da burguesia, a garantidora real do “sistema”. 

Uma esquerda que se agarra a esse “sistema” está fadada a se chocar com as massas oprimidas. Lula afirmou que a democracia está em perigo no mundo. Mas a esquerda deve defender essa “democracia”?
“Democracia” é a estrutura política na qual as eleições são compradas com alto valor de dinheiro, na qual a polícia mata a população e não acontece nada, na qual os tribunais condenam alguém simplesmente por expressar uma opinião que desagrada aos poderosos. “Democracia” é o regime que garante que o Ministro Alexandre Moraes censure quem lhe aprouver, que garante a brutalidade policial. “Democracia” é o regime da burguesia, dos ricos. O pobre, por sua vez, não tem direito nenhum nesse regime. Sua função é ser escravo, um instrumento para enriquecer a burguesia. Enquanto a burguesia dominar o regime, essas serão as condições a que o povo estará submetido ― viverá nessa “democracia”.

Essa “democracia” não merece nem um pouco ser defendida. Pelo menos, pela esquerda, e especialmente pelos revolucionários. Coisa totalmente diferente, no entanto, consiste na defesa das liberdades e dos direitos democráticos do povo brasileiro. A liberdade de expressão, de organização, a liberdade sindical, a inviolabilidade do domicílio, o direito de defesa e as regras do devido processo legal, o direito de greve, a igualdade jurídica, etc. ― tudo isso integra o rol dos direitos democráticos do povo e sua defesa é uma necessidade para aqueles que lutam contra a burguesia e o imperialismo, forças sociais e econômicas que, em sua fase de decadência, não conseguem mais conviver com tais direitos. 

É preciso estabelecer essa diferença. Os direitos democráticos devem, sim, ser defendidos. Já o regime que massacra o povo e seus direitos, de nome “democracia”, esse não é possível defender.

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