O dia 18 de março celebra a Comuna de Paris, a revolução de 1871 que aconteceu na França. Karl Marx, que teve a oportunidade de viver naquele momento histórico, fez uma análise do movimento no livro A Guerra Civil na França.
Para ele, “essa foi a primeira revolução em que a classe trabalhadora foi abertamente reconhecida como única classe capaz de iniciativa social”.
A Comuna de Paris foi uma revolução proletária que durou 72 dias e foi brutalmente reprimida pelas tropas do governo francês, que provocou um massacre contra os insurgentes.
No cinema, há um grande filme que aborda esse episódio histórico. Chama-se La Commune (1871), dirigido pelo cineasta inglês Peter Watkins em 2000. De esquerda, sua filmografia foca na luta da classe trabalhadora por emancipação e pela superação do capitalismo.
Nesse filme, o destaque é a forma da representação. Watkins exercita de maneira brilhante a forma épica, ao estilo de Bertold Brecht. Seu intuito é recriar a Comuna, mas, ao mesmo tempo, fazer um trabalho que possa ser discutido por quem assiste.
Por exemplo, a foto que ilustra esse texto mostra uma equipe de TV proletária cobrindo os acontecimentos. O estranhamento está no fato de que o ano é 1871, quando essa tecnologia ainda não existia. É claro que a proposta não é recriar a História, mas discuti-la a partir da nossa própria conjuntura.
Por isso, é uma película que exige de nós trabalho coletivo de apreciação. O primeiro passo é assistir. Depois, vem o exercício e o aprendizado que precisa ser feito com outras pessoas.
O filme pode gerar discussões sobre forma e conteúdo na arte revolucionária e sua função na luta política.
Também pode ser um instrumento de pesquisa e de estudo sobre a própria Comuna, junto com o texto de Marx. Nele, estão representados os fatores de sucesso e de fracasso do episódio.
Essas tarefas requerem tempo, pois se trata de uma película emocionante com quase seis horas de duração. De qualquer maneira, assisti-lo já é um grande passo.
La Commune está disponível com legendas no YouTube.