Segue luta dos Tabajara das aldeias Barra de Gramame e Severo Bernardo contra a ocupação de suas terras. Nas últimas semanas, apenas na ocupação do empreendimento “Villamor”, foi devastada área de Mata Atlântica superior a três campos de futebol.
O que é a “Villamor”
Hoje funcionando como “Pousada Vilamor”, o ambiente se descrever em seu perfil na rede social Instagram como “A pousada naturista e liberal mais gostosa do Brasil”. O que não acarretaria problemas a não ser, em primeiro lugar, pela localização na beira da praia, Área de Proteção Ambiental Estadual (APAE) de Tambaba, e, segundo, seus reflexos econômicos e sociais na região.
O novo empreendimentos em terras dos índios, o Villamor Tambaba Resort, se descreve nas redes como “Primeiro Resort Nudista da América do Sul, Oásis, Luxo e Liberdade”. No mesmo perfil, oferecem sociedade por via de cotas mensais de R$299,00.
O caráter do empreendimento é transparente, não havendo reflexos positivos para a população local. Pelo contrário, o tipo de turismo, serviços explorados nesse ramo, reforça a exploração sexual e outros mercados ilícitos, sem proporciona a melhora nas condições de vida dos índios e demais moradores locais.
Pimenta, Pimentel e Azevedo
Por mais absurdo que a situação pareça, já perdura por um longo período. Mesmo com a ilegalidade fragrante do empreendimento, a situação se arrasta pela força do capital envolvido que angaria apoio governamental nas esferas municipal e estadual.
O resultado é Marcio Pimenta vendendo cotas societárias, mesmo com a obra embargada, contando seguramente com o apoio irredutível da prefeita Karla Pimentel e no mínimo simpatia do governado João Azevedo.
Esse apoio, transparecer na leniência com um empresário que ocupa terras da União, devastou área considerável de Mata Atlântica em APA e segue vendendo cotas de um empreendimento embargado, sem qualquer sanção do poder publico.
Mérito dos Tabajaras
O embargo da obra, com suspensão do desmatamento, ocorreu apenas pela combatividade dos Tabajaras na região. Foram quatro dias e três noites da área pelos Tabajaras, com a apreensão do maquinário utilizados na obra.
Não é a primeira vez que os Tabajaras lutam com ocupação e confisco do maquinário, e foi justamente essa sua combatividade que surtiu efeito e serve como exemplo a outros trabalhadores do campo. O judiciário manifestou-se apenas sob a pressão política da ocupação radicalizada, que inclusive, diante das reincidências, ameaçou o patrimônio em máquinas.
Acobertado pela imprensa
A imprensa regional praticamente não repercuti os acontecimentos, no máximo destaca os “benefícios” do empreendimento para a região, ocultando os danos evidentes. Todo o conflite é camuflado, com matérias positivas sobre o desenvolvimento, nem mesmo a interrupção de vias é divulgada.
A imprensa capitalistas esconde deliberadamente a luta dos Tabajaras, não repercutindo suas ações. Não é divulgado o número de seguranças do empreendimento rendidos ou de máquinas apreendidas pelos Tabajaras.
Luta pela terra
Essa nova fase na luta dos povos tradicionais na Paraíba, têm algumas décadas e segue evoluindo. A luta pela terra é tingida com o sangue das vítimas dos capangas do latifúndio e policiais.
Ainda hoje os povos forçados a encampa essa luta sofrem com violências e ameaças. Esse é o caso dos Tabajaras no litoral sul da Paraíba, que seguem lutando sob constante ameaça de campanha e do Estado.
Embora até a Procuradoria da República na Paraíba, na figura do seu Procurador Federal José Godoy Bezerra de Souza, tenha reconhecido o pleito dos Tabajaras, o processo se arrasta na sua 3ª audiência pública. Todo avanço no processo de demarcação deu-se apenas pela radicalização na luta dos Tabajaras.
Contra os capitalistas e seus serviçais, inclusive da imprensa, a única medida efetiva é a organização e luta dos oprimidos. Essa é a realidade no campo brasileiro, na Palestina ou qualquer lugar do mundo.