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Governo X Mercado Financeiro

Qual é a de Haddad?

Desde que Lula começou a criticar a autonomia do BC, Haddad vem tentando amenizar esse embate entre o governo e os parasitas do mercado financeiro.

Uma das mais importantes características do novo governo Lula foi a sua coragem e sagacidade em colocar petistas nos ministérios chaves para assegurar o sucesso de seu mandato. Essa linha que acena à Frente Ampla, mas que nomeia apenas petistas para os ministérios fundamentais, foi muito criticada pela burguesia e seus agentes, como ficou demonstrado na pasta do Ministério da Fazenda. No entanto, com a nomeação de Haddad para assumir a pasta, a questão foi encerrada?

A posição do atual Ministro da Fazenda é, no mínimo, ambígua. Como apontamos em matéria anterior, Haddad tenta construir uma posição de apaziguamento entre o BC e o governo Lula. Mas em que termos esse armistício seria realizado? Não combater o Banco Central é manter o status quo, ou em bom português: manter as coisas como estão. E essa manutenção da mesmice não é a política de Lula, muito menos a política desejada pela maioria do povo brasileiro. 

Quem é Haddad?

O atual Ministro da Fazenda já atuou como ministro da educação nos governos de Lula e Dilma de 2005 a 2012; além de ser prefeito de São Paulo — cidade mais populosa do hemisfério Sul — entre 2013 e 2016. Em 2018 foi “candidato substituto” à presidência pelo Partido dos Trabalhadores nas eleições que lograram a vitória bolsonarista. De 2005 à 2018, em todas as posições que Haddad assumiu em nome do PT, apesar de sua tendência flagrantemente alinhada a um esquerdismo pequeno burguês, nunca se colocou abertamente contra a linha do partido. 

Por seu alinhamento ao PT, os analistas mais atentos entenderam o nome de Haddad no Ministério da Fazenda como um avanço petista em direção a uma das pastas fundamentais para o sucesso do governo. Colocar alguém de confiança neste ministério seria prioridade de Lula e, Haddad, seria então alguém de confiança. 

Ambiguidades

Desde que Lula começou — de maneira acertada — a criticar a autonomia do BC, em especial pela taxa de juros real, uma verdadeira agiotagem legalizada, Haddad vem tentando amenizar esse embate entre o governo e os parasitas do mercado financeiro. No início de fevereiro, o Ministro da Fazenda se mostrou favorável à COPOM. Ainda em janeiro se colocou contra o aumento do salário mínimo proposto em campanha, o que já causou um atrito — muito correto da parte sindical — entre a Central Única dos Trabalhadores e o governo Lula. Mais recentemente, na última reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), Haddad recuou do embate com o BC. 

“Existe uma coisa chamada Comoc [Comissão Técnica da Moeda e do Crédito], que define a pauta do CMN”, disse Haddad na portaria do Ministério da Fazenda, quando indagado por jornalistas. Ele “esquece”, no entanto, que esta pauta pode ser modificada e debatida por qualquer um dos participantes do Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Essa água fria que o Ministro vem jogando na “fervura” de Lula, não é fruto de correlação de forças desfavoráveis. Submeter o BC é possível, até mesmo as mídias vinculadas ao mercado financeiro, como O Globo, foram obrigadas a admitir, relutantemente, que a ampla maioria dos Brasileiros se coloca a favor do Presidente Lula em suas críticas ao BC autônomo e a atual taxa de juros.

Desgastes internos

Os atritos não são apenas entre Haddad e Lula, aparentemente há uma disputa entre setores mais e menos soberanistas na alta cúpula do PT. Mercadante, atual presidente do BNDES, promoverá em março um arrojado seminário, com elaboração de propostas para uma nova âncora fiscal, entre outros temas. As teses vitoriosas do evento seriam, então, apresentadas ao Ministro da Fazenda e ao Presidente Lula. No entanto, a missão de elaborar a tal “âncora” que substituiria o “teto de gastos” é uma atribuição de Haddad, que previa, inicialmente, entregar um estudo da Fazenda ao governo e ao mercado em abril. Coincidentemente ou não, Haddad anunciou na última quarta, 15, que decidiu acelerar o envio do projeto da nova âncora — estudado há dois meses pela equipe econômica — para março.

No entanto, uma questão é certa: a posição “panos quentes” de Haddad está sendo paulatinamente isolada, em oposição a um consenso da alta cúpula petista, da necessidade do embate contra o mercado financeiro. E, neste embate, a primeira batalha é contra o Banco Central autônomo.  Aparentemente o Ministro da Fazenda comprou as críticas dos grandes conglomerados de informação, que defendem, além do BC autônomo, ministros autônomos! Um grande absurdo político, tendo em vista que é o próprio Executivo o responsável por indicar os ministros para executar uma política concertada, não antagônica

Vantagem do time da casa

Tal disputa palaciana entre o governo e o mercado financeiro internacional, pode não parecer, mas é uma expressão da aguda luta de classes brasileira. Enquanto o embate permanecer apenas em Brasília, as grandes mídias e seus donos, terão a vantagem de pressionar o governo em seus elos mais frágeis. É a vantagem do “time que joga em casa”, que domina o campo. É apenas quando a luta se expressa nas ruas, através das organizações da classe trabalhadora, comandando amplos contingentes de massa, que a disputa passa para o “nosso campo”, onde o povo tem a vantagem.

https://www.youtube.com/watch?v=Na4eo2MdaPo&t=6159s

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