Nessa segunda-feira (12), Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente eleito, foi diplomado em cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O petista recebeu o seu diploma, que serve para, formalmente, atestar a eleição dos agora ex-candidatos, de Alexandre de Moraes, presidente do TSE.
Na ocasião, ele também pronunciou um discurso que, de maneira geral, caracterizou-se pelo estilo de Lula, que tende a acenar tanto para a direita, quanto para a esquerda. Suas declarações acerca da “democracia” e do regime democrático de direito, como um todo, mostram que estava discursando para a plateia, composta por juízes golpistas do TSE e do STF.
Finalmente, é algo que não deve ser alvo de muita atenção, pois representa a sua política de “dar uma no cravo e outra na ferradura”, ou seja, de não se comprometer, algo que o acompanhou ao longo da maior parte de sua vida política.
Lula disse, por exemplo, que foi eleito pela terceira vez “com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra injustiças” – algo que agrada aos todo-poderosos do Judiciário, que se consideram os grandes justiceiros do País. Entretanto, ao mesmo tempo, afirmou que jamais renunciará “à defesa intransigente da liberdade de expressão”, o que entra em contradição com a posição dos “justiceiros” censores.
Todavia, é preciso destacar um trecho específico de seu discurso que deve – esse sim – ser discutido:
“O resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido. Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois partidos no segundo turno.
Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país”, afirmou Lula
Nesse ponto, é preciso dizer que a realidade é o contrário do que afirmou o presidente eleito. A “frente ampla” – ou, mais precisamente, frente popular – que se formou ao redor de Lula não foi o que emplacou a sua candidatura, mas foi, sim, o seu calcanhar de Aquiles. Foi composta de figuras direitistas que, até agora, se apoiam em Lula para tentar resgatar o seu próprio poder político, uma vez que representam setores falidos da política brasileira.
Portanto, não fizeram e continuam não fazendo absolutamente nada no sentido de fazer progredir o governo eleito para que atenda aos interesses da população. São fatores de atraso que, antes, tentam arrastar a política de Lula para a direita, para que o petista atenda aos interesses do grande capital.
O que de fato fez a diferença para que Lula vencesse Bolsonaro nas urnas foi a mobilização dos trabalhadores nas ruas, que, principalmente a partir do segundo turno, se envolveram de maneira massiva na campanha do ex-presidente. A margem da votação entre os dois candidatos foi muito estreita. Não há dúvidas de que, sem o protagonismo da participação popular, Lula não teria sido eleito.
Seu governo deve continuar se apoiando nas massas como força fundamental capaz de derrotar, de uma vez por todas, o golpe de Estado no País. Para tal, Lula deve governar para e com os trabalhadores, colocando suas reivindicações como interesse número um de seu próximo mandato.