O número, tópico gramatical bastante conhecido, realiza-se, na língua portuguesa, em singular e plural. Dessa maneira, se no tópico do gênero há confusões entre sexo é gênero, no tópico do número pode haver confusões entre número e quantidade. A quantidade pertence aos domínios da semântica, portanto, ela se refere ao sentido, enquanto o número é categoria morfológica, indicando a forma gramatical das palavras.
A quantidade pode ser expressa por meio de palavras feito “muito”, “pouco” ou “demais”, que são advérbios; “nenhum” ou “algum”, que são pronomes; os numerais ordinais um, dois, três etc. Diferentemente, o número, na língua portuguesa, é categoria gramatical, a qual, articulada ao gênero, define o substantivo morfologicamente. Em português, o substantivo pode ser definido enquanto classe de palavras formada pelas desinências de gênero e de número; esquematicamente, ele é formado por “radical + gênero + número”.
Bom exemplo das relações estabelecidas entre número e quantidade e o caso dos substantivos coletivos, pois, realizando-se no número singular, eles expressam quantidades plurais, por exemplo, a palavra “matilha”, o coletivo de “lobo”
Para os falantes da língua portuguesa e das demais línguas modernas, parece evidente o número realizar-se em singular e plural, com o singular designando um único elemento e o plural, vários deles; em “aluno”, trata-se apenas de uma pessoa e, em “alunos”, várias delas. No entanto, há línguas em que o número se realiza de outras maneiras; no sânscrito clássico, por exemplo, o número tem as formas singular, dual e plural. Na morfologia do sânscrito, se a palavra está no singular, trata-se de somente uma coisa; se está no dual, são duas coisas; se no plural, mais de duas.
Em português, a morfologia do número é simples, isto é, o plural é expresso no morfema “-s” e o singular, pela ausência de “-s”. Entretanto, qual é o plural de “lápis”? Semelhantemente ao gênero, a realização do plural tem algumas irregularidades; esse é o tema da próxima coluna sobre língua portuguesa.
