A Operação Dilúvio de al-Aqsa, lançada pelo Hamas no dia 7 de outubro, teve o efeito de um terremoto na dominação imperialista no Oriente Médio. O principal baluarte imperialista na região, o Estado de “Israel”, está em sua maior crise. Quem dirá então a ocupação militar dos EUA da Síria e do Iraque. Ao que tudo indica, os dias dos norte-americanos no solo dessas duas nações árabes estão contados. E quando os norte-americanos fugirem, como o rabo entre as pernas como no Afeganistão, esse glorioso dia de vitória poderá ser colocado também na conta do Hamas.
Para os que não estão acompanhando de perto a guerra que se iniciou no Oriente Médio a partir de outubro, não só os grupos de resistência palestina estão atacando os israelenses. Do Líbano, o Hesbolá também ataca “Israel”, no Iêmen, o Ansar Alá iniciou uma operação militar de sucesso total no mar Vermelho. Mas a frente menos falada é onde a maior crise existe: na Síria e no Iraque, as bases dos EUA já foram atacadas mais de 100 vezes desde o dia 17 de outubro. E com as vitórias militares do Hamas, os grupos armados, principalmente os iraquianos, tendem a se radicalizar e se armar cada vez mais.
Primeiro, é preciso compreender a ocupação militar dos EUA na Síria e no Iraque. O caso iraquiano é mais famoso, o governo Bush iniciou uma invasão total no ano de 2003 e, desde então, as tropas nunca saíram do território. Várias bases militares se mantêm no país, apesar da maioria das tropas de ocupação terem saído de lá. Há também o caso do norte, o Curdistão Iraquiano, onde o imperialismo criou uma zona autônoma para dividir o Iraque e controlar mais fácil a região rica em petróleo. O uso do povo curdo começou ainda durante o governo Sadam Hussein, quando os EUA os utilizaram para atacar o presidente do Iraque. Algo semelhante aconteceu posteriormente na Síria.
O caso da Síria é mais complexo. O imperialismo usou a justificativa do combate ao Estado Islâmico para ocupar um terço do país. Para isso, ele se aliou aos curdos da Síria e criou as Forças Democráticas da Síria. Sob essa fachada, o imperialismo ocupou e se mantém até hoje na região mais rica em petróleo da Síria. Aqui, mais uma vez, o povo curdo é manobrado pelo imperialismo para atacar uma nação oprimida, estimulando a sua divisão. O interessante é que Erdogan, presidente da Turquia, invadiu o lesto do Curdistão, Afrin. Eles controlam então um extenso território de maioria árabe, mas nãos controlam o seu próprio território. Para roubar o petróleo, eles ganharam apoio dos EUA; para controlar seu próprio território, nada.
No Iraque, durante a invasão, diversos grupos guerrilheiros se formaram, hoje eles formam uma organização geral, as Forças de Mobilização Popular. Na Síria, o governo Assad não foi derrubado, sendo assim, ele é líder da resistência contra a ocupação do imperialismo, de forma mais conservadora que os guerrilheiros xiitas iraquianos. Assim, em 2023, essa situação se forma: um grupo de guerrilheiros palestinos derrotou a força militar mais poderosa da região. Os EUA não conseguiram intervir em momento algum, perderam até o controle do mar Vermelho. É um sinal de fraqueza tão grande que um general iraniano já anunciou: “uma fuga ao estilo do Afeganistão espera os EUA na Síria e no Iraque”.
No ano de 2024, ao que tudo indica, o Oriente Médio se libertará ainda mais. Com a eleição dos EUA, o governo Biden não poderá começar grandes guerras, em grande parte são essas eleições que estão puxando o freio de mão dos EUA na Palestina. Assad e os iraquianos sabem muito bem disso. E não é só isso, o Hamas gerou uma radicalização total em todo mundo árabe, que empurra as direções a agirem. O Estado de “Israel” talvez sobreviva ao ano de 2024, mas a presença militar dos EUA na Síria e no Iraque dificilmente sobreviverá à fúria da população árabe. 64 milhões de pessoas podem agradecer ao Hamas por esse grandioso presente. E ainda há pessoas na esquerda pequeno-burguesa que não entendem o tamanho da Operação Dilúvio de al-Aqsa.