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"Deus cria, a Rota mata"

Ninguém é obrigado a chorar pela morte de um policial

Imprensa burguesa tenta apresentar PM da Rota como se fosse um trabalhador e um jovem cheio de sonhos. Conversa mole que só convence quem não sabe como a PM age nas periferias

Apesar de se ver obrigada a repercutir a reação da população à chacina cometida pela Polícia Militar na Baixada Santista, imprensa burguesa tenta transformar o PM morto, Patrick Bastos Reis, em um anjo. Algumas matérias destacam que ele sonhava em ser “campeão mundial de jiu-jitsu”. Uma delas, publicada no portal do Uol, apela para entrevista com a mãe do policial, que diz que o filho “se emocionou” com um desfile policial de 7 de Setembro aos sete anos de idade, quando então se apaixonou pela Polícia Militar.

Outro fato destacado na imprensa é que o PM deixou um filho de 3 anos de idade. Fato realmente triste, mas que não se compara, por exemplo, com o caso de Cleiton Barbosa Moreira. O ajudante de pedreiro, que havia sido preso em 2020 por tráfico de drogas, foi arrastado de dentro da própria casa com o filho de 10 meses no colo. Os policiais tiraram seu filho do colo e o executaram num manguezal. O bebê foi entregue por um dos PMs para um enteado de Cleiton de apenas 13 anos. Cleiton cuidava do filho de 10 meses e dos outros quatro filhos da esposa quando os policiais decidiram derramar seu sangue.

A impressão que se tem ao ler a maioria das matérias publicadas é que o PM estaria cuidando da própria vida, sem fazer mal a ninguém, e de repente algum enviado do inferno resolveu acabar com a sua vida por um mero capricho. Acontece que não estamos falando de um vendedor, um motorista, um pedreiro, enfim, um trabalhador. O ofício da polícia é oprimir a população pobre. E a PM é responsável pelas ações mais violentas contra os trabalhadores. Para piorar, o PM em questão era integrante da Rota, sigla para o batalhão de choque chamado Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, de onde surgiu o Esquadrão da Morte durante a ditadura militar no Brasil.

Os policiais da Rota participam ao longo dos anos de uma série de massacres, execuções e outros crimes contra a população pobre, como o famoso massacre do Carandiru. Na brutal desocupação da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, a Rota teve participação de destaque em espancamentos e até estupros. Uma vítima chegou a denunciar que durante o estupro teve que completar a frase “Deus cria, a rota mata”, explicitando o requinte de crueldade praticado. Se o PM assassinado era boa ou má pessoa, isso não faz muita diferença, pois está fortemente armado e representando um braço especialmente violento do aparato de repressão estatal e foi baleado exercendo essa função.

Outra realidade omitida pelo monopólio das comunicações é que, muito comumente, quando um policial é assassinado, isso está relacionado a esquemas de corrupção dentro da corporação. Não é segredo para ninguém que a cúpula da PM mantém relações promíscuas com o crime organizado, sendo uma importante fonte de armamentos. Se foi o caso no episódio em questão, não apareceram informações nesse sentido até o momento. Se foi apenas uma retaliação por alguma violência praticada pelo PM, também não temos como saber, apesar de constar um processo de 2020 em nome do PM por homicídio “privilegiado”. Essa qualificação do crime serve como um atenuante e costuma ser usada para aliviar a pena de policiais com o argumento de que a ação teve motivação “de relevante valor social ou moral, ou sob violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima”.

Não se trata aqui de sugerir que o PM tenha necessariamente praticado alguma dessas ações comumente praticadas especialmente por batalhões de choque. Mas é natural considerar que o assassinato de qualquer policial é uma reação à barbárie praticada pela corporação de conjunto. E a tentativa de comover a população pela morte de um policial, enquanto a PM segue empilhando corpos na Baixada Santista, é de um cinismo característico dessa imprensa.

Ao contrário do policial, que teria sido baleado de longe, as vítimas da chacina da PM estão sendo executadas desarmadas, a queima-roupa e após serem torturadas. Chega de demagogia, pelo fim da polícia assassina.

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