Há muito tempo, o bloco imperialista demonstra sinais de fadiga e caminha para a desintegração total: a crise financeira com epicentro nos Estados Unidos de 2008, o fortalecimento da Rússia e da China – que formaram uma associação geopolítica e estratégica na Eurásia como resposta a ofensiva de golpes de Estado no Oriente Médio e na Ucrânia, e que dificultaram algumas ofensivas do imperialismo -, a posse de Trump nos EUA, a derrocada no Afeganistão, a derrota na Síria, a retirada das tropas do Iraque, a pandemia, a guerra da Ucrânia e a aproximação dos países africanos com a Rússia.
Um imperialismo em xeque, numa crise bastante profunda e talvez em estágio terminal como um câncer que se alastra no organismo de uma maneira muito agressiva. E essa degradação foi impulsionada muito em função da própria política agressiva do imperialismo.
Uma outra situação que incomoda muito o imperialismo, foi a adesão da Itália ao megaprojeto de investimentos em infraestrutura e logística geopolítica denominado Cinturão ou Rota da Seda capitaneado pela China. Essa aproximação aconteceu ainda um ano antes da pandemia da Covid-19, quando o então primeiro ministro Giuseppe Conte assinou um memorando entendimento sobre a chamada “Nova Rota da Seda”. Como a Itália tem até o final de 2023 para decidir se vai renovar o protocolo desse entendimento assinado com Pequim, as pressões do imperialismo sob o comando dos EUA só aumentam. A primeira ministra Meloni já disse, em algumas entrevistas, que precisa passar pelo crivo da sociedade para que a Itália renove o memorando.
Na verdade a expressão “discutir com a sociedade italiana” significa, na verdade, medir a pressão do imperialismo e analisar como fazer essa costura política. Recentemente, Meloni se encontrou com o presidente dos EUA Joe Biden e o assunto certamente rondou a mesa de discussão. A expressão utilizada por Meloni na conversa com a imprensa imperialista, traduz a tensão e o desconforto da Itália ter sido o único país do bloco do G7 a assinar o protocolo de entendimento sobre a Nova Rota da Seda.
O desconforto aumentou principalmente pela declaração do ministro da Defesa da Itália, Guido Crosseto, de que teria se tratado de um erro a assinatura desse entendimento, num ato improvisado e infame do governo Conte. O ministro capacho dos EUA disse ainda que é preciso sair dessa situação sem prejudicar as relações com os chineses.
O problema é que a economia europeia e, em especial, da Itália estão em frangalhos com baixíssimas perspectivas de melhora, pra não dizer nenhuma. Essa avaliação de que a economia europeia está sem saída, pelo menos no curto espaço de tempo, é do tal “mercado”, a partir da própria expectativa, mas também de empresários e demais analistas mais realistas.
A pressão dos Estados Unidos sobre a Itália no que diz respeito a um simples entendimento, sem uma adesão mais formal, demonstra claramente o desespero de perder o controle sobre seus próprios parceiros do G7 e da OTAN. Mais um capítulo da fase de degradação do imperialismo, um acumulo derrotas que provocam cada vez mais fissuras no interior do bloco e que parece estar prestes a desmoronar.