O índio Guarani Xaomi, como é conhecido na aldeia, foi sequestrado e torturado no dia 14 de janeiro. O indígena reside na aldeia da tekoha Y’hovy, de Guaíra, no Oeste do Paraná.
“Eles batiam com o cano [da arma]. Colocavam a pistola na boca dele e rodavam. Chutavam nas pernas, na barriga, davam coronhadas na nuca, afogavam ele numa poça d’água. Puseram sentado e deram tiro entre as pernas dele. Ele não respondia, porque não fala o português. Levaram ele pra um ferro velho e continuaram a bater nele. Depois levaram pra cidade e rodaram por algumas horas. Depois levaram ele para uma estrada de terra e pararam onde tinha um açude pra tirar o sangue que havia escorrido. Aí abandonaram ele lá e disseram pra ele não contar pra ninguém”, traduziu Ilson, cacique da aldeia.
O cacique ainda denunciou que “eles vêm seguindo, de moto ou carro, indígenas que passam por aquela estrada [Rua Água do Bugre] para trabalhar. Dentro da aldeia não tem acontecido violência, mas fora da aldeia acontece algumas vezes. Os últimos atos de violência foram algumas ameaças na cidade, principalmente nos mercados. É racismo de não querer vender alimentos, principalmente depois do resultado das eleições, ou então de e acusarem indígenas de roubo, dizerem que está sumindo TVs e até geladeiras das residências deles. E assim agridem indígenas. Mas esses casos pouco são relatados, até pelo medo que as vítimas têm”.
Segundo relatos, os agressores foram dois homens.
As agressões e ameaças são constantes na região, inclusive o agredido pediu para não ser identificado e nem registrou a agressão na delegacia, pois tem medo de represália, pois os índios sabem que os policiais militares sempre estão envolvidos nos crimes.
Os conflitos na região ocorrem há anos e giram em torno do território onde os indígenas vivem alguns territórios são demarcados outros não. No Oeste do Paraná vivem cerca de 5 mil guaranis, em 24 aldeias. Somente três aldeias estão em terras demarcadas, duas no município de Diamante D’Oeste e uma em São Miguel do Iguaçu são demarcadas.
O problema do indígena brasileiro é que ele é um sem-terra, totalmente abandonado pelo Estado, refém da fome, por não ter onde plantar, da insegurança, por competir espaço com o latifúndio. Essas regiões são foco de conflitos e genocídio dos povos indígenas.
Diante da situação dos índios brasileiros de miséria e fome e muitas vezes a violência estatal é preciso que os se unam para criar comitês de luta no campo para sua auto defesa, pois como relatou os agredidos a policia sempre está envolvida.