Palestina

Hamas afirma ter detido a invasão israelense

Apesar dos feitos nada gloriosos de “Israel” contra mulheres e crianças, a resistência palestina segue avançando contra as tropas sionistas, em todas as frentes

Nesta terça-feira, 19 de dezembro de 2023, o Movimento de Resistência Islâmica, popularmente conhecido pela sigla árabe do nome – Hamas -, divulgou uma carta fazendo um balanço da luta da resistência palestina contra o Estado de “Israel” desde o 7 de Outubro, quando foi realizada a Operação Dilúvio Al-Aqsa.

Segundo a avaliação do Hamas, “Israel” é um Estado fascista que vem cometendo um genocídio contra o povo palestino e o faz bancado pelos Estados Unidos, e o Reino Unido. O partido frisou também que o único feito dos sionistas foi assassinar a população civil, em especial as crianças e as mulheres palestinas, sem alcançar nenhum objetivo militar contra a resistência palestina, seja o próprio Hamas, sejam as outras organizações armadas menores, mas que também estão lutando.

“Essa agressão resultou na matança em massa de mais de 19.000 mártires, cerca de 52.000 feridos e quase 8.000 desaparecidos, dos quais 70% são crianças e mulheres. A ocupação israelense cometeu até agora 1.700 massacres contra civis e pessoas inocentes desarmadas. […] O único feito da ocupação israelense são os crimes de guerra, o genocídio, a matança enorme de crianças e mulheres, a destruição de infraestrutura e a eliminação de todos os aspectos da vida”.

Apesar da monstruosidade da reação israelense contra o povo palestino, o Hamas fez questão de frisar que o povo árabe segue firme e resiliente, apoiando de forma incondicional a resistência. Em suma, a nota destaca que “Israel” está perdendo a guerra, no campo militar e também no principal: o político. Assim, apesar do genocídio, a crise do Estado sionista nunca foi tão grande e nem a resistência palestina foi tão forte, sendo possível conjecturar que apoio ao Hamas por parte do povo palestino encontra-se em seu ponto mais alto desde a fundação do partido, consolidando a força do grupo entre a população.

Assim, cumpre fazer um balanço da situação, tanto do massacre praticado por “Israel”, mas também dos feitos heroicos da resistência palestina e daqueles que luta ao seu lado.

Desde que “Israel” violou a trégua no dia 1º dezembro – cessar-fogo que fora mais uma vitória para o Hamas e a resistência palestina, é bom destacar -, o Estado sionista segue desatando seu genocídio sobre Gaza e seus ataques fascistas sobre a Cisjordânia ocupada, de forma ainda mais intensa do que fizera em outubro e novembro.

Até o fechamento desta edição, o número oficial de mortos em Gaza ultrapassava o total de 20 mil palestinos, assassinados pelos criminosos bombardeios israelenses e pela invasão das Forças de Defesa de “Israel” (FDI). Se antes da trégua os bombardeios eram concentrados majoritariamente na região norte do enclave, agora sua parte central e o sul também estão sendo alvos das bombas sionistas, de forma que os palestinos não possuem absolutamente nenhum lugar para onde ir.

Dos 20 mil mortos, já são mais de 8 mil crianças assassinadas e 6 mil mulheres. Contudo, deve-se atentar que esse número é, provavelmente, subestimado, afinal, o número de desaparecidos já ultrapassa a marca de 8 mil, sendo seguro dizer que grande parte destes (senão maioria) também foram assassinados pelos sionistas.

No que diz respeito aos feridos, já são mais de 52.586. Deve-se lembrar, no entanto, que são feridos por bombas, ou seja, pessoas que, em sua grande maioria, ficarão com sequelas ou mesmo invalidas pelo resto de suas vidas. Desse total, estima-se um número mínimo de 8.663 crianças e 6.327 mulheres.

A destruição perpetrada pelo sionismo não se limita às perdas humanas, no entando. Os nazistas de “Israel” buscam obliterar toda a infraestrutura da sociedade palestina, para concretizar de uma vez por todas a limpeza étnica que iniciaram no começo do século XX ou seja, a expulsão dos palestinos de suas terras. Segundo as informações mais recentes, mais de metade das casas de Gaza (306.500 unidades residenciais) foram destruídas ou danificadas.

Mas não apenas residências. Escolas também, totalizando 352 instalações. Mostrando que os sionistas não se importam com a religião alheia, 197 locais de cultos foram destruídos ou danificados.

Contudo, o dano mais grave no que diz respeito à infraestrutura foi feito às instalações médicas. A maior parte dos hospitais (27 de 36) estão inoperantes; 102 ambulâncias foram destruídas ou danificadas. De forma que o número de mortos, que já é enorme, tende a continuar aumentando a passos largos. Com a intensificação dos bombardeios por parte de “Israel”, mais feridos chegam a hospitais que mal funcionam, no melhor dos casos.

Como exemplo do aumento da intensidade dos ataques sionistas, em 73 dias de ataques aéreos israelenses ao campo de refugiados de Jabalia, pelo menos 90 palestinos foram mortos e mais de 100 ficaram feridos, conforme informações da agência de notícias palestina Wafa. No domingo, ataque ao campo de refugiados de Nuseirat, na região central de Gaza, já havia matado 25.

Mas não é apenas através dos bombardeios que “Israel” busca exterminar os palestinos. Recentemente, o Estado sionista começou a inundar a rede de túneis de Gaza, uma medida que pode resultar na morte dos israelenses sequestrados, assim como de muitos civis que se abrigam dos bombardeios. Ainda, a decisão de inundá-los com água salgada irá contaminar os precários depósitos de água potável existentes na Faixa.

O genocídio que vem sendo perpetrado por “Israel” já gerou o deslocamento forçado de quase toda a população de Gaza. De início, como os sionistas começaram por atacar o norte do enclave, os palestinos foram forçados a migrar para as regiões central e sul. Contudo, agora os bombardeios que também são realizados sistematicamente contra tais regiões os forçam a migrar em direção à fronteira com o Egito, para a cidade de Rafá.

A fronteira está fechada, de forma que centenas de milhares de palestinos já estão aglomerados, contingente prestes a ultrapassar 1 milhão. Junto a isto, a maior parte da infraestrutura hospitalar inoperante, com a infraestrutura de saneamento devastada, e com o bloqueio total ainda em vigor, impedindo a entrada de água e demais suprimentos de primeira necessidade, epidemias já se alastram em Gaza. É um genocídio em andamento, destinado a expulsar todos os palestinos de suas terras de uma vez por todas e não apenas de lá.

Na Cisjordânia, os ataques das tropas das FDI em aliança com as milícias fascistas dos “colonos” também se intensificaram desde o fim da trégua. No último domingo (17), durante cerca de nove horas, os militares israelenses utilizaram drones para assassinar pelo menos cinco palestinos no campo de refugiados de Tulkarem. Em seguida ao ataque, o exército sionista impediu as ambulâncias de chegarem ao local para prestar socorro às vítimas, chegando mesmo a prender um paramédico.

Apesar deste nada glorioso feito de “Israel”, matar civis e em especial, mulheres e crianças, as FDI não alcançaram nenhum objetivo militar significativo contra o Hamas ou as demais organizações da resistência palestina. Inclusive, em sua invasão terrestre a Gaza, as tropas israelenses sofreram pesadas baixas.

Recentemente foi noticiado no jornal Yedioth Ahronoth, órgão da imprensa sionista, que o exército israelense já regisrrava mais de 5 mil baixas, de soldados que foram levados a hospitais israelenses, com mais de 2 mil tendo sido declarados inválidos pelo Ministério da Defesa, segundo o jornal. Deserções também foram relatadas nas fileiras das Forças de Defesa de “Israel”, o que também já noticiado por este Diário.

Nesse sentido, a resistência palestina segue avançando contra as tropas sionistas, em todas as frentes, seja em Gaza, na Cisjordânia, no Iraque, Síria, Iêmen ou Líbano.

No último dia 19, na fronteira norte de “Israel”, o Hesbolá realizou novos ataques contra posições sionistas, destruindo um tanque Merkava próximo próximo do posto militar ocupado de al-Malikyah, gerando baixas. Na Síria e no Iraque, tropas imperialistas norte-americanas já haviam sofrido, até o dia 13, pelo menos 97 ataques das milícias xiitas iraquianas, desde 17 de outubro, conforme informação divulgada por oficial militar do exército dos EUA.

Em razão desses ataques, há alguns dias o Comandante Geral do Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM, na sigla em inglês) “Michael Erik Kurilla, fez uma viagem ao Iraque para se reunir com os principais funcionários do país e visitar as forças e bases dos EUA, e depois entrou ilegalmente na Síria para verificar as bases e tropas de ocupação americanas. A sua visita ocorre no meio de uma onda crescente de operações da Resistência que visam bases militares e tropas dos EUA em ambos os países árabes”, conforme noticiado pelo jornal libanês Al Mayadeen.

Chama atenção o significativo apoio dos Hutis, do Iemên, que vem realizando um bloqueio militar no Mar Vermelho contra todas embarcações israelenses, destinadas a “Israel” ou vindas do país, o que já vem gerando distúrbios econômicos nos países imperialistas, com o potencial de agravar profundamente a crise neles, em especial na Europa Ocidental. Um profundo golpe contra o sionismo e um significativo auxílio dos Hutis aos palestinos.

Por fim, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do Hamas, seguem avançando na luta contra a ditadura fascista de “Israel”. Seguem abaixo alguns de seus feitos mais recentes:

  • 10/12/2023: vários tanques israelenses são alvejados, matando 40 soldados.
  • 10/12/2023: o canal 13 de “Israel” noticia que os militantes do Hamas continuam surgindo dos tuneis nas áreas supostamente sob o controle das Forças de Defesa de “Israel”, em Gaza.
  • 13/12/2023: combatentes das al-Qassam, junto de outros as al-Quds emboscam unidade de 15 soldados israelenses.
  • 15/12/2023: Ataque surpresa em um acampamento militar israelense, matando e ferindo inúmeras tropas sionista.
  • 16/12/2023: Ataque a veículos militares israelenses ao sul de Deir al-Balah com duas bombas Al-Yassin 105 que os deixaram completamente queimados.
  • 19/12/2023: Em um único ataque, 12 soldados da IOF são atingidos em Tel Aviv.

Como dito pelo Hamas em sua nota: “a resiliência” do povo palestino.

O documento pode ser lido abaixo, na íntegra:

Durante 73 dias, a ocupação fascista israelense tem conduzido sua guerra genocida contra nosso povo palestino em Gaza, utilizando todo tipo de armas, munições e bombas internacionalmente proibidas, bombardeando indiscriminadamente escolas e tendas que abrigam centenas de milhares de deslocados, além de hospitais protegidos pelo direito internacional humanitário.

Tudo isso e mais está acontecendo diante dos olhos do mundo, com o apoio descarado dos Estados Unidos, Reino Unido e alguns países europeus, diante da incapacidade da comunidade internacional disfuncional e de todas as instituições da ONU para deter essa agressão, devido à intransigência e arrogância da administração estadunidense em seu uso descarado do veto.

Essa agressão resultou na matança em massa de mais de 19.000 mártires, cerca de 52.000 feridos e quase 8.000 desaparecidos, dos quais 70% são crianças e mulheres. A ocupação israelense cometeu até agora 1.700 massacres contra civis e pessoas inocentes desarmadas. Na Cisjordânia ocupada, mais de 290 mártires palestinos foram mortos pelas forças de ocupação israelenses desde o início da agressão a Gaza em 7 de outubro, além das fortes restrições impostas aos palestinos em Jerusalém ocupada e em nossa abençoada mesquita Al-Aqsa.

Nesse contexto, afirmamos o seguinte:

O trio de perdedores da guerra (Netanyahu-Gantz-Gallant) não conseguiu e não conseguirá alcançar nenhum de seus objetivos agressivos.

O governo fascista israelense, liderado pelo criminoso de guerra Netanyahu, não se importa com as vidas dos civis palestinos, nem de seus soldados e prisioneiros. Não há prova mais clara disso do que a contínua matança de prisioneiros pelas forças de ocupação israelenses. Eles afirmam falsamente que iniciaram essa agressão para libertar seus prisioneiros, mas na realidade os estão matando para evitar pagar o preço válido, que é um acordo de troca de prisioneiros com a resistência palestina, no qual os prisioneiros palestinos nas prisões israelenses serão libertados.

Quanto à resistência palestina, ela se mantém firme, infligindo pesadas baixas em veículos ou tropas invasoras israelenses. Ao mesmo tempo, entristecemo-nos com o sofrimento de nosso povo como resultado da guerra genocida israelense que ataca indiscriminadamente todas as áreas de Gaza. Mencionamos aqui que até agora 92 jornalistas palestinos foram mortos por tal brutalidade, cujo objetivo é silenciá-los e aterrorizá-los para que não possam transmitir o que está acontecendo em Gaza.

O único feito da ocupação israelense são os crimes de guerra, o genocídio, a matança enorme de crianças e mulheres, a destruição de infraestrutura e a eliminação de todos os aspectos da vida. No entanto, nosso firme povo palestino exibe as imagens mais maravilhosas de paciência, resiliência, patriotismo, e apoio incondicional à sua resistência.

Continuamos a afirmar que o governo dos EUA é totalmente responsável por esses massacres e violações perpetradas pelo exército de ocupação israelense em Gaza, por meio da entrega incondicional de armas por parte dos Estados Unidos para matar palestinos sem qualquer prestação de contas.

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