A crise no Peru vem se aprofundando rapidamente. Após o golpe de Estado que derrubou o presidente eleito, Pedro Castillo, o País entrou em uma grande convulsão social. Os amplos protestos populares que se espalham em todo território peruano no último mês já resultaram em dezenas de mortos graças a brutal repressão estatal.
Em meio a esta crise, a presidenta golpista, Dina Boluarte, pediu ao Congresso nesta sexta-feira que aprove a antecipação das eleições presidenciais para dezembro deste ano, eleições essas que já haviam sido antecipadas para abril de 2024. A medida busca diminuir a enorme crise que o País vive, onde há sete semanas ondas de fortes manifestações exigem a derrubada do governo golpista e a volta de Pedro Castillo, preso no dia 7 de dezembro por tentar dissolver o Parlamento e governar por decreto quando notou que seria derrubado.
A repressão no Peru já deixou, segundo números oficiais, 56 mortos. Apenas nesta quinta-feira, foram contabilizados 88 piquetes que bloqueavam o tráfego das rodovias de ao menos oito das 25 regiões do país.
Além dos mortos, há centenas de feridos, inclusive muitos destes em situação grave. O governo impôs estado de emergência em quase um terço do país, incluindo a capital Lima e áreas do norte ao sul do território.
É justamente nas províncias mais pobres e nas áreas operárias onde o apoio ao governo de Castillo é maior e onde se da grande parte da resistência ao golpe de Estado, com verdadeiras mobilizações populares que se espelham pelo centro do país.
A tentativa de antecipar as eleições mostra que apesar de grande repressão, o governo golpista tem muita dificuldade de se sustentar em meio a crise, e teme ser derrubado caso a situação torne-se ainda mais crítica.