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Mobilização Popular

França: operários dão exemplo e se revoltam contra os banqueiros

Enquanto milhões tomam as ruas, dezenas de categorias já declararam greve na França

Na última semana, Emmanuel Macron, presidente da França, atropelou o Congresso e aprovou a reforma da previdência, que aumenta a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos, por meio de sua primeira-ministra, Elisabeth Borne. O anúncio causou revolta no Parlamento e, agora, resta ao Congresso votar em prol ou não da censura contra o governo, revertendo, assim, a reforma.

Frente a isso, os trabalhadores franceses, que já estavam nas ruas para impedir a reforma, aumentaram a sua mobilização, convocando atos e greves cada vez maiores. As cenas das manifestações francesas estão rodando o mundo, e mostram que o povo está radicalizado e pronto para defender os seus direitos frente ao avanço da política neoliberal no país.

Agora, centrais sindicais preparam o próximo dia de mobilização nacional contra a reforma, que será realizado na quinta-feira (23). Enquanto isso, diversas categorias se mantêm paralisadas, colocando o governo Macron contra a parede e pressionando o Congresso a derrubar a reforma golpista do presidente.

Os petroleiros já impedem há vários dias a saída de combustíveis dos depósitos. As refinarias da TotalEnergies na Normandia, uma da Petrolneros no sudeste do país e outra da TotalEnergies no noroeste estão paralisadas. Como resultado, cerca de 8% de todos os postos de combustíveis na França já enfrentam a falta de gasolina ou de diesel.

Outro setor grevista importante é o da limpeza pública. Após duas semanas de greve, garis da prefeitura de Paris afirmam que continuarão mobilizados contra a reforma. O centro de incineração de Ivry-sur-Seine continua bloqueado por grevistas.

“Todos os dias eu me levanto às 4h45 da manhã para recolher entre seis e 16 toneladas de lixo. Tenho tendinite nos dois cotovelos, dor na lombar. Nossos corpos são castigados pelo trabalho”, diz o lixeiro Karim Kerkoudi.

O Estado tentou combater a greve. O secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nuñez, requisitou que garis voltassem ao trabalho por meio de decisão do Ministério do Interior, comandado por Anne Hidalgo. Entretanto, o ataque à greve não surtiu efeito, com somente 10 dos 80 caminhões de lixo circulando na cidade.

O setor ferroviário mantém-se firme na mobilização contra a reforma da previdência. Na segunda-feira (20), quatro em cada cinco trens de alta velocidade e dois terços dos trens regionais não estavam circulando. Somente 40% dos trens que fazem a ligação entre as cidades da periferia e Paris funcionam.

As greves dos transportes, porém, não estão restritas à capital francesa. Em Rennes, no noroeste, linhas de ônibus estão paradas. Em Metz, nordeste, garagens de ônibus públicos foram bloqueadas por manifestantes.  Além disso, em diversos pontos do país, como Brest, Nantes, Caen e Bordeaux, militantes estão impedindo a circulação de veículos.

Nos ares, a situação é a mesma. A Direção-Geral de Aviação Civil convocou trabalhadores de companhias aéreas do aeroporto de Orly a cancelarem 30% dos voos da segunda-feira (20). O mesmo foi feito com os funcionários de empresas do aeroporto de Marselha-Provença, no sul, com pedido de cancelamento de 20% dos voos.

Ademais, 300 manifestantes ocuparam, na manhã da terça-feira (21), o aeroporto de Tarbes-Lourdes. Em Pau-Pyrénées, no oeste da França, sindicalistas cortaram a eletricidade durante cerca de meia hora, mostrando a radicalização da mobilização francesa.

Por fim, professores e fiscais realizaram uma paralisação na segunda e na terça-feira (21) contra a reforma, boicotando as provas do Bac, exames realizados ao fim do Ensino Médio. Ao mesmo tempo, centenas de estudantes da universidade Paris 1 Panthéon Sorbonne votaram, na segunda-feira, a ocupação do campus de Tolbiac, no sul de Paris.

As declarações dos estudantes dão o tom do movimento: “A imposição da reforma da Previdência acordou a juventude […] Estamos revoltados e convidamos todas as universidades a se unirem a nós”, afirmou Lorelia Fréjo, universitária de 23 anos. Eléonor Schmitt, porta-voz do sindicato estudantil Alternativa, disse que “Em todas as universidades da França, a mobilização se organiza”. “Nos unimos a todos os trabalhadores em greve para nos juntarmos a seus piquetes”, reiterou.

Enquanto isso, a repressão aumenta. Na última segunda-feira, cerca de 300 pessoas foram detidas em várias cidades da França, a maioria em Paris. Somente na capital francesa foi dada a ordem de detenção a 234 manifestantes. No total, mais de 500 pessoas já foram presas pela polícia.

No Brasil, a imprensa burguesa, frente à fúria dos trabalhadores franceses, tenta prevenir uma crise similar em território nacional. O Estadão, por meio de coluna de Pedro Fernando Nery, cria a hipótese absurda de que, apesar da radicalização dos protestos na França, no Brasil, a reforma da previdência é popular e possui aceitação até mesmo dentro do governo.

Trata-se de uma demonstração de que os operários franceses estão dando o exemplo do que deve ser feito no Brasil. Afinal, se a burguesia brasileira teme o que está acontecendo no outro lado do Atlântico, é porque, caso fosse aqui, representaria um grande ataque aos seus interesses enquanto classe.

Nesse sentido, as organizações populares, as centrais sindicais e os partidos de esquerda devem organizar uma ampla mobilização aos moldes dos atos e das greves francesas. Porém, não deve se limitar ao fim da reforma da previdência, deve ir além e incorporar ao movimento o fim da “autonomia” do Banco Central, fora Campos Neto e colocar-se de maneira oposta à burguesia que, agora, tenta encurralar o governo Lula de todas as maneiras possíveis.

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