Na semana passada, o jornalista norte-americano Seymour Hersh revelou quem foi o responsável pela explosão dos dois gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, que ligam a Rússia com a Europa, ocorrida no final do ano passado.
Hersh (90 anos), um dos jornalistas mais importantes ainda vivos, prêmio Pulitzer e repórter que fez o mundo conhecer o Massacre de My Lai durante a Guerra do Vietnã e a prisão de Abu Ghraib, no Iraque, onde os EUA realizavam as mais abomináveis torturas contra prisioneiros políticos, publicou sua reportagem em sua página na plataforma Substrack, onde também escreve o jornalista Glenn Greenwald e outros que não têm espaço nos grandes veículos de comunicação.
Conforme sua mais recente revelação, mergulhadores da Marinha dos EUA instalaram explosivos nos dois gasodutos em meados de 2022, que acabaram por explodir três meses depois. Já se suspeitava que os EUA estariam detrás do caso e políticos e analistas russos e europeus vinham acusando Washington. Agora, isso foi comprovado.
Como disse o especialista em política internacional, Fernando Moragón, essa sabotagem é até mesmo digna de uma declaração de guerra. Porque, sem os Nord Stream, a Europa está basicamente privada do fornecimento de gás, uma vez que ela é quase totalmente dependente do gás russo. Isso tem levado ao encarecimento absurdo das tarifas de gás para os cidadãos europeus e mesmo à falta de calefação para milhões de lares.
A Rússia, por sua vez, perde uma de suas mais importantes receitas. É sabido que os EUA sempre trabalharam para sabotar os acordos que levaram à construção dos dois gasodutos, porque perderiam a competição do fornecimento de gás à Europa para os russos.
Os grandes jornais e canais de televisão do mundo noticiaram as explosões. Contudo, agora que a sua causa e o seu responsável foi descoberto, não houve nem um pio. Precisamente porque o culpado é o governo dos Estados Unidos. E, como sabemos, os grandes meios de comunicação capitalistas dos EUA, da Europa e dos países da América Latina, África e Ásia são controlados direta ou indiretamente pelo regime norte-americano (sua burguesia e seus serviços de inteligência). CNN, New York Times, Washington Post etc. são verdadeiras assessorias de imprensa da Casa Branca e do Pentágono, enquanto os veículos de fora dos EUA não passam de sucursais desses jornais e TVs.
Se Seymour Hersh houvesse descoberto que, ao invés dos EUA, a culpada pela explosão fosse a Rússia, isso seria manchete em todos os jornais e tema central de todos os noticiários televisivos. Por muito menos os russos, chineses e iranianos são expostos como vilões na imprensa. Mas o governo e o Estado norte-americano são absolutamente blindados. O que está havendo é uma autocensura de todos os grandes meios de comunicação burgueses sobre o caso, comprovando a sua relação de vassalagem diante do poder dos EUA.