Nas últimas semanas, algumas agências e órgãos de pesquisa vêm noticiando um aumento da presença do bolsonarismo nas redes sociais. O que parecia calmo, de fato, vem tomando uma forma de organização por debaixo das redes oficiais, método já muito bem utilizado pela extrema-direita. Pelos dados vê-se um crescimento dos chamados engajamentos nas redes sociais, ao mesmo tempo que se nota também uma redução destes por parte da esquerda.
Outro ponto de destaque são algumas pesquisas para a prefeitura do próximo ano. Direitistas como o deputado federal Nikolas Ferreira, que está ameaçado de ter o seu mandato cassado, aparecem na ponta das pesquisas. É o caso da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, onde Carlos Viana (PODEMOS) teria 23,8% dos votos contra 20,7% de Nikolas Ferreira (PL). Para termos uma noção, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG), aparece com os irrisórios 5%.
Muitos da esquerda se perguntam, por qual motivo, mesmo depois da eleição presidencial de Lula, a esquerda ainda continua perdendo espaço para a extrema-direita? Um fenômeno que deve ser entendido é que Lula tem um histórico com a classe trabalhadora e pobre que ninguém possui no país. Lula, por mais que podemos discordar da sua política, é fruto de um processo político no país que passa pela saída da ditadura até a elaboração de políticas públicas para os pobres. Não é um político qualquer. A eleição de Lula se dá no marco da sua história e histórico com os setores mais oprimidos da sociedade. Visto que facilmente sabíamos e advertimos que dificilmente outro candidato da esquerda ganharia de Bolsonaro.
Outro ponto que é fundamental para este fortalecimento do Bolsonarismo é o cenário atual do identitarismo. O setor pequeno burguês da esquerda, vai a reboque da política imperialista identitária, atuando de uma forma a imprimir a censura por um suposto bem comum. Ao utilizar-se da política repressiva e da censura para imprimir uma política, a esquerda cria uma política totalmente antipopular, fazendo com que qualquer pessoa de senso comum rejeite, principalmente setores mais atrasados e conservadores da sociedade. Vejamos que Bolsonaro obteve 50% dos votos. Teria sentido tentar calar de uma forma policialesca metade da população brasileira? É neste sentido que a extrema-direita coopta setores que não desejam se ver obrigados a concordar com essa ou outra opinião de uma forma autoritária. O último debate do caso do Deputado Federal Nikolas Ferreira é uma expressão deste fenômeno. O deputado ou qualquer cidadão do mundo tem o direito e não precisa concordar com nenhuma opinião pré-concebida – ainda mais pelo imperialismo. É com a pauta da liberdade de expressão – mesmo que sendo uma utilização eleitoreira da direita – que os bolsonaristas crescem e, ao mesmo tempo, encurralam a esquerda.
Muitos esquerdistas acham que a eleição foi um ponto de inflexão na política nacional. A extrema-direita tem uma noção clara da situação política e da sua força social. Enquanto a esquerda acha que os melhores tempos estão vindo, a extrema-direita juntamente com a direita observa o cenário e se organiza. O governo Lula ainda não decolou e a esquerda identitária joga água no moinho do Bolsonarismo. Eles crescem e a instabilidade está criada. Caso a direita volte seria uma das maiores derrotas da esquerda desde a ditadura, o povo estaria arruinado.