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Luan Monteiro

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária e da Aliança da Juventude Revolucionária.

Coluna

Autêntico e cancelável: descanse em paz, Gil Brother!

Morre aos 66 anos um dos humoristas mais marcantes dos anos 2000. Com seu humor escrachado, Gil marcou toda uma geração

Na noite do último domingo, morreu o querido humorista Gil Brother, o Away de Petrópolis, conhecido pela sua célebre participação com o grupo Hermes e Renato, dos tempos que a MTV ainda produzia conteúdos autênticos.

Jaime Gil da Costa faleceu aos 66 anos, após passar meses internado, desde maio de 2023, quando sofreu um AVC. Além disso, o humorista enfrentava uma luta contra dois cânceres, de próstata e bexiga, e seu estágio de saúde já estava debilitado há alguns anos. A triste notícia circulou por uma publicação em sua página oficial do Instagram, feita pelo seu sobrinho William Passos, que administrava suas redes sociais.

Gil Brother fez história e ficou muito conhecido no início dos anos 2000, no auge do Hermes e Renato. “Foi o primeiro vlogger do Brasil, muito antes do YouTube, com seu Away News”, declarou a página do grupo Hermes e Renato em seu Instagram. Um programa para lá de cancelável e de um humor ácido, que certamente não seria tolerado pelos identitários nos dias de hoje.

E é justamente essa acidez que tornou o humor do Hermes e Renato esse épico sucesso do humor brasileiro. Sem demagogia, sem pensar duas vezes, sem censura (ou com muito menos do que há hoje em dia) e com o espírito de ironizar, escrachar e ofender a qualquer um, em nome do entretenimento.

Em seu Away News, Gil escrachava a moda de vestimenta dos jovens, o uso de anabolizantes e até mesmo a pedofilia. O quadro foi marcado pelos bordões “vou passar a lambida”, onde falava enquanto lambia uma faca, em tom de ameaça. O Away News chegou a ter inclusive uma versão nova, no YouTube, cerca de 10 anos depois.

Outro personagem emblemático foi o Professor Gilmar, um “advogado renomado na OB”, como dizia Gil, que dava aula de Direito Penal e zombava de todos os seus alunos. Na esquete temos seus bordões marcantes como “criado a leite com pera”, “não aguenta 10 minutos de porrada comigo” e muitos outros.

Gil Brother e o grupo Hermes e Renato marcaram toda uma geração, do começo dos anos 2000, num período de franca decadência cultural, onde as televisões estavam tomadas por programas de baixíssima qualidade. Hoje em dia, o humor ácido e escrachado de Gil Brother seria facilmente cancelável pela esquerda pequeno burguesa histérica, que acha que tudo é ofensivo, tudo é preconceito e onde já não se pode mais fazer piada com nada.

O nosso querido Away é o exato oposto dessa palhaçada. Gil era o típico figurão das ruas, daqueles que todos no bairro conhecem por serem quase como um personagem. De origem humilde, nasceu e cresceu em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Quando conheceu o grupo Hermes e Renato, ganhava seu dinheiro lavando carros, na rua mesmo. E desde aí já tinha seus bordões, seu jeito cômico e marcante de falar, de gritar, com os outros nas ruas. E foi assim que Fausto Fanti o conheceu e o convidou para fazer um teste no programa da MTV.

Naquela época, não havia grandes limitações para se fazer humor. Em seus programas, o uso de palavrões passava sem o menor problema, com ofensas fortes, piadas com morte, assassinato e etc., eram o que marcava o programa. Gil e toda a tropa do Hermes e Renato tiravam um verdadeiro sarro da sociedade, dos setores mesquinhos, da classe média nojenta, dos policiais corruptos, dos playboys e muito mais. Escrachavam com os comportamentos decadentes que vivenciavam. Se fosse para ofender alguém, seriam justamente esses setores mais medíocres.

O texto é uma simples homenagem para uma das figuras que moldaram meu senso de humor e marcaram uma parte da minha vida. As besteiras e xingamentos feitos por Gil ainda me trazem gargalhadas que nunca perdem a graça.

Nos dias de hoje, é difícil crer que alguém consiga fazer um humor com tamanha originalidade e autenticidade. Fica aqui um agradecimento eterno aos “punks do humor”, como Fausto chamava o grupo.

Descanse em paz, Gil!

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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