Nesta quarta-feira os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram eleitos pelos parlamentares brasileiros, reelegendo Arthur Lira na Câmara e Rodrigo Pacheco no Senado. A vitória do segundo foi classificado na imprensa como uma vitória do governo Lula; no entanto, a realidade é muito diferente.
O governo Lula apoiou Pacheco no Senado como forma de impedir que Rogério Marinho, o candidato bolsonarista, fosse eleito. Apesar de se dizer um “democrata”, Pacheco não é figura de confiança de Lula, muito pelo contrário: foi líder do Senado no governo Bolsonaro. Já na Câmara o resultado é tão complicado quanto. Arthur Lira já estava dado como reeleito: no fim, recebeu o maior número de votos da história das eleições para líder do Congresso, e o Partido dos Trabalhadores se viu entre ou participar do grupo de Lira, ou colocar o governo como oposição minoritária dentro da própria Câmara. Na prática, Lula não controla nenhum, nem outro: ambas as casas são controladas por “aliados” de ocasião que podem rapidamente se voltar contra o governo.
Devido a este problema, os jornais da burguesia já noticiam que os ditos aliados da frente ampla estão agora supervalorização seu apoio ao governo em troca de cargos. Lira por exemplo já é colocado como uma figura que Lula “deve” logo no seu primeiro mês de governo. Segundo O Globo, o “Rei Arthur” – como já vem noticiando o golpista – vai querer “repactuar” sua relação com o governo eleito, alterando a distribuição de verbas, com os valores que chegam a R$ 9 bilhões que o governo tem após o fim do orçamento secreto.
A articulista burguesa Malu Gaspar afirmou em sua coluna no jornal O Globo que “virou chavão em Brasília dizer que só agora Lula conhecerá o verdadeiro Lira (…) ‘O poodle vai virar pitbull’, diz um aliado”. Ainda segundo a mesma, o jogo que Lula “escolheu jogar” irá ser “mais caro do que ele calculou” e “é provável que viva os próximos anos com a faca no pescoço”.
As declarações dadas refletem a situação que vive o governo eleito. Os supostos aliados da frente ampla de Lula são na verdade infiltrados, verdadeiros golpistas que buscam sabotar o governo. Lula não conseguirá por meio destas instâncias defender as promessas feitas na campanha eleitoral. A mera conversa “por cima”, com acordo e benefícios para a direita custarão cada vez mais ao governo eleito e servirão para colocar Lula contra a parede. A única saída que Lula possuí é governar com o povo nas ruas, esta é a única força real que Lula possuí para confrontar a burguesia golpista, que sabota seu governo desde o primeiro dia.