A Federação Única dos Petroleiros (FUP) enviou nesta quarta-feira, dia primeiro de fevereiro, um ofício cobrando da nova gestão da estatal o retorno de concursos públicos e contra a terceirização.
A FUP solicitou à direção da Petrobrás a “suspensão imediata” dos processos de terceirização das unidades da empresa, com destaque na reivindicação dos petroleiros do fim das terceirizações relativos ao Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), que fica no Rio de Janeiro.
“Não é cabível avançar no processo de terceirização no apagar das luzes, sem qualquer orientação nem atenção às prioridades estratégicas do novo governo e da nova gestão da empresa”, alegou a FUP.
A entidade sindical denuncia o processo de terceirização que implica na desintegração da segurança dos petroleiros que afetam as unidades da Petrobrás desde o golpe de impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.
O Cenpes, importante setor que inclui diversos laboratórios e até mesmo uma “mini-refinaria”, sofre com a constante desintegração com o processo de terceirização e seus operários sofrem do mesmo, o que fez a categoria exigir imediatamente a instituição de novos concursos públicos. O Sindicato dos Petroleiros do Rio (Sindipetro-RJ) emitiu diversos alertas quanto ao risco da colocação de trabalhadores terceirizados em funções críticas.
“São medidas totalmente irresponsáveis numa área operacional onde, sabidamente, é requerida formação e expertise, para lidar com situações de risco como alimentação elétrica e produtos químicos”, disse o sindicato, na semana passada.
Outra demanda expedida pelos petroleiros é o cancelamento do processo de privatização da Petrobrás Biocombustível (PBio) pela nova gestão. A empresa, que é uma das maiores empresas de biocombustível do país, com diversas unidades por todo o Estado de Minas Gerais, Bahia e Ceará, que juntas possuem a capacidade de produção de 580 mil metros cúbicos de biocombustível por ano, sofrem a ameaça de ser entregues de mãos beijadas aos capitalistas caso o processo não seja cancelado.
Em uma mensagem aos trabalhadores da empresa, Jean Paul Prates disse, na semana passada, que “trabalharemos para que a Petrobras siga sua jornada no petróleo e no gás, mas também trilhe novos caminhos perseguindo a descarbonização”. Jean Paul, que foi confirmado pelo conselho de administração da Petrobrás para assumir o comando da petroleira, enfatizou a suposta necessidade de inserir a Petrobrás no processo da chamada transição energética.
Seguindo na contramão da atuação de todas as grandes petrolíferas internacionais e seguindo a agenda política da burguesia imperialista, Bolsonaro anunciou a privatização da PBio ainda em 2020, com o objetivo de gerar caixa e ampliar a distribuição de dividendos com a venda de ativos, política entreguista que prioriza o capital financeiro e os rentistas especuladores.
O problema apresentado pela FUP, com relação a terceirização do trabalho, deve ser levado adiante como uma das pautas centrais da esquerda. A terceirização enfraquece a organização operária, o colocando a mercê das chantagens patronais.
A terceirização é uma medida de burlar a proteção dos trabalhadores e desvalorizar a mão de obra, além de enfraquecer a organização operária como um todo.
A reivindicação que deve ser feita pelos trabalhadores da petrolífera e sindicalizados, além de todas as outras categorias, é a imediata incorporação de todos os trabalhadores terceirizados no regime contratual de CLT das empresas, como funcionários plenos em seus quadros de empregados.