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Francisco Weiss

Militante do PCO em São Paulo. Juntou-se ao partido em 2018, em meio à campanha da luta contra o golpe e pelo “Fora Bolsonaro”. É membro da coordenação do Grupo por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), além de dirigente do PCO em São Paulo. Apresenta de segunda a sexta o programa Reunião de Pauta na COTV e outros programas do Canal e também da Rádio Causa Operária.

Lançamento macabro

A decadência capitalista é o terror

O filme "Noites Brutais" traz temas e cenas pesadas e assustadoras

Sou um profundo admirador de filmes do gênero terror. Os momentos mais memoráveis da minha infância foram justamente sensações de pavor no escuro após assistir filmes como “O sexto sentido” ou “O exorcista” e muitos outros. Filmes assim estão desde sempre mexendo com a imaginação de crianças e adolescentes, roubando suas horas de sono, graças ao medo de mergulhar em seus sonhos e dar de cara novamente com os monstros recentemente vistos na tela.

Aparentemente, os últimos anos viram um ressurgimento da importância dos filmes de terror. Depois de muito tempo em que a popularidade e a qualidade do gênero estiveram em baixa, recentemente, surgiram diversas grandes obras de terror sobre os mais diferentes temas. Filmes como “A bruxa”, “Hereditário”, “Midsommar” e muitos outros fizeram o terror estar novamente no centro das discussões sobre cinema.

Um dos filmes cotados para ser o melhor do gênero neste ano de 2022 é o filme chamado “Noites Brutais” (em inglês, Barbarian), lançado em setembro deste ano, e o qual assisti recentemente. O começo mostra a moça Tess fazendo check-in numa casa que ela alugou pelo Airbnb, logo no início, já aparecem problemas porque há uma outra pessoa estranha ficando na casa e que diz tê-la alugado, mas por outro aplicativo de locação.

Falar o que se desenrola no enredo do filme a partir daí pode estragar a experiência para aquelas pessoas que não gostam de spoilers, o elemento surpresa é um importante fator para a qualidade do filme. A cada nova cena, você se surpreende com o desenrolar de história. Ao contrário daqueles filmes previsíveis e irritantes que se vê todos os dias, Barbarian te traz novos elementos (e eles vão ficando cada vez mais pesados e assustadores), a todo momento.

É interessante observar também que o filme se aproveita da onda de relatos de crimes reais envolvendo psicopatas dos EUA, o que deu a origem a uma infinidade de séries, podcasts, documentários e muito mais. Está além do escopo dessa coluna discutir a real razão para o surgimento de tantos assassinos em série neste país, mas é algo que vale a pena uma reflexão.

Mas além de confiar nessa moda, o filme também se apoia fortemente nos elementos clássicos do terror tradicional. Sustos, cenas de violência e elementos que ficam entre o natural e o sobrenatural, estão presentes a todo momento.

O elemento político também é presente no filme. A casa em que se passa boa parte da trama do filme está no bairro de Brightmoor, na cidade de Detroit. O bairro sempre concentrou pessoas de baixa renda, a princípio imigrantes que se mudaram para a cidade para trabalhar nas grandes montadoras da cidade. A decadência aparente de Brightmoor, que representa a própria decadência de Detroit e da economia norte-americana, é parte do terror macabro do filme. O ambiente urbano abandonado e miserável, uma realidade para uma boa parte da população mundial, contribui muito para o medo que causa o filme.

Além disso, há diversos temas bastante pesados de que o filme trata, como psicopatia, assassinatos em série, estupro, incesto e muito mais. Num certo sentido, é um filme de terror que expressa bem algumas das consequências da própria decadência do capitalismo. Todos os temas supracitados  (a degradação de uma cidade, a relação pervertida entre pessoas, os assassinos psicopatas) são fruto de uma sociedade profundamente doente. Essa decadência pode ser explorada e mostrada de um ponto de vista macabro e assustador para o entretenimento cinematográfico. Isso contribui muito para a identificação com o filme.

Artigo publicado, originalmente, em 06 de novembro de 2022.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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