O último dia de provas do ENEM será realizado hoje, dando continuidade para o processo seletivo que, em lugar de facilitar, dificulta o ingresso dos jovens no ensino superior. Apesar de a prova nacional ser um avanço em relação à situação anterior, em que era necessário realizar uma prova diferente para o ingresso em cada universidade (ao estilo da FUVEST), ele ainda significa uma barreira para qualquer pessoa ingressar no ensino superior, sobretudo para a população pobre.
Esse problema se intensifica, também, na medida que cada vestibular é diferente um do outro, sendo a maioria de caráter mais “conteudista”, cobrando mais assuntos específicos estudados apenas por setores com melhor acesso ao ensino em detrimento a alunos da escola pública. A verdade é que o atraso na educação brasileira é um grande problema social, e a necessidade de vestibular para aprender piora ainda mais a situação. O ENEM, pelo contrário, vai contra essa maioria, sendo menos conteudista, mas ainda cobrando muita interpretação e, na maioria das vezes, vencendo o candidato pelo cansaço.
Pelo fim do vestibular
Qualquer barreira para a educação da população é reacionária. Por isso, é preciso defender o fim do processo seletivo que impede a maioria da população pobre do País que não tem acesso a uma boa educação primária e não tem recursos para fazer os chamados “cursinhos” que preparam os alunos para as provas.
Há quem diga que o vestibular garante o nível do ensino superior elevado. Isso não é verdade. É preciso salientar que o nível da educação superior deriva do investimento estatal na pesquisa e no desenvolvimento tecnológico. Quanto maior o investimento, melhores serão os professores, a experiência do curso e, consequentemente, melhor será o aprendizado dos alunos.
Na realidade, o vestibular produz a situação em que, a maioria da população é alijada do ensino público e passa a estudar em instituições privadas de péssima qualidade. Isso piora o mercado nacional, boicota a economia e, em consequência, os recursos para investimento.
Pelo governo tripartite
Além do livre ingresso as universidades, precisamos defender que essas sejam governadas de maneira democrática. Quer dizer, diferente do governo atual por apontamento de reitores, a universidade seja tocada pelos três setores fundamentais de seu funcionamento: os alunos, em primeiro lugar, os funcionários e os professores. Considerando peso maior para o setor em maior número, no caso, os alunos.
Para a universidade ter uma ação progressista, é preciso que ela seja tocada pelos setores diretamente interessados no seu desenvolvimento. Os alunos, os professores e os funcionários, não só dependem da universidade, como se desenvolvem a partir dela. A pesquisa, dessa forma, deve ser voltada para os interesses da comunidade e não das grandes empresas que porventura influencie a reitoria da universidade.