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Santas e imaculáveis

Tudo pode ser fraudado, menos as urnas

O Brasil é o país mais honesto do mundo quando se trata de urna, só não vê quem não quer.

Diante da possibilidade de que Lula perca as eleições, toda uma parcela da esquerda pequeno-burguesa acordou, pelo menos parcialmente. Já se admite que a campanha do Lula precisa largar os golpistas e adotar um aspecto mais popular, outra realidade finalmente reconhecida é que as eleições têm boa dose de fraude. Contudo, como o pequeno-burguês não consegue ir muito além do que diz a imprensa burguesa, que exerce uma enorme pressão sobre os círculos sociais bem-pensantes, e acusa fraude em tudo, menos para as urnas. 

É claro que a fraude abrange muitos aspectos do processo eleitoral, justamente por isso não podemos confiar ou dar por garantido nenhum desses aspectos, muito menos o mais importante: a urna e a contabilização dos votos. 

A esquerda pequeno-burguesa adora fazer análises culturalistas da sociedade brasileira, fala do jeitinho brasileiro, nosso povo seria corruptos em tudo… menos no que tange as eleições e as urnas eleitorais, essas últimas são imaculáveis e divinas graças ao poder da tecnologia. 

Algumas maneiras de fraudar uma eleição

  1. Comprando votos

Corretamente, algumas pessoas apontaram para o mais óbvio: Bolsonaro gastou bilhões da máquina pública na compra de votos. O já muito conhecido orçamento secreto certamente trouxe muitos votos para Bolsonaro. O presidente e o atual ministro da economia passaram de  ferrenhos neoliberais e defensores do laissez-faire para bondosos distribuidores de renda, aumentando os programas sociais existente e subsidiando o preço da gasolina. Bolsonaro foi praticamente obrigado a dar o auxílio emergencial para a população sob risco de uma levante popular e parlamentar (estes acuados pelo povo), agora, coincidentemente em ano de eleição, aumenta o auxílio, mas só até o final desse ano. Fosse o PT a fazer esta política, todos os seus militantes estariam presos. Com o orçamento secreto, é inegável que Bolsonaro comprou o apoio de uma parcela grande da população.

  1. Fraudando as pesquisas

Não foi engano algum, a enorme discrepância entre o que apontavam as pesquisas e o resultado do primeiro turno, a burguesia manipulou as pequisas para tentar frear Bolsonaro no primeiro turno, para que este não atropelasse mais do que necessário a esquerda e sobretudo a direita tradicional. Mostrando que Lula estava praticamente ganho do primeiro turno, as pesquisas conseguiram frear a campanha do petista, que achava que já estava ganho, adotando, portanto, uma postura muito mais à direita e tímida, como a campanha de Bolsonaro, acuando seus eleitores e tentando diminuir a transferência de voto de Bolsonaro para seus candidatos ao governo e ao legislativo. O já ganhou teve um efeito devastador sobre a campanha do PT, isso é claro, mas não podemos medir corretamente o impacto que teve sobre a campanha de Bolsonaro, poderia ser o atual presidente ter ido pro segundo turno em primeiro lugar? Talvez, fato é que no quesito estadual, Bolsonaro foi o franco vencedor das eleições, elegeu a maior bancada do Congresso das últimas duas décadas e meia. Essa prática de fraudas as pesquisas não é de agora, sempre foi usada para poder conter um candidato e fazer outro parecer maior do que é afim “dar um tranco” em sua candidatura, lembrando do caso de Aécio em 2014, que na reta final das eleições saiu do terceiro lugar para ir para o segundo turno contra Dilma. A fraude foi tão grande esse ano que o antigo IBOPE se dividiu em dois, uma parte da empresa para pesquisas eleitorais, pronta para ser descartada depois de um enorme fracasso em suas pesquisas, e outra parte preservada para as pequisas de audiência e outros serviços afins. Vale ressaltar o caso Datafolha que trocou toda sua equipe esse ano e pela primeira vez não realizou e pesquisa de boca de urna.

  1. Quem tem a máquina tem quase tudo

Desde que Fernando Henrique Cardoso alterou, através da emenda constitucional de revisão n.º 5, de 1994, a constituição brasileira permitindo a reeleição, todos os presidentes que se elegeram conseguiram a reeleição. Ter a máquina do estado trabalhando para você é uma vantagem muito grande sobre seu concorrente. Bolsonaro tentou impedir o passe livre para que as pessoas pudessem votar no dia da votação, sabendo que a parcela mais pobre vota tradicionalmente na esquerda. Outra possibilidade de fraude foi denunciada por um colunista do 247, Fernando Horta, que diz :

“Na eleição de 2022 vimos isso acontecer. Jovens negros sendo presos e aviltados por “boca de urna”, enquanto cabos eleitorais da extrema-direita enfestavam o entorno das seções, inclusive adesivando os próprios locais de votação, bastante próximos às urnas. E tudo isso com a anuência de mesários que iam votar com as cores dos candidatos da mesma extrema-direita.

Aliás, o voluntariado para atuar nessa eleição foi incomumente alto. Não é sem errado dizer-se que houve um movimento coordenado para povoar as seções com mesários lenientes com práticas ilegais perpetradas por apenas um lado da eleição.”

  1. Urnas

Outro colunista do 247, lembra da fraude em eleições passadas, com urnas sendo levada para casa durante a República Velha, e, mais recentemente, do famoso episódio envolvendo Brizola no Rio de Janeiro: 

As fraudes em votações eram corriqueiras na eleição brasileira antes da urna eletrônica. Muitos ainda se recordam das urnas grávidas, do voto de cabresto, do roubo de urnas, do voto formiguinha, do sumiço de boletins de urnas, da adulteração de atas e até mesmo o famoso escândalo da Proconsult no Rio de Janeiro. Conjugado com o voto em cédula, o sistema de apuração montado pela empresa de mesmo nome direcionava votos para o candidato do PDS, Moreira Franco, contra o trabalhista Leonel Brizola. O mecanismo da fraude era desviar votos brancos e nulos, para derrotar Brizola em 1982 ao governo do estado. A apuração paralela, contratada pelo PDT, diagnosticou a fraude e impediu que ela se consumasse. Esse terror começou a desaparecer a partir do desenvolvimento da urna eletrônica em 1996, efetivada pelo ministro Carlos Velloso, inicialmente em 57 cidades e 5 anos depois implantada com sucesso em todo o país.

Estranho pensar que depois de 1996, todos os problemas envolvendo as urnas eletrônicas foram resolvidas no Brasil, através de um simples ação do TSE, o Brasil resolveu um problema secular. Mais estranho ainda é que outros países mais desenvolvidos, como EUA, França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá… a lista é longa, com praticamente todos os países do mundo (alguns até usam um sistema mesclado), com exceção do Brasil, Bangladesh e Butão que superaram todos os demais e adotaram a urna eletrônica sem comprovante de voto. Talvez seja um peculiaridade de países atrasados que começam com B! 

No Brasil, onde até eleição de condomínio e Centro Acadêmica são fraudadas, onde a burguesia consegue se safar de qualquer lei e o juiz dobra contra o cidadão comum, a população pode dormir tranquila porque os algozes do povo não se atrevem a fraudar as urnas que eles mesmo controlam. 
A eleição deveria ter um processo auditável pela população, o mais comum dos cidadãos deveria ser capaz de entender e reproduzir o processo de escrutínio, o que não acontece com a urna eletrônica. Para entender como funciona essa é preciso entender de programação, o que excluí a esmagadores maioria da população. Um simples pen drive ou um algorítimo já embutido quem sabe poderia alterar o resultado final da eleição. Mas isso não pode sequer ser debatido. Ao apontar esse fato e suscitar esse debate, a imprensa burguesa e os bem pensantes se furtam ao debate e partem para ataques, taxando o outro de “conspiracionista” ou “louco”.

Loucura é acreditar que toda a corrupção do sistema capitalista termina ou se detém com uma simples urna eletrônica.

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