Nesta quarta-feira (02), Wellington Dias, ex-governador do Piauí e senador eleito pelo PT, declarou, em uma entrevista à Globonews, que o salário mínimo vai subir cerca de 1,3% acima da inflação em 2023. Valor muito inferior ao que foi colocado ao longo da campanha de Lula. Ao invés de um reajuste de 7,41%, o que colocaria o salário mínimo atual de R$ 1.212 para R$ 1.302, a equipe de transição prevê mais 1,3% como aumento real, levando o valor a cerca de R$1.320. Ainda assim, não foi por 1% que os trabalhadores realizaram campanha por Lula presidente, e nem foi essa a linha colocada pelo petista na campanha.
Fica claro que há um embate entre as alas mais direitistas e mais progressistas dentro da campanha de Lula. Finalmente, existe um setor reacionário em sua transição que tem como Alckmin um de seus principais expoentes. Afinal, trata-se de um tucano que, durante seus governos, massacrou o povo pobre como qualquer político burguês. O mesmo vale, mas em menor intensidade, a Wellington Dias, uma figura pequeno-burguesa dentro do PT.
Entretanto, fato é que a crise do imperialismo é gigante e que a classe operária está na miséria. Quadro que, ao que tudo indica, não vai mudar tão cedo, ou seja, é imprescindível que o novo governo Lula leve adiante uma política que considere, em primeiro lugar, os interesses dos trabalhadores, e não dos patrões. Para tal, precisa vencer o embate interno que o empurra para posições à direita de sua política.
Nesse sentido, as organizações operárias devem se juntar a essa campanha e apoiar Lula para trazer um salário mínimo digno ao povo, que possa atender a todas as suas reivindicações e necessidades mais imediatas. Acima de qualquer grupo, são os sindicatos que, organizados em torno da Central Única dos Trabalhadores (CUT), devem mobilizar os trabalhadores para tomar as ruas na defesa de seus interesses enquanto classe.
Enquanto isso, a direita avança cada vez mais por dentro do governo Lula, infiltrando elementos reacionários em sua administração, como é o caso do próprio Alckmin, além de Simone Tebet, Henrique Meirelles e demais elementos neoliberais. As organizações populares devem, justamente, fazer uma frente contra isso, colocando as necessidades dos trabalhadores em primeiro lugar.
A campanha por um salário mínimo suficiente será central ao longo de todo o governo Lula. É a principal reivindicação que pode trazer a classe operária que defende Bolsonaro para o seu lado. Afinal, os trabalhadores são sensíveis às questões materiais, concretas e, portanto, se juntarão ao governo Lula na defesa de suas necessidades.