Moro e faço atividade política aqui na região do Extremo Sul da Bahia, região onde vivem uma grande população indígena e havia antes conversando com alguns companheiros e conhecidos que atuam dentro das terras indígenas sobre a vacinação e haviam me dito que a vacinação nas aldeias era baixa e até sobravam vacinas.
Nessa semana fui para uma aldeia aqui na região de Porto Seguro (BA) e conversando com alguns índios sobre a vacinação e as vacinas contra o coronavírus ficou ainda mais claro sobre porque um setor da população brasileira não quer se vacinar. Durante essas conversas o que mais apareceu foi extrema desconfiança nas medidas do governo e nas instituições.
Nas conversas fui procurar ouvir a opinião dos índios sobre a vacinação e um dos senhores que estava na conversa disse que o governo somente fez “coisa ruim para o índio”, se referindo a Jair Bolsonaro. Outro disse que sempre que o governo lembra do índio “é para atacar o índio ou é para votar”. E nesse sentido foi a conversa.
Outra coisa que apareceu é que uma parte dos índios na aldeia confiam mais no pastor no que a Funai diz ou nos médicos. O que não é de se estranhar porque a única organização que está atuando dentro das aldeias aqui sistematicamente, e que a gente concordando ou não, apresenta uma “solução” para os problemas fundamentais dos índios da aldeia são as igrejas evangélicas.
A conclusão é que os índios daqui não confiam no governo porque o governo nunca aparece com nada que melhore a vida nas aldeias. Sequer a demarcação e homologação que seria um direito fundamental e constitucional chegou até os finalmente. E quando o governo aparece é para atacar, como realizando despejo ou destruindo as barracas de praia que pertencem aos índios.
A população não confia nos governos e nas empresas farmacêuticas e isso é ótimo!
O que ficou claro é que os indígenas que não querem se vacinar, e mesmo os que se vacinaram, não confiam no governo e suas instituições. É um enorme avanço e não é de grandes leituras, mas nas experiencias que tiveram. Um bom exemplo é o programa Mais Médicos. Trabalho com assentamentos rurais e numa região onde faltam médicos que fazem o básico. E haviam postos de saúde em áreas mais isoladas onde os médicos não queriam trabalhar, nem com o salário sendo quadruplicado e chegando a valores acima de R$ 30 mil. Esses mesmos médicos preocupadíssimos com a saúde da população pobre e trabalhadora fizeram campanha aqui na região contra o programa Mais Médicos e ainda mais contra os Médicos cubanos e essa população pobre viu essa campanha.
Os médicos cubanos vieram foram para esses locais que nunca tiveram médicos, como aldeias e acampamentos, e eram infinitamente melhores que esses médicos que fizeram campanha, inclusive atendendo da melhor maneira possível e sem aquela “pompa” dos médicos. Agora querem que a população confie nesses médicos brasileiros que atacaram os cubanos, médicos que apareceram na Rede Globo, como o científico Drauzio Varela, que fizeram campanha contra os cubanos falar bem da vacina. É claro que a população não vai acreditar em nenhuma palavra desses médicos. E isso vale para o governo Bolsonaro, para a justiça e ainda mais para os “especialistas” das grandes empresas farmacêuticas que sempre lucraram com a desgraça da população. Sem falar na imprensa burguesa que sempre procura colocar a culpa da pandemia na população.
A pergunta que fica é: a população vai acreditar nesse pessoal que está fazendo campanha dizendo que a vacina é segura e que seus filhos não serão prejudicados? É claro que não confiar e não devem!
Uma discussão necessária
Essa discussão é importante porque parte da esquerda trata as pessoas que não querem se vacinar como imbecis, antivacina, gado, terra plana e por aí vai. Mas na verdade desconfiar das instituições, do governo Bolsonaro ou de outro governante e nas grandes multinacionais da saúde que fabricam a vacina é na verdade um enorme avanço político e evidencia quem realmente são os imbecis da esquerda que aceitam sem nenhuma crítica o que dizem os “cientistas” e “médicos”, com Drauzio Varela, cientista da Rede Globo, e o pai de Guilherme Boulos, funcionário de confiança do PSDB paulista.
Querem com a ajuda da esquerda pequeno burguesa obrigar a população a se vacinar. Querem que o povo acredite nos seus algozes e que até agora não fizeram nada para ajudar a minimizar o impacto na pandemia, pois estão obrigando a população a sair as ruas, pegar transporte lotado, agravando a crise econômica e deixando a população ainda mais miserável.
Ter como garotos propaganda da vacina como João Doria, Pfizer, Globo, FHC entre muitos outros facínoras da política nacional é um exemplo do que estou colocando nesta coluna. Acreditar que a população que sofreu nas mãos desse pessoal acreditar que estão preocupados com a saúde da população e de que a vacina não vai ocasionar problema e que agora vai confiar é muita ingenuidade.
E agora que obrigar a população a se vacina, na marra!
Assim como os índios com quem conversei aqui no Extremo Sul da Bahia e da grande maioria da população não devemos confiar minimamente nas instituições do governo, em médicos financiados pelos monopólios da saúde, na justiça e muito menos nos políticos. É preciso desconfiar e não ser obrigado a nada e ter o direito de escolher o que cada pessoa acha melhor para si e não o que as instituições ou pessoas “iluminadas” ou “especialistas” nos dizem.