Os partidos de esquerda, encabeçados pelo PSOL, revelam qual é a tática eleitoral a ser adotada diante da polarização entre Lula e Bolsonaro: esperar até o último instante para decidir o apoio à candidatura de Lula. Esperar até o último dia do prazo legal para realizar as convenções para falar se vão ou não apoiar de verdade Lula.
É preciso destacar que essa manobra já é uma sabotagem da campanha de Lula. É inclusive se colocar contra a campanha, contra sua candidatura, posto que já é possível fazer, desde já, atividades diversas na defesa da eleição do ex-presidente.
Até ontem essa mesma esquerda defendia a unidade com toda e qualquer pessoa contra Bolsonaro. Foi chamado até mesmo um ato na avenida Paulista com a presença do golpista Ciro Gomes e do PSDB, partido historicamente inimigo do povo brasileiro. Ou seja, estavam dispostos a uma aliança com o partido de FHC, da política neoliberal, da destruição do ensino em São Paulo, da repressão a professores e estudantes, com a alegação de que era necessário se unir com qualquer setor para derrotar Bolsonaro.
Agora, que se coloca a unidade, ou seja, em torno de Lula contra Bolsonaro, a esquerda faz questão de postergar e enrolar a decisão. Pelo contrário, tudo que se viu até agora foram críticas contra Lula e a tentativa de impor condições a esse apoio.
O PSOL, inclusive, deliberou que vai levar uma espécie de carta de reivindicações para o Partido dos Trabalhadores, para ver se o PT aceita essas demandas e as incorpora à campanha de Lula, para depois defender a candidatura de Lula.
As eleições quase não possuem tempo de campanha, são parcos três meses para que um determinado político/partido faça sua campanha contra a gigantesca máquina de propaganda da burguesia que é a imprensa, e seus candidatos.
Ora, se a campanha não começar imediatamente, as chances de derrota de Lula aumentam a cada dia, posto que está claro que o presidente histórico do PT não é o candidato do regime burguês. Muito pelo contrário, os golpeados pela burguesia, segundo os poderosos, não podem voltar tão cedo ao poder.
Dessa forma, o apoio à candidatura de Lula deveria ser desde já, e o mais importante: prático. Com atividades, manifestações, reuniões, assembleias populares, panfletagens, criação de comitês, enfim, efetivamente apoiar a candidatura de Lula.
O apoio que não é assim, não é apoio, é uma mera declaração de intenções. E ainda por cima enrolar a declaração de intenção de apoiar Lula é, na prática, um ato de sabotagem escancarado contra essa questão.
É preciso denunciar os setores da esquerda que pretendem abandonar Lula à própria sorte diante destas eleições que serão controladas, diretamente, pelos golpistas. Esse abandono, direto ou indireto, é simplesmente defender mais um mandato de Bolsonaro.
Não há outro político da esquerda capaz de polarizar com Bolsonaro, de derrotá-lo nas ruas e nas eleições, não existe outro político da esquerda capaz de mobilizar (agora) todas as vítimas do golpe de Estado, contra a direita, por isso o apoio incondicional do PCO a candidatura de Lula, por isso o partido sai às ruas em torno desta questão.