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Campanha mentirosa

Por que o imperialismo ataca o Catar?

A imprensa imperialista volta a sua atenção para atacar o Catar semanas antes da Copa, uma campanha que nada tem a ver com a defesa dos trabalhadores

Com a chegada da Copa do Mundo no Catar, torcedores de todo o mundo se prepararam para acompanhar os jogos da competição, que começou nesse domingo (20). Ao mesmo tempo, o imperialismo iniciou uma grande campanha por meio de sua imprensa contra o país que está sediando o evento esportivo mais importante do planeta, atacando o futebol – esporte mais popular de todos – mas, principalmente, o próprio Catar.

O mote dessa campanha, como vem surgindo em jornais dos mais diversos lugares, é o fato de que o Catar possui um regime político monárquico e, portanto, antidemocrático. Apesar de todo o seu poder material, a imprensa imperialista está atrasada em tal descoberta. Afinal, o Catar é uma monarquia desde a época do domínio otomano sobre o país no século XIX. Ao que aparenta, também descobriram recentemente que, lá, aplica-se a Xária, a qual condena criminalmente questões morais, como é o caso da homossexualidade. Lei que, além de antiga, não é exclusiva do regime catarense.

Então, munido de suas “incríveis” descobertas, o imperialismo iniciou uma campanha agressiva contra o Catar a poucas semanas da Copa, denunciando que se trata de uma ditadura contra as mulheres e os LGBTs, uns dos principais focos da demagogia imperialista. Todavia, o que mais impulsionou essa campanha foi a notícia completamente farsesca de que 6500 operários teriam morrido durante as obras relacionadas ao evento esportivo.

Antes de qualquer coisa, é preciso evidenciar o absurdo que tal cifra representa. No Brasil, por exemplo, durante a Copa de 2014, cerca de 9 pessoas morreram durante as obras da competição – algo que, para a indústria capitalista da construção civil, é, infelizmente, normal. Já, na Rússia, na Copa seguinte, menos de 30 pessoas teriam morrido. Como é possível, então, que o Catar supere estes números pelos milhares? Levanta, no mínimo, grandes suspeitas.

De fato, é uma notícia completamente falsa. O governo do Catar divulgou que, nos últimos 12 anos, morreram 6500 imigrantes em decorrência dos mais diversos motivos no país (fome, assassinato, acidentes, doença etc.). Com esses dados, o jornal britânico The Guardian montou uma campanha absurda contra o país que foi reproduzida pelo mundo todo. A reportagem original, inclusive, se abstém de afirmar que tais mortes teriam sido causadas necessariamente pela Copa, pois não consegue confirmar essa mentira. Ou seja, é uma campanha mal intencionada que tem como objetivo difamar a imagem do Catar.

Precisamos, então, levantar a pergunta: por que o imperialismo armou essa campanha? Decerto que não se trata de uma preocupação real com os povos oprimidos do país, afinal, recentemente, os EUA enviaram uma “ajuda” de 91 bilhões de dólares para que as forças nazistas ucranianas possam continuar o seu embate contra a Rússia.

Ademais, fato é que o Catar tornou-se independente apenas em 1971, sendo, antes disso, um protetorado britânico. Por que o imperialismo não solucionou o problema do fato de que o regime é ditatorial? Porque também não consta em seus interesses, não é à toa que, com exceção do Irã, a política imperialista para o Oriente Médio foi a de apoiar grupos religiosos contra as forças nacionalistas da região, que tentaram trazer o progresso para lá. Em outras palavras, se não fosse pela ação, principalmente, dos EUA, todos os governos retrógrados que, agora, são duramente criticados pela imprensa imperialista estariam no cemitério da política mundial.

Além disso, no Oriente Médio, não existe nenhum país democrático. Todos são, de um jeito ou de outro, ditaduras. A Arábia Saudita, o país árabe mais utilizado pelos Estados Unidos e pelos britânicos para controlar a região, é tão ruim, senão pior, que o Catar. Novamente, permanece a dúvida: por que, então, o imperialismo decidiu atacar especificamente o Catar? É, assim como no passado, uma campanha que possui como principal objetivo impedir o desenvolvimento da região.

Temos que lembrar que o Catar é a sede da Al Jazeera, a principal rede de comunicação do Oriente Médio. Com o dinheiro que adquiriu de seu petróleo e gás, o governo catarense montou uma rede de informação para se opor às redes de televisão imperialistas, da mesma maneira que os russos fizeram com a RT. Foi um gesto de independência em relação ao imperialismo, algo que mostrou que o governo, apesar de retrógrado, ousou levantar a cabeça contra as grandes potências, um primeiro motivo pelo qual o país poderia tornar-se alvo dos países ricos.

Quando houve a Primavera Árabe no Egito e as massas acabaram derrubando a ditadura sustentada pelos EUA e outros países europeus, o Catar apoiou a Irmandade Muçulmana no país, uma das principais forças de libertação da região que foi, mais tarde, derrubada do governo por um golpe violento apoiado pelo imperialismo.

Quer dizer, à medida em que relembramos a história recente do Catar, fica claro que o problema do imperialismo contra o país nada tem a ver com os 6500 trabalhadores. O ponto é que o imperialismo não pode conviver com nenhum tipo de independência em relação às suas garras, por mais moderada que seja.

Consequentemente, é uma campanha cínica e mentirosa que procura tentar enfraquecer o Catar justamente por ser um país que, em vários momentos, já agiu contra as operações sanguinolentas do imperialismo no Oriente Médio. Algo que simplesmente não pode ser tolerado.

A propaganda contra o país não está relacionada, nem mesmo nos detalhes, à defesa dos trabalhadores – até porque, por definição, o imperialismo é o inimigo número um da classe operária de todo o planeta. Devemos lembrar que, enquanto critica o Catar, os Estados Unidos financiam a guerra da Arábia Saudita no Iêmen, que devastou a infraestrutura do país e já resultou na morte de mais de um milhão de pessoas.

No final, a campanha contra o Catar é isso: mais um ataque para domesticar os países atrasados. “Não ousem levantar a cabeça contra nós”, diz o imperialismo utilizando as armas à sua disposição para que, a qualquer custo, mantenha a sua dominação sobre os povos oprimidos.

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