Nesta última segunda-feira (12), o companheiro Rui ministrou a décima terceira aula do curso “Brasil: uma interpretação marxista de 500 anos de História”, com o tema “A Guerra de Independência”. Após várias aulas envolvendo diversas análises da independência do Brasil, o que levou à conclusão de que foi, de fato, um acontecimento revolucionário no país, chegou o momento de tratar, no curso, do momento mais conflituoso desse processo.
O companheiro Rui explica na aula que, após o Sete de Setembro, a região Sudeste do país foi rapidamente unificada em torno do apoio à independência. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já eram governados por setores que apoiavam o imperador Dom Pedro I. O mesmo ocorreu com toda a região Sul do país, exceto a Província Cisplatina (território que hoje é o Uruguai), que estava sob o domínio das tropas portuguesas.
A região Norte e Nordeste do país, no entanto, estava toda sob o domínio português. Os estados da Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará eram todos fiéis à Coroa Portuguesa e dominados pelas tropas.
De todos esses locais, a região mais importante economicamente era a Bahia, onde ficava Salvador, a Capital anterior do país, que concentrava boa parte da atividade produtiva na época. O Rio de Janeiro era apenas uma cidade administrativa. Portanto, a Bahia era um trunfo importante dos portugueses.
Naquele momento, os portugueses tinham uma importante vantagem: a principal forma de chegar a qualquer ponto no Brasil era através do mar. Na época, uma viagem do Rio de Janeiro a Salvador, por exemplo, por terra, era algo totalmente impraticável. Os portugueses tinham o domínio do mar. Por causa disso, a questão do controle do mar era um problema chave para o governo imperial de Dom Pedro I.
Para resolver isso, o governo brasileiro contratou Lorde Cochrane, um almirante britânico que havia participado da independência de diversos outros países latino-americanos anteriormente. Os britânicos eram apoiadores da independência do Brasil e dos outros países do continente. Além disso, era algo comum a contratação de figuras como ele para o trabalho que ele viria a desempenhar.
Lorde Cochrane preparou e treinou toda a esquadra brasileira a toque de caixa para o enfrentamento com as tropas portuguesas. A partir daí, foram retomados para o lado brasileiro todos os estados, um após o outro, que estavam sob domínio de Portugal.
A etapa mais memorável foi justamente a da Bahia. Na cidade de Salvador, a violência dos militares portugueses gerou grande revolta popular. O caso da freira Soror Joana Angélica é um exemplo disso. Ela foi assassinada a golpes de baioneta por soldados portugueses porque estes acreditavam que ela escondia independentistas dentro de seu convento. Ela acabou se tornando uma mártir da Independência.
A Bahia foi tomada em junho de 1823. Após dois meses de cerco feito por Lord Cochrane e a esquadra brasileira na costa baiana, eventualmente os soldados portugueses se rendem e entregam o estado para as tropas brasileiras. O mesmo se deu sucessivamente, mas até de forma menos intensa, com os estados do Maranhão e Pará (que foram retomados com um único navio) e todos os outros da região.
O último capítulo desta guerra foi no Uruguai, onde parte dos soldados portugueses juntaram-se às tropas brasileiras, que foram acompanhadas também pelas tropas uruguaias, sitiam Montevidéu e expulsam os portugueses.
Na aula, o companheiro Rui conta toda esta história de forma muito mais detalhada. Mas a conclusão final sobre a Independência é justamente que toda a “guerra sangrenta” que um setor da esquerda disse não haver para justificar a tese de que foi tudo um “pacto das elites”, ocorreu em todo o país. Se não foi tão sangrenta quanto nas colônias espanholas é porque Portugal não tinha o mesmo poderio militar dos espanhóis e achou melhor se render e capitular com mais facilidade.
Para acompanhar a discussão e a história da Guerra de Independência com mais detalhes, acompanhe a 13ª aula do Módulo 2 do curso na plataforma unimarxista.org.br, apresentada pelo companheiro Rui. Na mesma plataforma, acompanhe as outras aulas do curso, que ocorrem de segunda a sexta, das 19 horas até as 21 horas.