Não é de hoje que circulam na grande imprensa notícias sobre a possibilidade de o Telegram ter seu funcionamento restringido no Brasil durante as eleições de 2022. As ameaças partem principalmente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de seu presidente, Edson Fachin. Criado na Rússia, o Telegram é um dos aplicativos de mensagem mais utilizados no mundo, destacado por ter uma série de recursos que tornam a interação mais protegida e, ao mesmo tempo, mais livre. No Telegram, por exemplo, é possível criar grupos com milhares de pessoas, ao contrário de seu concorrente direto, o WhatsApp.
Mais recentemente, o TSE conseguiu fechar um acordo com grandes monopólios da internet, como Twitter, Tik Tok, Facebook, Whatsapp, Google, Instagram, YouTube e Kwai. O Telegram se recusou a assinar o acordo, no que Fachin logo respondeu com uma ameaça: “vai estar [no acordo], ou então não vai estar [nas eleições]”. O acordo diz respeito à disseminação das chamadas “fake news”, notícias supostamente “falsas”, cujos critérios são estabelecidos arbitrariamente pelo Judiciário ou pelas próprias empresas.
Em matéria publicada pela CNN no dia 15 de fevereiro, integrantes do TSE se dizem “preocupados” com a postura que o Telegram terá perante as “fake news”. A matéria destaca que, caso o “PL das Fake News” não seja aprovado no Congresso, dificilmente as autoridades conseguirão impor qualquer restrição ao Telegram. Caso aprovado o PL, o Telegram será obrigado a ter uma sede no Brasil, o que pode ser utilizado como forma de pressionar a empresa russa a se adequar às demandas do TSE.
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É óbvio que não há qualquer tipo de combate às “notícias falsas”. Até porque as grandes vítimas dos processos de “fake news” sempre foram usuários individuais ou pequenas agências de notícias. A grande imprensa, como a Rede Globo e a revista Veja, parte essencial do golpe de Estado de 2016, nunca foram nem serão responsabilizadas por suas mentiras, calúnias e falsificações. O objetivo do TSE é estabelecer uma verdadeira ditadura, calando, sob o pretexto abstrato de “disseminação de fake news”, todo aquele que denunciar os planos macabros da direita e de seus aliados.
Como o Telegram é um aplicativo muito mais democrático que o Facebook, o Whatsapp e o Instagram, pertencente a um empresário russo, e não a um grande monopólio totalmente controlado pelo mercado financeiro, ele preocupa — e muito — a burguesia e o imperialismo. Por isso, está na mira do TSE.
Convém lembrar, também, que o Telegram é, do ponto de vista do público, um concorrente do Facebook — que também controla o WhatsApp e o Instagram — e do Google — que também é responsável pelo YouTube. Trata-se, portanto, de um sério problema comercial: o Telegram é russo e os monopólios não aceitam concorrência.
O Telegram, além de permitir grandes grupos, é muito mais democrático do que as outras redes sociais, permitindo vídeos longos, e não havendo censura ou qualquer restrição de conteúdo.
Com a perseguição ao Telegram e recentemente ao apresentador Monark, o Estado brasileiro ─ teleguiado pelo imperialismo ─ está iniciando uma verdadeira campanha de caça às bruxas sob a desculpa de combater o “fascismo” e o “discurso de ódio”, a fim de acabar com a liberdade de expressão. O que não dizem à imprensa, contudo, é que quem irá julgar o que é “fascismo” ou não são pessoas sem qualquer apreço pelos direitos democráticos da população. São pessoas como Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Luis Roberto Barroso — todos eles, cúmplices de primeira hora do golpe de Estado e da prisão de Lula.
O ataque ao Telegram é, ainda, um ataque à Internet, que é o meio de comunicação mais democrático já visto pela humanidade. Um meio em que qualquer pessoa, sem recurso algum, sem precisar “agradar” nenhum político, pode falar o que quiser e ser ouvido por uma audiência enorme. A perseguição do TSE segue, portanto, uma campanha que tende a ser mais poderosa do que o própria Lava Jato, porque é um ataque direto contra qualquer cidadão e contra massas de pessoas, usuários das redes sociais.