Neste ano de 2022, um dos episódios mais importantes da história das artes nacional completa 100 anos, a Semana de Arte Moderna. Um marco na história nacional que inaugurou um novo capítulo para o movimento artístico, principalmente pelo seu caráter nacionalista, de dar espaço à criação nacional.
Entretanto, apesar desta conclusão até certo ponto óbvia, a burguesia vem atacando o movimento, buscando difamar seus propósitos, seus resultados e sua influência na história do país como um “abre alas” de uma nova época para as artes nacionais.
Qual interesse da burguesia?
Na verdade, a burguesia brasileira não perde oportunidades para atacar o povo brasileiro, o patrimônio nacional e tudo que há de importante e progressista no país. São inúmeros episódios em que a burguesia estimula a criação de movimentos reacionários contra a história do Brasil. Começando pelas bases da formação da nação desde o descobrimento pelos navegadores portugueses, a colonização, a formação de uma grande economia local, os grandes ciclos econômicos (cana-de-açúcar, ouro, café, principalmente), a literatura, a música popular, e até, a mistura das etnias – aspecto valiosíssimo e, de certa forma, que dá um caráter único ao país – eventos e características sistematicamente achincalhados pela direita, ou mesmo, sabotados quando se busca minimizar sua importância ou destacar aspectos secundários em detrimento dos aspectos que ressaltam a preponderância do país e o valor do seu povo.
É o caso, por exemplo, da Semana de Arte Moderna de 1922, que completa seu centenário a partir do próximo dia 13 deste mês. Recentemente setores da impressa monopolista e golpista tem requentado antigas críticas para aproveitar o momento para atacar novamente a cultura nacional. Desta vez, o jornal golpista “Folha de S. Paulo” publicou artigo afirmando que o grande evento de 1922 nada teria de nacionalista, o que seria apenas um mito. Utiliza para afirmar tal impropério uma crítica de Mário de Andrade ao compositor, na qual o principal argumento é que Villa-Lobos não teria apresentado obras nacionais na semana de arte, que tais registros só teriam vindo posteriormente. Com a crítica o jornal golpista além de tentar subverter uma das maiores características da atividade como fazer uma ligação desta com o Estado Novo de Getúlio Vargas, ocorrido 15 anos depois!
(Toda a explicação sobre a semana de arte de 22, sua importância para o país, sua relação com o momento político e econômico do Brasil e do mundo, você poderá ver na Universidade Marxista “A História do Brasil” que terá início no próximo dia 13/02 e durará todo o ano). Se inscreva aqui (https://universidademarxista.pco.org.br/)
A burguesia brasileira, dentre as suas tantas características repugnantes, é naturalmente reacionária e subserviente à burguesia imperialista, mais poderosa. E é este aspecto que justifica a sua política de, através da direita, atacar constantemente a cultura popular nacional e tudo que se refira ao povo em alguma medida. Não é novidade que o imperialismo usa de métodos diversos para a dominação dos países oprimidos e de capitalismo atrasado. Está entre eles a disseminação de ideologias que afirmem que tudo o que é brasileiro é ruim, que bom mesmo é o que é feito nos países imperialistas, que o povo e sua cultura são um lixo e nada daqui presta.
Não é por acaso ou simplesmente por ignorância. Mas sim, uma política tocada há muito tempo por países imperialistas como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, entre outros, e é seguida pela direita e também pela esquerda pequeno-burguesa.
A esquerda que vive a reboque da direita
Este é outro aspecto importante e que justifica também boa parte porque essa política de ataques constantes ao país. O fato de boa parte da esquerda seguir como um cachorrinho a direita em seus ataques à cultura popular e ao país em geral. Como por exemplo, quando se une à direita para criticar o descobrimento e a colonização portuguesa ou analisar unilateralmente os ciclos econômicos do país em sua formação, passando utilização da mão-de-obra forçada de negros e índios, taxando simploriamente de “genocídio, que devemos apagar esses episódios, que é preciso recontar a história ou até reconstruí-la”, seja lá o que essas expressões tenham como propósito real, se é que têm.
Ou seja, o fato de existir no país uma esquerda domesticada, subserviente a uma política internacional que visa facilitar a dominação do povo, ou melhor, da sua classe trabalhadora, é algo de extremo valor para a burguesia e que cria obstáculos, entraves ao desenvolvimento de uma luta mais intensa e objetiva contra o imperialismo.
A Universidade Marxista e o programa revolucionário
No próximo dia 13 (terça-feira) tem início a Universidade Marxista com o tema “Brasil, 500 anos de História, uma análise marxista” que visa acabar com as confusões disseminadas pela direita e ao “colocar os pingos nos is” da história do país, contribuir de forma decisiva para que a luta da classe operária seja impulsionada contra a burguesia nacional e, principalmente, contra a burguesia imperialista no momento em que estas buscam liquidar de vez com a economia dos países de capitalismo atrasado, atacando sua classe trabalhadora e expoliando-a.