Em um momento decisivo da campanha eleitoral, quando as pesquisas eleitorais (nada confiáveis) indicam – inclusive – uma aproximação do candidato à reeleição do regime golpista, Jair Bolsonaro, do candidato da esquerda e das organizações do povo trabalhador, e quando o próprio ex-presidente Lula direciona, com seus atos e caminhadas massivas, uma maior tentativa de maios aproximação da população, setores da direita do PT e dos “aliados” direitistas que se apoiam na candidatura de Lula para buscar “um lugar ao sol”, em meio à crise terminal da direita tradicional, tentam impor uma orientação política que nada tem a ver com a perspectiva de mobilização expressa por Lula e capaz de levá-lo à vitória.
Esse setores procuram colocar como foco central da campanha, a política reacionária de adotar o moralismo e as disputas no judiciário como principais armas na luta contra o bolsonarismo.
Dentre os vários casos focados por esses setores, nos último dias está o da ex-ministra da Família e dos Direitos Humanos e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), que levantou acusações sem provas sobre casos de pedofilia e as declarações do capitão fascista Bolsonaro sobre jovens as venezuelanas.
Distracionismo
Depois de passarem toda a primeira etapa da campanha, contendo a mobilização que Lula tem potencial para impulsionar, por meio de atos com cercas, catracas, revistas dos participantes, dezenas de longos discursos de políticos impopulares etc. e adotando como eixos políticos questões que nada tem a ver com a realidade concreta dos trabalhadores, é notório que esses setores – concretamente – se colocam na contramão das iniciativas de mobilização no segundo turno, lideradas nas principais cidades do País, que levaram centenas de milhares de pessoas em diversas capitais a se mobilizarem em apoio ao candidato de oposição ao regime golpista. Isso ocorre depois que tais atos, que mostram uma iniciativa do próprio ex-presidente, rejeitaram – na prática – a tese dos fracassados da direita que se apoiam em Lula de que seria o caso de “usar branco”.
Nas redes sociais e com amplo apoio de setores da imprensa burguesa, esses setores direitistas, infiltrados na campanha de Lula, buscam a todo custo impor um novo “eixo”, como sempre, com apoio de setores desnorteados da esquerda, que nada tem a ver com um ampla e necessária mobilização capaz de levar a candidatura de Lula à vitória.
Moralismo e judicialização
Para esses setores, hostis à mobilização popular, trata-se de lançar mão de alguns dos métodos tradicionais da direita, como a campanha contra a corrupção e a denuncia sobre a conduta moral dos adversários, sob o pretexto de essa política reacionária é o caminho para derrotar Bolsonaro e garantir a eleição de Lula.
Na defesa dessa posição surgem elementos da direita e da esquerda que integram o comando de campanha de Lula, como o ex-bolsonarista, deputado André Janones (Avante-MG) e o deputado eleito pelo PSOL, Guilherme Boulos. Ambos acostumados em suas “iniciativas” (como a greve dos caminhoneiros contra Dilma, em 2016, que teve o primeiro como um dos seus “líderes” ou a campanha “não vai ter Copa”, encabeçada pelo segundo) a contarem com o prestimoso apoio da venal imprensa capitalista. E, é claro, os políticos direitistas, sem voto, que se escoram em Lula, como Geraldo Alckmin (ex-PSDB,hoje no PSB) , candidato a vice, e a ex-presidenciável Simone Tebet. Fosse essa “tática” uma política vitoriosa contra Bolsonaro, esse dois teriam – com certeza – se utilizado dela e obtido bem mais que os minguados cerca de 4% de votos que alcançaram, apesar de terem recursos bilionário e o apoio de poderosos setores da burguesia golpista, como no caso do Partido da Imprensa Golpista (PIG).
O “moralismo” é adotado também como forma de impedir, ou secundaria, as necessárias iniciativas de Lula de tratar dos graves problemas que se abatem sobre a imensa maioria do povo brasileiro, como a fome, desemprego, arrocho salarial, destruição da economia nacional em favor do imperialismo etc., temas que não são caros à direita, inclusive das alas “aliadas” de Lula, uma vez que os mesmos participaram da operação golpista que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, condenou e prendeu o ex-presidente Lula etc. justamente para impor os interesses do grande capital contra a maioria do povo. Os que orquestraram e/ou apoiaram o golpe e os ataques do governos Temer e Bolsonaro contra o povo, agora, querem desviar a campanha de Lula da luta real contra esses ataques e da defesa daquilo que realmente interessa ao povo.
Assim como fizeram ao longo de todo o governo Bolsonaro e na primeira etapa da campanha eleitoral, esses direitistas não querem denunciar Bolsonaro por ter aprofundado a situação de fome e miséria que se intensificou com o golpe d eEstado, por ter aprovado no Congresso Nacional o fim da aposentadoria de milhões de pessoas, de ter levado à morte durante seu governo mais de um milhão de brasileiros na pandemia, de ter entregue bilhões em riquezas naturais (como o petróleo) e bens públicos (como refinarias privatizadas, Eletrobrás etc.). Ele nem querem tocar nesses e em outros problemas centrais, nos quais foram aliados de Bolsonaro (que, de fato os seguiu) , no Congresso Nacional, no comando da maioria dos governos estaduais, municipais etc contra o povo trabalhador. Estão tão ou mais preocupados do que Bolsonaro em defender seus interesses e do grande capital que representam.
Se juntam à essa iniciativa direitista os “esquerdistas” acostumados a quebrar as mobilizações (como no caso do “fora Bolsonaro”) para defender a aliança com a direita e que, quase sempre apontam como “saída” para as reivindicações populares o caminho inútil dos recursos à justiça, dominada pelos golpistas, a quem mais um vez querem resolver.
Avessos à mobilização, que pode escapar do seu controle, esses setores apontam para uma “solução” moral e por meio do reacionária;ario judiciário, o poder mais antidemocrático da República, sem qualquer tipo de controle popular . Para eles saída não é povo mobilizado (um perigo!) mas as sentenças judiciais, a cassação, a prisão etc.
Essas ações servem apenas para conter a mobilização pela vitória de Lula, não produzem qualquer resultado real, porque o outro lado também tem suas armas nesse terreno, seja para novos ataques contra Lula seja para se defender. Em favor de Damares, por exemplo, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) pediu prazo adicional de 30 dias para explicar as declarações da ex-ministra sobre supostas torturas contra crianças no arquipélago do Marajó (PA). Ainda no domingo, a campanha de Bolsonaro, conseguiu liminar impedindo a campanha de Lula de acusar Bolsonaro de pedofilia, como já vinham fazendo alguns setores.
Por uma perspectiva própria dos trabalhadores
É preciso se opor à essa politica reacionária, desmobilizadora. E que pode ser enfrentada por Bolsonaro e seus aliados – como se deu no passado – com falsas denúncias contra Lula e a esquerda, com apoio de poderosos aparatos da burguesia etc.
A luta deve ser política, centrada naquilo que é decisivo para a maioria da população e não tendo como base questões secundárias, morais.
Trata-se de levar adiante uma luta política buscando convencer e mobilizar os trabalhadores que devem ser agentes de sua emancipação diante da burguesia. Para isso não há outro caminho que não seja a razão, o convencimento de milhões de pessoas por meio de um intenso trabalho d agitação e propaganda em torno de questões de vida ou morte para a maioria do povo.
É preciso rejeitar a politica dos “aliados” da direita (verdadeiro inimigos) e dos esquerdistas submissos e em claro desespero eleitoral pelo fracasso de sua política de aliança com a burguesia golpista e que não apostam (e nunca apostaram) na força da mobilização dos trabalhadores e de suas organizações.
Ao contrário dessa política de derrotas, de políticos de segunda linha da direita, intensificar a mobilização combativa, nos bairros operários, multiplicando as iniciativas dede corpo-a-corpo, do trabalho de porta a porta para esclarecer milhões sobre o que realmente está em jogo , ampliar também os atos de massas, vermelhos, com a mobilização dos sindicatos e demais organizações de luta dos trabalhadores e da juventude.