A Polícia Militar é o instrumento do Estado para reprimir os trabalhadores. Na medida em que o Estado é controlado pela burguesia, surge a necessidade de a burguesia apoiar seu regime no uso da força. E as polícias em geral são o braço armado do Estado responsável por este papel.
No Rio de Janeiro, a sanguinária PM matou 20 pessoas de acordo com as estatísticas – isso apenas na última semana. Dessas 20, a polícia alegou que 15 delas morreram em confrontos – o que se sabe que é um número inflado artificialmente –, de forma que, no mínimo, as outras 5 foram vítimas de pura covardia.
De maneira confusa, é comum ver na esquerda a política de que esses monstros da PM seriam trabalhadores como quaisquer outros trabalhadores e que, por isso, deveriam ser defendidos. No entanto, isso é completamente equivocado. O “trabalho” da polícia é reprimir a classe operária, os pobres, o povo e a esquerda em geral; são agentes fixos e remunerados da repressão, que se prestam a um trabalho político para a burguesia. Nesse sentido, são completamente inimigos do povo.
A morte de mais 20 pessoas no Rio de Janeiro revela o caráter profundamente reacionário da polícia. A burguesia – principalmente, o seu setor que busca se apresentar como civilizado – mantém seu regime político às custas da dura repressão e da violência mais brutal contra o povo; e a polícia é o instrumento dessa empreitada.
Uma política verdadeiramente operária para a questão da violência é defender o fim do monopólio da violência para o Estado; ou seja, defender que o povo possa se armar e defender a si próprio. Além disso, uma política operária consiste na reivindicação pelo fim da polícia e pela organização do povo em geral para que os próprios trabalhadores cuidem da segurança. De tal modo, sem os agentes profissionais da repressão, com os trabalhadores armados e com a segurança sendo administrada por conselhos populares, a classe operária obteria uma grande vitória. A desmilitarização da PM ou qualquer outra medida limitada não avança em nada a questão: só o fim da polícia e a organização dos trabalhadores em conselhos populares para cuidar da segurança, com o direito ao armamento, representam um avanço.