Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito no final de outubro para seu terceiro mandato como presidente do Brasil. Lula é um notório representante da classe trabalhadora no País, tendo feito seu nome ao participar de uma série de greves durante o final da ditadura militar, liderando os sindicatos em grandes mobilizações contra o regime da época.
Lula foi evoluindo e se consolidou como o líder que é hoje. Seus governos, apesar da propaganda da imprensa e dos efetivos erros que cometeu, ficaram marcados no imaginário da população, que, por sua vez, vê o ex-presidente como um verdadeiro representante e uma espécie de salvação da sua situação atual, causada por Bolsonaro, Temer e por toda a burguesia e imperialismo nos últimos anos.
A polarização fez com que a eleição deste ano fosse intensamente disputada. No fim das contas, Lula foi eleito com pouquíssima folga em relação a Bolsonaro, e a burguesia começou logo a se adaptar a isso. Geraldo Alckmin é o vice de Lula. Diversas figuras, já na proximidade do segundo turno, começaram a declarar apoio ao ex-presidente, inclusive candidatos da burguesia, a exemplo de Simone Tebet.
O fato é que, não conseguindo emplacar seu candidato inicial para a presidência, a burguesia tenta fazer o máximo para tomar e controlar o governo Lula. Já é possível ver diversas manchetes na imprensa com títulos como “Lula deve fazer isso”, “Lula deve resolver aquilo”, ditando o que o presidente precisa ou não fazer para, logicamente, manter um governo estável sob o controle da burguesia. Esta tenta fazer com que o governo do PT, no fim das contas, se torne um governo do PSDB.
A população não pode permitir que isso venha a acontecer. Lula deve fazer um governo dos trabalhadores, da classe operária, não se deixando levar pelas enganações e manipulações da burguesia e do imperialismo. É preciso, frente à forte polarização no País, radicalizar o povo a ponto de manter o governo erguido na marra e que atenda aos seus interesses.
De um lado, a burguesia irá incessantemente pressionar para que o governo, caso atenda às reivindicações dos trabalhadores, se desestabilize até não se aguentar mais de pé. Por isso, primeiramente, o povo deve indicar para Lula o que é certo e o que não é; ou seja, criticar cada concessão à burguesia, apoiar criticamente as medidas corretas do governo, e organizar uma luta pela base para puxar o governo para a esquerda.
Da mesma forma, os sindicatos e as organizações sociais não podem ficar atrelados ao governo, mas sim devem adotar uma política em prol dos trabalhadores, uma política combativa e que combata concretamente a direita que está fora e que está dentro do governo para sabotá-lo.
Além disso, outro passo fundamental para que essa luta se consolide é colocar o povo na rua. A burguesia inevitavelmente irá tentar fazer com que o governo fique desestabilizado caso comece a atender a todas as reivindicações dos trabalhadores, ainda mais se forem pedidos efetivamente radicais e significativos para a população, o que significa que, para que o governo se mantenha de pé, é necessário que o povo esteja nas ruas, defendendo Lula, disputando o governo e realizando um período de lutas intensas em favor da classe trabalhadora.