O armamento é uma questão fundamental para uma população que pretende se livrar da opressão do sistema burguês. A política do desarmamento do povo contribui somente para a manutenção da dominação do regime social pela burguesia. Diferente do conjunto da população, a classe dominante, além de forças repressivas privadas, dispõe de todo aparato estatal para defender seus interesses. No mesmo sentido, os movimentos de luta do povo negro devem defender o armamento da população em função dos seus interesses, incluso o novo governo Lula contra qualquer tentativa de novo golpe da burguesia.
Apesar da superação do antigo regime escravagista brasileiro e da ditadura militar que resultou na Constituição vigente, a histórica repressão contra a população negra se manteve e se estruturou principalmente por meio da Polícia Militar, a máquina mais sanguinária que o mundo conhece é uma herança do regime de terror que se instalou no país por 21 anos. Através dela, a burguesia continua a promover um verdadeiro genocídio contra os negros nas periferias e bairros operários do país, desta corporação também são recrutados os integrantes das milícias assassinas de trabalhadores no campo.
O programa do armamento da população é uma reivindicação democrática, nenhum cidadão pode se sentir livre estando desarmado diante das forças estatais e privadas da burguesia. O estado não deve ter qualquer direito de reprimir a população e um povo sem direito não passa de escravos. Da mesma forma, um setor muito minoritário da sociedade não poderia ter mais direitos que a esmagadora maioria da população, ainda mais quando é garantido pela questão econômica da classe dominante. Portanto, defender o armamento do povo é parte da luta dos oprimidos contra o sistema dominado pela burguesia.
Mesmo os governos petistas que resultaram de enormes contradições sociais, por falta de um programa claro para enfrentar a burguesia, não alteraram em nada esta realidade. Não significa dizer que não dispuseram de políticas que atenderam em algum grau os interesses da população. Porém, devido ao aprofundamento da crise do capitalismo, a burguesia não pode tolerar sequer uma política que minimamente garantisse as condições de vida do povo negro. O desemprego, a miséria e a fome, que resultaram do golpe de estado de 2016 contra Dilma, recaíram principalmente sobre os negros.
Para garantir melhores condições de lutar pela emancipação do povo negro, que só pode resultar da luta pelo socialismo em conjunto aos demais setores classe operária, é preciso garantir a posse e o governo do presidente Lula nas ruas. A derrota de Bolsonaro nas eleições representa a vitória de todos os setores oprimidos da população contra a burguesia. Os movimentos de luta do povo negro devem se organizar em torno de um programa próprio para evitar um novo golpe, a questão do armamento se colocaria inevitavelmente numa luta levada até as últimas consequências, a qual resultaria num enfrentamento contra as forças da burguesia.