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Dia de luta do povo negro

O 20 de novembro não pode ser feito de palavras vazias

A esquerda não pode repetir o fiasco que foi o 20 de novembro de 2021, deve rejeitar o identitarismo e mobilizar o povo por suas verdadeiras reivindicações

No próximo domingo, dia 20 de novembro, a morte de Zumbi dos Palmares, figura importante da história do Brasil, completará 327 anos. A data, conhecida como um dia nacional de mobilização, é historicamente marcada por atos de luta do povo negro, que sai às ruas para reivindicar os seus direitos frente ao Estado capitalista, que os coloca em uma posição de inferioridade quando comparado aos demais membros da sociedade.

Entretanto, de algumas décadas para cá, o “Dia da Consciência Negra”, nome adotado pela esquerda pequeno-burguesa, tornou-se um dia nacional de demagogia. O surgimento e a proliferação do identitarismo subordinou a luta do povo negro a reivindicações esdrúxulas, como o fim do racismo e a liberdade para se usar qualquer corte de cabelo, abandonando completamente a política consagrada da mobilização desse setor, que inclui, em primeiro lugar, o fim da polícia.

Este ano, a luta dos trabalhadores adquiriu uma vitória importantíssima com a eleição de Lula, que, apesar de toda a fraude imposta pela burguesia de conjunto ao pleito, venceu Bolsonaro nas eleições mais acirradas de toda a história da República brasileira. Nesse sentido, o presidente eleito possui a força necessária para levar adiante as reivindicações do povo e, para tal, precisará das organizações de esquerda ao seu lado para que, por meio das ruas, consiga enfrentar a burguesia.

O 20 de novembro deve ser, portanto, um dia de luta, uma data que deve servir para que a esquerda faça um ato unitário contra a direita que, neste momento, pressiona Lula para que ele adote uma política cada vez mais reacionária. Pressão essa que só pode ser combatida por meio da mobilização popular, algo que deve ser intensificado justamente no próximo domingo, utilizando a data como uma oportunidade para que o povo continue nas ruas para pressionar Lula à esquerda.

Ainda, se a esquerda pequeno-burguesa, que constantemente afirma que está em marcha um golpe bolsonarista no País, acha que, de fato, há uma ofensiva golpista, então esse é o momento para tomar as ruas e fazer frente a essa ofensiva da direita. Esse é o método de luta da classe operária, e não a repressão, como tem defendido esse setor que, no último período, apoiou o autoritarismo de Alexandre de Moraes e das polícias que, em conjunto, atacaram o direito de livre manifestação dos apoiadores de Bolsonaro.

“Neste 20 de novembro, temos que defender reivindicações para toda a classe negra trabalhadora. Estamos cansados de ver os oportunistas venderem a luta do povo negro para autopromoção e fazer demagogia com a população negra. Com o novo governo de Lula, devemos colocar em pauta a reconquista dos direitos trabalhistas perdidos durante o Golpe de Estado, o fim da polícia e de todo o aparato repressor, o desenvolvimento nacional em prol da classe trabalhadora”, afirmou à redação Izadora Dias, Coordenadora Nacional do Coletivo de Negros João Cândido, o coletivo de negros do Partido da Causa Operária.

Uma data histórica

Vale ressaltar que o dia 20 de novembro representa não só um dia de luta no presente, como também um episódio importantíssimo à luta do povo negro brasileiro como um todo. Finalmente, foi marcado, em 1695, pela morte de Zumbi dos Palmares, a maior liderança dos escravos da época e, de maneira geral, figura de destaque na história nacional.

Aqui, é preciso denunciar que, um dos aspectos fundamentais da política identitária é justamente o revisionismo histórico. Falsificam a historiografia de nosso País para atribuir ao povo negro conquistas e acontecimentos que simplesmente não condizem com a realidade. Ao mesmo tempo, esconde-se os grandes feitos verdadeiros do povo negro, e seus grandes heróis, como Zumbi e João Cândido, o Almirante Negro da Revolta da Chibata.

O ponto é que não é preciso falsificar a história do País para enaltecer a figura do negro brasileiro. O povo negro trabalhador já contribuiu e muito para a formação da nação brasileira, Zumbi é apenas um dos inúmeros exemplos disso. No final, trata-se de transformar o legado brasileiro em algo identitário, vazio de qualquer luta que, nos dias de hoje, possa apontar um caminho concreto à mobilização da classe operária do Brasil.

A “democracia” não vai salvar o povo negro

Nesse dia 10 de novembro, a Frente Brasil Popular, em conjunto com a Frente Povo Sem Medo, publicaram um manifesto convocando a militância da esquerda a participar dos atos do dia 20 em todo o País. Intitulado Todos/as às ruas por um Brasil com democracia e sem racismo, o documento mostra a profunda confusão da esquerda pequeno-burguesa frente ao problema da luta dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, a “luta contra o racismo” é uma luta absolutamente abstrata, não representa nada para o povo negro. Finalmente, a exploração do negro não é consequência do racismo, como aponta o manifesto ao afirmar que “O combate às desigualdades no Brasil perpassa prioritariamente pela luta em prol da erradicação do racismo”. É justamente o contrário: o preconceito contra os negros vem do fato de que se trata de um setor economicamente oprimido em relação ao restante da sociedade. É um problema principalmente de classe, e não de raça.

Em segundo lugar, o que a pequeno-burguesia chama de “democracia” jamais vai emancipar o povo negro pobre brasileiro. Não importa o que seja feito, fato é que o capitalismo já não possui mais esse poder, é um sistema decadente, completamente estagnado e que já não consegue promover nenhuma mudança real na condição de vida dos povos oprimidos.

É preciso ter claro que a única forma de emancipação se dá através da luta pela revolução socialista. Essa sim, por seu caráter absolutamente progressista, pode mudar as condições de vida dos trabalhadores e libertá-los das amarras que o imperialismo impõe sobre os trabalhadores, sobretudo, os negros.

É preciso abandonar as ilusões e lutar!

O último dia 20 de novembro, em 2021, fez parte da série de golpes que as direções capituladoras da esquerda pequeno-burguesa armaram para acabar com os grandes atos que, naquele ano, varriam as ruas por Fora Bolsonaro. Foi, nesse sentido, uma verdadeira vergonha que contribuiu para acabar com a mobilização popular e impedir que Bolsonaro fosse derrubado da presidência. Este ano, a coisa precisa ser completamente diferente.

Portanto, é imprescindível que a esquerda abandone completamente o identitarismo e trave uma luta concreta contra a burguesia. O novo governo Lula deve ser visto como uma oportunidade valiosa para que o movimento operário se levante e conquiste os direitos que lhes foram retirados pelo imperialismo, permanecendo nas ruas até que um governo dos trabalhadores tenha condições materiais suficientes para derrotar a burguesia e o golpe, de uma vez por todas, no Brasil.

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