No segundo turno das eleições deste ano para o governo do Mato Grosso do Sul sobraram apenas dois representantes do que há de pior na política do estado: o deputado estadual licenciado Capitão Contar (PRTB) e o representante oficial dos latifundiários Eduardo Riedel (PSDB).
Eduardo Riedel e Capitão Contar apresentam a mesma plataforma política da extrema direita latifundiária para atacar os trabalhadores e impedir a luta pela terra dos trabalhadores sem terra e dos indígenas em todo o estado. São dois elementos da política que se apoiam no bolsonarismo e na defesa incondicional dos latifundiários em detrimento da população pobre e que passa extrema necessidade.
Capitão Contar é deputado federal e é o candidato oficial do presidente fascista Jair Bolsonaro. Na sua atuação como deputado federal defendeu a pauta dos latifundiários e contra as demarcações e assentamentos de trabalhadores sem terra. Nenhuma novidade para um bolsonarista ligado aos latifundiários.
O tucano Eduardo Riedel consegue ser ainda pior. Ao contrário do Capitão Contar, Riedel é uma raposa velha da política sul-matogrossense. Ligado a políticos tradicionais e latifundiários do estado, foi presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), uma espécie de UDR (União Democrática Ruralista), para combater as ocupações de terra e demarcações de terras indígenas, sendo a mais simbólica a organização do “Leilão da Resistência” em 2013 para arrecadar recursos para contratar pistoleiros e combater as ocupações de terra. Também foi vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que controla boa parte do Congresso Nacional através da bancada ruralista.
Depois desse currículo de defesa dos latifundiários, que deixaria qualquer bolsonarista com inveja, foi convidado a participar de um dos governos mais violentos contra os povos indígenas, Reinaldo Azambuja (PSDB). Participou de secretarias importantes dessa gestão do PSDB, apoiando e defendendo ações criminosas organizadas pelo PSDB e Reinaldo Azambuja como o massacre realizado pela Polícia Militar na retomada do Guapoy, em Amambai (MS). Na sua campanha eleitoral mentiu abertamente ao dizer que a Polícia Militar foi combater tráfico de drogas na retomada.
A esquerda cai como um patinho nessa política
Setores do PT e do PSOL do Mato Grosso do Sul ingressaram na política de apoiar Eduardo Riedel. O ex-governador do estado e um dos deputados mais votados deste ano, o petista Zeca do PT, já no primeiro turno declarou seu voto no tucano Riedel e convocou a militância petista a votar no organizador do ‘Leilão da Resistência’. Depois foram declarações e mais declarações pedindo votos para Riedel e uma parcela do PT entrou de cabeça. O candidato ao senado pelo PT, Tiago Botelho (PT), também defendeu o voto em Eduardo Riedel.
O PSOL tirou uma nota como partido para apoiar o candidato Eduardo Riedel e contribuiu ainda mais para essa confusão política.
Em vez de apoiar candidatos da pistolagem, organizar a luta da população
O apoio da esquerda ao candidato Eduardo Riedel (PSDB) no segundo turno não possui respaldo nenhum da base dos partidos da esquerda. A base dos partidos da esquerda e da população, em particular os índios, conhecem bem Eduardo Riedel e o PSDB para não cair na arapuca propagandeada pela esquerda de que é “democrático”, “aberto ao diálogo” ou coisa parecida. Inclusive consegue ser pior que o bolsonarista “oficial” Capitão Contar.
Eduardo Riedel, além de ser um dos organizadores da pistolagem do Mato Grosso do Sul e fazer parte de um dos governos mais violentos contra os povos indígenas como do tucano Reinaldo Azambuja, foi um apoiador de destaque de Jair Bolsonaro e de toda a sua política fascista. Apoia-lo somente vai desmoralizar ainda mais a esquerda e causar grande confusão política entre os trabalhadores sul-matogrossenses.
Votar em Eduardo Riedel não vai mudar em nada as condições de vida da população e não haverá nenhum ganho sequer para quem mais precisa de políticas públicas. Em vez de apoiar pistoleiro é preciso denunciar que os dois candidatos não merecem nenhuma confiança da população pobre e trabalhadora do estado. Denuncia-los como inimigos dos trabalhadores e dos indígenas e que devem ser duramente combatidos.
E ainda organizar a luta dos trabalhadores da cidade e do campo, e dos indígenas para o próximo período que será de enorme crise e ataques. Chamar reuniões, assembleias em todos os locais de trabalho, aldeias, bairros e assentamentos, organizar comitês de autodefesa e unificar a luta para derrotar a direita com a força da mobilização popular.