Um estudo realizado pelo Instituto Pólis revela, o que não deveria ser segredo pra ninguém, que proporcionalmente os negros morrem muito mais que os demais setores na pandemia da COVID-19. O levantamento realizado sobre as mortes na cidade de São Paulo, que é governada atualmente pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) que substituiu o falecido prefeito também golpista Bruno Covas (PSDB), compreende o período de março de 2020, quando foram registrados os primeiros casos de infectados pelo coronavírus, até janeiro deste ano de 2022.
Segundo os registros, as mortes de homens negros em decorrência do desenvolvimento da doença é 60% maior que a média da população paulistana. Ao comparar as mortes entre homens negros com as mortes entre homens brancos, verificou-se que os negros morrem 30% a mais que os brancos. Quanto trata-se de mulheres essa diferença é ainda maior, as negras morreram 40% mais que as brancas. É importante destacar que a população negra declarada em São Paulo corresponde a 37% de toda população.
Outro dado importante que o levantamento revelou, foi que nos bairros mais pobres como os da zona leste possuem índices mais elevados. Isso significa que as mortes estão relacionadas às condições materiais de vida da população, não se trata de uma preferência do vírus em matar pessoas negras, mas de que são os negros o setor que sofre o maior impacto da exploração capitalista e utilizam serviços de saúde mais precários ou simplesmente não possuem acesso a nenhum desses serviços. Portanto, a população mais pobre é quem está morrendo na pandemia, os desempregados, os desabrigados, os que não possuem acesso a saúde, os que passam fome.
É importante compreender que essa situação resulta da falta de uma política efetiva de combate à pandemia. Apesar da vacinação cuja aquisição tardou em acontecer resultando na hecatombe social que vivemos, seu avanço não implica nem de longe no fim da pandemia. Nunca houve sequer uma campanha séria para conscientizar e dar as condições adequadas a população estar segura nos locais de trabalho, bairros operários e favelas. Nunca houve distribuição de máscaras e álcool 70%, tampouco testagens massivas nesses ambientes até hoje.
Evidentemente não bastam essas medidas, a superlotação no transporte não foi proibida, os setores não essenciais nunca foram paralisados, o comércio não teve horário ampliado para reduzir aglomerações, as condições de vida dos trabalhadores também não foram garantidas. E, principalmente, a saúde pública, que sempre foi deficitária no Brasil, não recebeu todo investimento necessário para salvar a vida da população.
A variante ômicron, que estudos dizem ser menos letal, por sua alta transmissibilidade, está fazendo o número de mortes, que desde o maior pico, em meados de abril de 2021, superando 4 mil mortes diárias e que vinha se reduzindo com tendência a zero, voltou a crescer e já se aproxima de alarmantes mil mortes por dia.
Não há outra saída para o povo brasileiro que não seja derrotar o golpe de estado no país e assim garantir suas condições de vida. É imprescindível impor uma derrota contra todos os governos genocidas e golpistas nos municípios, estados e governo Federal. Somente o presidente Lula pode impor uma derrota ao Bolsonaro e à terceira via da burguesia. As organizações populares precisam defender um governo dos trabalhadores e independente da burguesia.